Na manhã de hoje (13), o relator-geral do sínodo, cardeal Jean-Claude Hollerich, fez uma reflexão introdutória sobre a “corresponsabilidade da missão”. Este é o conteúdo do terceiro módulo, dedicado à seção B2 do Instrumentum Laboris do Sínodo da Sinodalidade, que é abordado a partir de hoje.

Hollerich disse que “neste módulo tocamos em alguns dos pontos-chave do nosso Sínodo”, por isso pediu aos presentes que não dessem “respostas precipitadas que não considerem todos os aspectos destas difíceis questões”.

“Temos teólogos que podemos consultar e temos tempo para rezar e aprofundar as questões que identificamos” para chegar a uma conclusão na segunda sessão, em outubro de 2024, disse.

“Como já aprendemos, cada seção, e portanto, cada módulo, tem um título, acompanhado de uma pergunta, que nos diz onde concentrar a nossa atenção para não nos perdermos”, disse no início do seu discurso. Depois, acrescentou brincando: “Não é bom se perder nas catacumbas e não é bom se perder no sínodo”.

O relator-geral disse também que “a comunhão não se fecha sobre si mesma, mas é impulsionada para a missão; ao mesmo tempo, o objetivo da missão é precisamente ampliar o âmbito da comunhão, permitindo que cada vez mais pessoas encontrem o Senhor”.

Corresponsabilidade na missão

O cardeal Hollerich se referiu à internet como “um território de missão” no qual a Igreja deve ser guiada “por aqueles que habitam o continente digital”, porque, reconheceu, “nós, bispos, pelo menos a maioria de nós, não podemos ser pioneiros nessa missão”, embora “alguns sejam muito bons nisso”.

Ele tomou este exemplo para ilustrar o significado da corresponsabilidade na missão: “todos os batizados são chamados e têm o direito de participar da missão da Igreja, todos têm uma contribuição insubstituível a dar”.

“Neste horizonte, encontram-se as cinco fichas de trabalho da seção B2”, disse. As duas primeiras dizem respeito a como avançar “em direção a uma consciência partilhada do significado e conteúdo da missão” e o que fazer “para que uma Igreja sinodal seja também uma Igreja missionária ‘totalmente ministerial’”.

Sobre a primeira, o cardeal Hollerich disse que “pertencem à missão da Igreja o compromisso com a ecologia integral, a luta pela justiça e pela paz, a opção preferencial pelos pobres e pelas periferias, e a disposição de estar aberto a todos".

Quanto ao segundo tema, só disse que serão ouvidos alguns testemunhos a esse respeito.

 

No entanto, quis aprofundar nas três seguintes, entendendo que “uma assembleia como a nossa deve ter muito cuidado ao lidar com eles”.

Estas questões dizem respeito a como dar “maior reconhecimento e promoção da dignidade batismal das mulheres”, como “o ministério ordenado, em sua relação com os ministérios batismais”, deve ser valorizado, e “como renovar e promover o ministério do bispo numa perspectiva sinodal missionária”.

Para o relator-geral, “todos os temas do Instrumentum Laboris nos preocupam de perto e nos tocam. Mas estes três fazem-no de uma forma particular”, pois “cada um de nós é portador de um ponto de vista que é essencial, mas para lidar com eles de forma eficaz, também somos chamados a estar cientes de nossa parcialidade”.

Quanto à dignidade batismal das mulheres, destacou o fato de que “a maioria de nós somos homens” e acrescentou: “Nunca li em lugar nenhum que o batismo das mulheres seja inferior ao batismo dos homens”.

Sobre a questão do ministério ordenado, disse também que a maioria dos presentes na Sala Paulo VI, “além de serem homens”, são “também ministros ordenados”.

“Qual é a relação entre o ministério ordenado e os outros ministérios batismais? Todos conhecemos a imagem do corpo que são Paulo usa. Estamos dispostos a aceitar que todas as partes do corpo são importantes?”, disse.

Em terceiro lugar, referindo-se à proposta de reflexão sobre o ministério episcopal, o cardeal perguntou como deveria ser “renovado e promovido para que seja exercido de maneira adequada a uma Igreja sinodal”.

A resposta a esta pergunta “terá um impacto direto em nossas vidas concretas, na maneira como administramos nosso tempo, nas prioridades de nossa agenda, nas expectativas do povo de Deus em relação a nós e na maneira como concebemos nossa missão”, disse, referindo-se aos bispos.

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Dificuldades nos círculos menores

Antes de concluir, o cardeal Hollerich disse que os relatores notaram algumas dificuldades que surgiram no desenvolvimento dos círculos menores.

Isto aconteceu durante a sua segunda fase, em que “cada pessoa foi solicitada a deixar de lado seu próprio ponto de vista, seus próprios pensamentos, para prestar atenção às ressonâncias que a escuta do outro desperta dentro de si”.

O cardeal disse que é “uma oportunidade de se abrir para algo novo, que talvez nunca teríamos pensado dessa maneira. Este é o dom que o Espírito reservou para cada um de nós”.

Ele recordou que nas congregações gerais “as intervenções livres devem expressar ressonâncias com as intuições compartilhadas pelos grupos”.

Por isso, pediu que os relatores dos círculos menores “apresentem os pontos de convergência e divergência, mas sobretudo as questões a explorar e as propostas de ações concretas a serem realizadas durante o próximo ano”.