Na abertura do Sínodo da Sinodalidade hoje (4), no Vaticano, o papa Francisco disse que “a Igreja parou, como os apóstolos pararam no Sábado Santo”. Para o papa, este Sínodo é “uma pausa de toda a Igreja em escuta”.

Depois de uma missa de abertura celebrada pelo papa Francisco, na qual participaram os novos cardeais, a primeira congregação geral aconteceu na Sala Paulo VI. O papa Francisco esteve presente.

Os 365 membros do Sínodo com direito a voto, incluindo o papa, reuniram-se hoje às 16h (hora de Roma) e foram divididos em diferentes mesas com 12 lugares cada.

No início, o Evangeliário foi levado em procissão no meio da assembleia e foi lido um trecho de são Mateus.

Antes de iniciar os trabalhos, o papa Francisco saudou os presentes e recordou que o conceito de “sinodalidade” se perdeu na Igreja Ocidental.

Ele ressaltou que no passado a “sinodalidade” ainda não estava madura. No entanto, disse que "todos os bispos do mundo pediram isso", pois era, junto com o sacerdócio, uma das principais preocupações da Igreja Universal e que havia a necessidade de refletir sobre isso, pois "o fruto estava maduro" para fazê-lo.

O papa alertou que este Sínodo “não é fácil, mas é belo” e reiterou que não é “um parlamento ou uma reunião de amigos para resolver algumas questões atuais ou dar opiniões”.

“Não esqueçamos, irmãos e irmãs, que o protagonista do Sínodo não somos nós: é o Espírito Santo. Se entre nós houver outras formas de avançar pelos interesses humanos, pessoais, ideológicos, não será um Sínodo, será uma reunião parlamentar”, disse.

“O Sínodo é um caminho que o Espírito Santo faz”, disse Francisco. Depois, fez referência aos textos distribuídos entre os participantes, escritos por são Basílio.

O papa os exortou a ler e refletir sobre estes textos e disse que, “se deixarmos espaço para o Espírito Santo, o Sínodo correrá bem. O Espírito Santo é o protagonista da vida eclesial”, acrescentou.

“Temos que compreender que é Ele quem conduz a Igreja, [com] um dinamismo profundo e variado”. Neste sentido, disse que o Espírito Santo “nos une na harmonia de todas as diferenças. Sem harmonia não há Espírito".

Para Francisco, a Igreja “é composta de uma única harmonia de vozes que são conduzidas pelo Espírito Santo. Cada comunidade tem a sua peculiaridade, inserida na sinfonia da Igreja. Não somos as Nações Unidas nem um parlamento”.

Ele disse que o Espírito “nos conduz pela mão e nos consola. A sua presença é quase materna, como uma mãe nos conduz, nos dá esta consolação”. "Ele guarda a Igreja".

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Francisco falou da importância de “aprender a ouvir e discernir a voz do Espírito” e observou que “as Escrituras e a antiga Tradição nos falam da tristeza do Espírito Santo”: palavras vazias, palavras mundanas e fofoca.

Como já disse em diversas ocasiões, “a doença mais comum da Igreja” é a fofoca. Ele também disse que, “se deixarmos o Espírito nos curar desta doença, o caminho será bom”.

O papa convidou os participantes a “falar na frente” do outro se não concordam com o que se diz na mesa. “Se não concorda, diga na frente, diga a verdade, sem fofocas”.

Segundo o papa, o “Espírito vai além” da mundanidade e é importante discernir qual é a sua voz e quais são as vozes do mundo.

Sua mensagem aos comunicadores

Por fim, o papa Francisco disse que neste Sínodo há “a prioridade da escuta”.

“Devemos dar uma mensagem aos jornalistas, que fazem um trabalho muito bonito e bom”, disse.

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“Temos que dar uma comunicação que seja um reflexo desta vida no Espírito Santo”, disse. Ele também falou da necessidade de haver um “jejum de palavra pública para protegê-lo”.

“Alguns dirão que os bispos têm medo”, disse o papa Francisco a respeito do seu pedido de manter uma certa prudência com o que for refletido durante a assembleia.

“O trabalho dos jornalistas é muito importante, mas temos que ajudá-los a dizer isto: caminhar no Espírito. É mais do que a prioridade de falar. Peço aos jornalistas que façam com que isto seja compreendido, que eles entendam a prioridade da escuta”.

Alertou para as “pressões” da opinião pública com que se iniciaram o Sínodo da Família, com o pedido de acesso à Comunhão para os divorciados em nova união, e o Sínodo da Amazônia, onde a opinião pública “dizia que era para os viri probati [homens de comprovada virtude]”.

O documento final do Sínodo da Amazônia teve aprovação majoritária nos três temas mais polêmicos: a proposta de ordenação de homens casados ​​recebeu 128 votos a favor e 41 contra; a possibilidade de ordenação de diaconisas teve 137 votos a favor e 30 contra; e a criação de um “rito amazônico” teve 140 votos a favor e 29 contra.

“Agora há uma hipótese sobre este Sínodo: o sacerdócio das mulheres. E dizem tantas vezes que os bispos têm medo. Peço a vocês, comunicadores, que façam bem e com justiça o seu trabalho, para que a Igreja e as pessoas de boa vontade entendam que também na Igreja está a prioridade da escuta”, disse o papa Francisco.