O papa Francisco criou esta semana a diocese de Katsina na Nigéria, cujo território até agora pertencia à diocese de Sokoto. Este é um novo território de missão num dos países com maior perseguição religiosa no mundo.

A nova demarcação eclesial será sufragânea à Sé Metropolitana de Kaduna, segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé, e como seu primeiro bispo, foi nomeado o padre Gerald Mamman Musa, professor e diretor do Centro para o Estudo da Cultura e da Comunicação Africana (CESACC) do Instituto Católico da África Ocidental (CIWA).

Nascido em 1971 em Gusau, estado de Zamfara, Nigéria, o bispo eleito foi ordenado sacerdote em 1996. Tem mestrado em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino (Angelicum), bacharelado em Ciências Sociais, com especialização em Comunicação, pela Pontifícia Universidade Gregoriana, e doutorado em Estudos de Comunicação pela Escola de Jornalismo e Comunicação da Universidade de Queensland em Santa Lúcia, Brisbane, Austrália.

Desde 2013 é professor e diretor do Centro de Estudos da Cultura e Comunicação Africana (CESACC) do Instituto Católico da África Ocidental (CIWA).

A catedral da diocese de Katsina será a atual paróquia de são Martinho de Lima.

A Nigéria está dividida em 60 dioceses organizadas em nove províncias eclesiásticas. A nova diocese se estenderá por 29 mil quilômetros quadrados, com quase 10 milhões de habitantes, dos quais quase 20 mil são católicos.

A nova diocese conta com 10 paróquias, 11 sacerdotes diocesanos e um religioso. Há também cinco religiosos e 48 catequistas. Juntos atendem 13 escolas de ensino fundamental, três de ensino médio e um ambulatório.

Nigéria, país com grande perseguição

A Nigéria é um dos países onde a Igreja Católica sofre as perseguições mais sangrentas. Segundo o último Relatório sobre Liberdade Religiosa da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), as principais causas desta situação são o “governo autoritário” e o “extremismo islâmico”.

A ACN diz que a Constituição de 1992 “consagra os princípios da não discriminação por motivos religiosos”, mas que a lei islâmica (sharia) é oficialmente aplicada em 12 dos seus estados.

A diocese de Katsina fica no norte do país, na área onde a perseguição religiosa contra os cristãos é mais dura. Segundo a ACN, “depois de mais de 20 anos de implementação da lei sharia, a situação no norte da Nigéria piorou, à medida que a etnia e a religião se tornaram um meio de fato para obter poder, recursos e privilégios”.

Desde 2012, 39 padres católicos foram mortos e 30 sequestrados; além disso, 17 catequistas foram mortos. Em junho de 2022, ocorreu um dos ataques mais sangrentos, quando vários homens metralharam a igreja de são Francisco no Domingo de Pentecostes, deixando mais de 50 mortos, incluindo mulheres e crianças.

“A liberdade religiosa na Nigéria está seriamente ameaçada, principalmente como resultado de medidas legais que apoiam a discriminação contra os cristãos nos estados do norte, bem como de atrocidades graves e implacáveis ​​cometidas em todo o país”, conclui a ACN.

A nova diocese nigeriana se tornou o território de missão 1.122, como detalhou o diretor das Pontifícias Obras Missionárias na Espanha, padre José María Calderón, durante a apresentação desta semana da Jornada Mundial das Missões (Domund).