O papa Francisco continuou hoje (11) com o seu ciclo de catequeses sobre evangelização e zelo apostólico. Na Audiência Geral ele propôs como exemplo santa Josefina Bakhita, uma mulher que apesar de ter sido escravizada encontrou a liberdade através do perdão.

Diante dos fiéis que o ouviam na praça de São Pedro, o papa recordou que o exemplo desta santa sudanesa “ultrapassou todas as fronteiras e chegou a todos aqueles a quem é negada a identidade e a dignidade”.

Santa Josefina Bakhita foi sequestrada quando era apenas uma criança e foi submetida, como recordou o papa Francisco, a “sofrimentos físicos e morais que a deixaram sem identidade”.

O papa disse que, apesar da maldade e da violência exercida por seus sequestradores, que a escravizaram e deixaram “mais de 100 feridas em seu corpo”, a santa sentia “uma força misteriosa” que a sustentava.

Para Francisco, o “segredo” de santa Bakhita era precisamente encontrar a liberdade através do perdão, mesmo dos seus opressores, e assim a sua vida se tornou “uma parábola existencial de perdão”.

“Sabemos que muitas vezes a pessoa ferida, por sua vez, fere; o oprimido torna-se facilmente opressor. No entanto, a vocação dos oprimidos é libertar-se a si próprios e aos seus opressores, tornando-se restauradores de humanidade”, disse o papa.

“Com-padecer significa tanto padecer com as vítimas de tanta desumanidade presente no mundo, como também compadecer-se de quem comete erros e injustiças, não justificando, mas humanizando”.

Para o papa Francisco, santa Bakhita soube perdoar depois de receber pela primeira vez “o amor misericordioso de Deus” e isso a transformou “numa mulher livre e alegre, capaz de amar”.

“Bakhita bpôde viver o serviço não como escravatura, mas como expressão do dom livre de si. E isto é muito importante: fez-se voluntariamente serva – foi vendida como escrava – e em seguida escolheu livremente fazer-se serva, carregar sobre os seus ombros os fardos dos outros”, continuou o papa.

Francisco disse que a vida de Bakhita é “um verdadeiro milagre de Deus” e convidou os fiéis a seguirem o seu exemplo para se libertarem finalmente das “escravidões e medos”.

“Ela nos ajuda a desmascarar as nossas hipocrisias e egoísmos, a superar ressentimentos e conflitos”, disse.

Por fim, o papa Francisco disse que “o perdão não te tira nada, mas acrescenta dignidade à pessoa, faz-nos afastar o olhar de nós mesmos e fitar os outros, para os ver frágeis como nós, mas sempre irmãos e irmãs no Senhor”.

“O perdão é a nascente de um zelo que se torna misericórdia e chama a uma santidade humilde e jubilosa, como a de santa Bakhita”, concluiu o papa Francisco.

No final da Audiência Geral, o papa reiterou o seu apelo ao fim da guerra na Terra Santa e na Ucrânia e pediu pelas vítimas do recente terremoto no Afeganistão.