O arcebispo emérito da Filadélfia, Charles Chaput, disse aos participantes do Sínodo da Sinodalidade que ocorre no Vaticano que os problemas mais difíceis para a Igreja hoje não têm a ver com estruturas mas com “o que um ser humano realmente é”.

Em artigo publicado na revista americana First Things na última sexta (6), o arcebispo emérito escreveu o que diria aos delegados do sínodo se estivesse lá.

Chaput disse aos 450 participantes que “os problemas mais difíceis que a Igreja enfrenta hoje não são questões de estrutura e processo eclesial. Eles estão intimamente ligados ao Salmo 8 e à questão de quem e o que realmente é um ser humano.”

“Os humanos têm uma natureza criada? Seriam os nossos corpos apenas instrumentos descartáveis ​​dos nossos apetites e vontades?”

Para Chaput, “uma sinodalidade que ignore estas questões, que possa subordinar a fé cristã a ciências sociais ambíguas e a ‘mudanças de paradigma’ que se desviem da missão redentora e sobrenatural da Igreja, não pode servir às suas necessidades ou a seu Senhor”.

“No mínimo, a sinodalidade nunca deve dividir ainda mais os fiéis num momento de confusão interna e graves pressões externas”, observou Chaput.

Todo o trabalho dos participantes do sínodo deve se centrar na “fidelidade a Jesus Cristo, à Igreja e ao papa – nesta ordem de prioridade”, disse o arcebispo emérito.

“A fidelidade a Jesus Cristo implica obediência ao seu testemunho e à sua Palavra. A fidelidade à Igreja implica um apoio sincero ao seu ensinamento. A fidelidade ao papa implica falar a verdade em amor uns com os outros e com ele (Ef 4,11-16) em todas as suas discussões sinodais”.

“Para o cristão, não pode haver amor genuíno senão fundamentado na verdade da palavra de Deus, conforme registrada no Novo Testamento e preservada pela Igreja ao longo do tempo”, disse.

Chaput, que participou de três sínodos anteriores, escreveu que todo sínodo sofre “pressões internas para fins às vezes inúteis e predeterminados”. Para ele, é tarefa do delegado lembrar que a Igreja pertence a Jesus Cristo; ela é a Igreja d’Ele em primeiro lugar” e que os fiéis são filhos da Igreja, “não os seus arquitetos”.

Sobre o tema do encontro em Roma, “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, o arcebispo emérito escreveu que “comunhão não é opinião partilhada, mas fidelidade partilhada à verdade recebida”.

“ 'Participação' é a tarefa de submeter a nossa própria vontade a essa verdade. E 'missão' é a busca da grande tarefa confiada por nosso Senhor (Mateus 28:16-20): não simplesmente ser fermento no mundo, por mais vital que isso seja, mas fazer discípulos de todas as nações”, escreveu Chaput.

Em sua reflexão, o arcebispo emérito observou que a Igreja chama os fiéis a enraizarem o seu sentido de comunhão no Senhor e a não caírem nos erros do mundo, que excluem Deus de qualquer relação.

“Acomodar a Igreja ao mundo, nunca funcionou para a Igreja. Não funcionou na Europa. Não funciona em meu país. Não funcionará na China. O fim último da Igreja é a conversão”, destacou.

“Jesus foi crucificado precisamente porque não se conformou nem se acomodou, mas antes deu testemunho de seu Pai”, disse Chaput, observando que ao “acompanhar os discípulos no caminho para Emaús, ele os dirigiu às Escrituras e à verdade... e foi só então que o reconheceram.”

“Que Deus lhes dê sabedoria e coragem para servi-Lo fielmente em seu trabalho no sínodo”, concluiu o bispo.

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