O bispo de Maroua-Mokolo, Camarões, dom Bruno Ateba, atribuiu o fenômeno da migração de africanos para outras nações, principalmente para a Europa, à falta de oportunidades de trabalho nos seus respectivos países.

Em um relatório divulgado na quarta-feira (11), após uma entrevista à fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), dom Ateba defendeu a criação de oportunidades de emprego na África para evitar desafios relacionados com a migração ilegal.

“Se as pessoas tivessem acesso a empregos e oportunidades econômicas nos seus países de origem, não sentiriam a urgência de emigrar. Há uma ligação óbvia entre a realidade das pessoas deslocadas, a migração e a falta de um futuro estável”, disse.

Ele também disse que muitos jovens “se sentem obrigados a partir por falta de oportunidades”. “Se quisermos mudar isso, devemos encontrar uma solução sustentável para impedir a saída dos nossos jovens”, acrescentou.

“Não devemos esquecer que a África tem uma população muito jovem. Os jovens representam um enorme potencial para o nosso continente, mas apenas se pudermos fornecer-lhes as ferramentas e oportunidades necessárias para prosperar”, disse dom Bruno Ateba, que é membro da Sociedade do Apostolado Católico.

Para o bispo, “se a Europa cooperasse na criação de empregos nos nossos países, não teríamos o problema que enfrentamos atualmente a nível mundial”. Ele fez um apelo à comunidade internacional para apoiar iniciativas de desenvolvimento na África.

O bispo de 58 anos, que iniciou o seu ministério episcopal em maio de 2014, falou sobre uma iniciativa financiada pela ACN no campo de refugiados de Minawao, que abriga 80 mil refugiados que fugiram da insurgência do Boko Haram na Nigéria. Ele disse que o projeto está ajudando os jovens a ganhar a vida.

Ele contou que, através da iniciativa, os refugiados adquirem competências como consertar sapatos, computadores e/ou costurar, o que lhes permite encontrar trabalho para se sustentar.

“A Igreja e organizações como a ACN continuam desempenhando um papel crucial no apoio e assistência às pessoas diretamente afetadas pela crise de segurança e migração, mas a cooperação dos governos e da comunidade internacional é essencial para enfrentar estes desafios e encontrar soluções a longo prazo” disse dom Ateba.