O papa Francisco enviou uma carta para a Pastoral da Juventude (PJ), por ocasião dos 50 anos dessa pastoral no Brasil. Ele incentivou os jovens a imitarem o exemplo de são José de Anchieta e a buscarem “sempre o auxílio deste poderoso intercessor”. A carta foi lida durante a romaria da PJ ao santuário nacional de Aparecida (SP), no sábado (9).

“Escrevo-lhes esta mensagem no dia em que celebramos são José de Anchieta, um jesuíta como eu que, quando era jovem como vocês, aos 19 anos, não teve temor algum de partir em missão para uma terra desconhecida, atravessando o oceano, movido por seu zelo apostólico de anunciar Jesus Cristo a todos”, disse o papa.

Francisco disse na carta que “são muitos obstáculos e desafios para poder levar a Boa Nova do Evangelho aos jovens da sociedade hodierna”. Por isso, exortou “a seguirem em frente com a coragem, a ousadia e a criatividade que lhes são características, sem desanimar nem deixar que lhes roubem a esperança”.

“Saibam que estarão sempre amparados pela intercessão do Apóstolo do Brasil e pela proteção maternal da Virgem Santíssima, Mãe de Deus e nossa Mãe”, disse.

Romaria de 50 anos da PJ

A Pastoral da Juventude (PJ) é formada por “jovens das diversas realidades regionais do país, na maioria empobrecida”, diz a página no Facebook da Pastoral da Juventude Nacional. “A exemplo de Jesus Cristo e da Igreja da América Latina, fazemos opção pelos pobres e jovens. Encontramo-nos em grupos para partilhar e celebrar a vida, as lutas, os sofrimentos e cultivar a amizade baseada em uma formação integral e mística próprias”, acrescenta.

A história da PJ “começa pelos anos 70 ou, até, com a Ação Católica Especializada”, nos anos 60, diz o site oficial da PJ, citando a obra ‘Pastoral da Juventude: um jeito de ser e fazer. Orientações para a caminhada: um corpo em construção’, organizada por Lourival Rodrigues da Silva.

“Não podemos negar que aprendemos muito da Ação Católica, da Teologia da Libertação, da Pedagogia do Oprimido. No final da década de 70 e no início dos anos 80 a Igreja vivia um período de grandes expectativas, pois Medellín e Puebla trouxeram novos ares para a ação pastoral com a opção concreta pelos pobres e pelos jovens. Esta opção possibilitou ampliar o trabalho que vinha sendo desenvolvido com a juventude em movimento, para a construção de uma proposta mais orgânica”, continua o texto no site oficial.

A romaria pelos 50 anos da Pastoral da Juventude aconteceu no sábado (9), com o tema “Negra Mariama nos chama à Romaria: 50 anos de profecia e missão construindo a civilização do amor”.

O termo ‘Mariama’ foi usado por dom Helder Câmara para se referir à Virgem Maria, na “Invocação à Mariama” (palavra que vem de Maria que ama) proferida ao final da Missa dos Quilombos, celebrada em 1981, em Recife (PE). A expressão ‘Negra Mariama’, do tema da romaria da PJ, se refere a Nossa Senhora Aparecida.

A romaria da PJ reuniu cerca de 5 mil jovens. Aconteceu no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, do santuário de Aparecida. A programação contou, entre as atividades, com uma recordação da história e atuação da PJ no Brasil. O evento terminou com uma caminhada e a missa, celebrada no altar central do santuário de Aparecida pelo bispo de Imperatriz (MA) e presidente da Comissão Episcopal para a Juventude da CNBB, dom Vilsom Basso.

“Estou emocionado em presidir essa celebração”, disse dom Basso logo no início de sua homilia. Ele declarou que no passado havia milhares de grupos da pastoral da juventude pelo país e fez um desafio aos participantes para criarem novos grupos, ao retornarem de Aparecida para suas casas “reabastecidos e animados pela fé”.

“Hoje somos menos grupos, não é verdade? Mas, queremos fazer a nossa parte. Queremos continuar escrevendo essa história de amor com as juventudes de nosso país”, disse.

“Caro jovens e assessores da Pastoral da Juventude, se vocês quiserem continuar dizendo ‘PJ aqui, PJ lá, PJ em qualquer lugar’, ecoando esse grito, hoje dom Vilsom vos lança esse desafio nos 50 anos, o desafio de verdade se entregar por esta causa, acolher os jovens, abrir espaços, criar grupos”, disse.

A missa foi transmitida pelos meios de comunicação do santuário de Aparecida. Por isso, dom Basso também se dirigiu a quem assistia a celebração e pediu apoio à PJ. “Você que acompanha pelos meios de comunicação, dom Vilson lhe pede, em nome da conferência dos bispos do Brasil, acolha o jovem, abrace os jovens em nossas comunidades, nos ajude a criar grupos e a evangelizar a juventude”.

Ao final da missa, o bispo convidou os ‘pejoteiros’, como são chamados os membros da Pastoral da Juventude a cantar um dos lemas da PJ. “Vamos cantar brevemente, nos abaixando agora, para dizer que a gente está aqui, vamos cantar aquela música que nos identifica”, disse o bispo, seguido pelos presentes que entoaram “Ela vem de dentro, de dentro ela vem, toda a energia que a PJ tem”.