O arcebispo primaz do México, cardeal Carlos Aguiar Retes, minimizou a importância dos assuntos que geraram alguma controvérsia durante o Sínodo da Sinodalidade e acha que esta assembleia “não entrará em propostas concretas sobre esses temas”.

Na última semana da primeira sessão do Sínodo da Sinodalidade, o cardeal falou sobre as suas impressões com a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, de Roma, cidade anfitriã deste encontro que começou no dia 4 de outubro sob o título “Por uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão.”

Sobre os temas polêmicos do Sínodo da Sinodalidade

O cardeal Aguiar Retes disse estar “muito satisfeito com a atividade que tivemos nessas três semanas de sínodo”. Durante esse tempo, disse, “compartilhamos as nossas realidades socioculturais e eclesiais, de todos os cantos do mundo nas congregações gerais, e mais intensamente as da América Latina, nos círculos menores”.

Ele disse que os temas polêmicos em torno do Sínodo da Sinodalidade – como a abertura ao diaconato feminino, a ordenação sacerdotal para homens casados ​​ou questões relacionadas com a comunidade LGBT – “não foram um tema central”, mas “apareceram perifericamente, sem consequência alguma”.

Ele disse que, na sua opinião, o sínodo “não entrará em propostas concretas sobre estes temas, mas continuarão sendo estudados com mais profundidade por especialistas em cada assunto”.

Durante a terceira semana do Sínodo da Sinodalidade foram abordados temas como o acompanhamento às pessoas LGBT e o diaconato feminino. Durante as reuniões, discutiram sobre a estrutura da Igreja, com o objetivo de moldar um futuro “mais sinodal”.

O presidente da comissão de informação do sínodo e prefeito do Dicastério para as Comunicações, Paolo Ruffini, tirou a importância do debate sobre a inclusão das questões LGBT, dizendo que “a bênção dos casais homossexuais não é o tema do sínodo”.

Além desses assuntos, o sínodo também abordou debates relacionados com o diaconato feminino e a possibilidade de as mulheres fazerem homilias.

Sobre a discussão no sínodo sobre a “revisão da estrutura da Igreja”, o cardeal Aguiar Retes disse à ACI Prensa que se trata fundamentalmente de “conscientizar sobre a necessidade de formar sacerdotes que assumam a autoridade como um serviço e não como um comando exercido de forma piramidal”.

O cardeal disse que “devemos promover as unidades pastorais: ou seja, a liderança conjunta das paróquias vizinhas, que assumem uma única coordenação pastoral”.

Segundo o cardeal, “sinodalidade significa assumir a corresponsabilidade evangelizadora nas estruturas diocesanas, através de processos que levem à escuta da Palavra de Deus, especialmente dos Evangelhos, para integrar pequenas comunidades dentro da paróquia, e depois colaborar em processos de missão aos mais afastados”.

Desafios da Igreja na América Latina

Para o arcebispo primaz do México, o problema mais urgente que a Igreja na América Latina deve enfrentar é “aproveitar a religiosidade popular cultivada durante séculos e desenvolver múltiplas formas e meios de evangelizar através dessa religiosidade”.

Ele também disse que esta tarefa “deve ser feita nas paróquias, sendo Igreja em saída, ou seja, visitando os ambientes do seu território”.

Por último, disse que durante as reuniões não houve nenhuma menção específica à perseguição sofrida pela Igreja na Nicarágua e que "ocasionalmente" falou-se de "situações de agressão ou perseguição à Igreja, que ocorreram e continuam ocorrendo em alguns países".