Cinco cardeais enviaram uma série de questões ao papa Francisco para expressar suas preocupações antes da abertura do Sínodo da Sinodalidade nesta semana no Vaticano.

Os bispos, que também publicaram uma “Notificação aos Fiéis de Cristo”, vêm de diversas paisagens eclesiásticas na Europa, na Ásia, na África e nas Américas.

Cardeal Walter Brandmüller

O cardeal alemão, de 94 anos de idade, presidente emérito do Pontifício Comitê das Ciências Históricas, se envolveu com o papa Francisco no tópico da doutrina da Igreja no passado; estando entre os quatro cardeais que emitiram uma série de cinco dubia ao papa Francisco sobre a exortação apostólica Amoris Laetitia. As dubia tinham o objetivo de abordar alguns trechos controversos no documento sobre católicos divorciados e recasados, com os bispos argumentando que o documento poderia ser interpretado como “ensinar uma mudança da disciplina da Igreja” em relação ao casamento e aos sacramentos.

Em agosto de 2022, Brandmüller criticou a formação de um consistório extraordinário naquele mês por Francisco, argumentando que o evento foi organizado para prevenir uma discussão total e aberta entre os cardeais participantes.

Cardeal Raymond Burke

Burke, de 75 anos, nasceu no estado americano de Wisconsin. Ffoi bispo de La Crosse entre 1995 e 2004 e de St. Louis de 2004 a 2008. Entre 2008 e 2012, foi prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica. Ele se uniu a Brandmüller ao escrever as dubia de 2016, com os dois cardeais sendo os únicos bispos restantes daquele grupo que ainda estão vivos. Burke foi crítico ao sínodo da Amazônia em 2019, alegando que o documento Instrumentum laboris aparentou “não apenas estar em dissonância a respeito do autêntico ensino na Igreja, mas sendo até mesmo contrário a ele”.

Burke desafiou ainda mais a autoridade de Francisco de eliminar o rito em latim na Igreja Católica. No início deste ano, ele se uniu ao cardeal Gerhard Müller em repreender o caminho sinodal alemão que votou a favor de abençoar uniões do mesmo sexo e de uniões entre católicos divorciados e “recasados”.

Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, SDB

Zen, de 91 anos, que anteriormente serviu como sexto bispo de Hong Kong entre 2002 e 2009, envolveu-se com a Santa Sé ao afirmar que o seu secretário de Estado, o cardeal Pietro Parolin, “manipula o papa” na política da Igreja com a China comunista.

Ele buscou, sem sucesso, encontrar-se com o papa Francisco em Roma no final de 2020, pedindo ao papa que nomeasse um novo bispo para Hong Kong, que estava vacante desde janeiro de 2019. Em maio de 2021, Francisco nomeou o bispo Stephen Chow, elevado a cardeal no último sábado (30), para essa função.

O papa Francisco e Zen finalmente se encontraram em janeiro deste ano, enquanto Zen esteve em Roma para o funeral do papa Bento XVI. "Foi maravilhoso. Ele foi tão caloroso”, disse Zen à revista jesuíta America Magazine na época.

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Cardeal Juan Sandoval Íñiguez

O bispo mexicano de 90 anos serviu como arcebispo de Guadalajara de 1994 a 2011. Ele participou dos conclaves papais que elegeram o papa Bento XVI em 2005 e depois o papa Francisco em 2013. É conhecido por declarações polêmicas sobre a homossexualidade e os protestantes.

Sandoval Íñiguez também estava entre os dois cardeais mexicanos considerados culpados de “proselitismo” por alegadamente encorajarem os católicos a votarem em determinados candidatos, o que é proibido pela lei mexicana.

A Conferência Episcopal Mexicana respondeu que os bispos tinham apenas “feito pronunciamentos pessoais sobre a realidade social do país”, em vez de defender um candidato específico.

Cardeal Robert Sarah

Conhecido no mundo todo por seu mandato de sete anos como prefeito da congregação para o Culto Divino e a disciplina dos Sacramentos, Sarah, de 78 anos, também serviu como arcebispo de Conacri, na Guiné, de 1979 a 2001, foi presidente do pontifício Conselho Cor Unum sob o papa Bento XVI, e secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos sob o papa são João Paulo II.

O cardeal nascido na Guiné destacou a sua fidelidade a Francisco ao aposentar-se do cargo de prefeito em 2021, afirmando que “tentou ser um servo leal, obediente e humilde da verdade do Evangelho” e que “nunca se opôs ao papa".

Em 5 de julho, em uma aparente referência às preocupações sobre o sínodo deste mês e os rumores sobre a ordenação feminina, Sarah falou em uma conferência na Cidade do México .

“Nenhum concílio, nenhum sínodo, nenhuma autoridade eclesiástica tem o poder de inventar um sacerdócio feminino, sem prejudicar gravemente a fisionomia perene do sacerdote, a sua identidade sacramental, dentro da renovada visão eclesiológica da Igreja, mistério, comunhão e missão”, disse Sarah.

O cardeal exortou em junho os católicos a utilizarem as Escrituras, a oração e outros esforços espirituais para servirem como “testemunhas da verdade num mundo em crise”.