A Conferência Episcopal Suíça revelou no domingo (10) uma investigação em curso ordenada pela Santa Sé sobre o tratamento das acusações de abuso sexual por parte de bispos.

Num comunicado divulgado ontem (11), a Conferência Episcopal disse que em maio de 2023 “foram apresentadas acusações contra vários membros da Conferência Episcopal Suíça”, incluindo bispos eméritos e em exercício, bem como outros clérigos, “sobre o tratamento de casos de abuso sexual".

“Alguns deles são acusados ​​de terem cometido agressões sexuais no passado”, diz o texto.

Essas acusações foram transmitidas pelas autoridades eclesiásticas suíças ao Dicastério para os Bispos. Depois, o dicastério ordenou uma investigação canônica preliminar sobre o assunto, nomeando o bispo de Chur, Suíça, dom Joseph Bonnemain, como responsável.

Dom Bonnemain já liderou processos semelhantes na Suíça durante mais de três décadas. A investigação está em andamento e deverá ser concluída até o final do ano.

O tema principal desta investigação preliminar, segundo o comunicado, são as acusações de encobrimento de casos de abuso, enquanto as denúncias de abuso sexual em si estão sendo tratadas por autoridades civis e foram devidamente informadas.

“As diretrizes da Conferência Episcopal Suíça obrigam os líderes eclesiásticos a denunciar supostos crimes sexuais contra menores ao Ministério Público, após consulta ao interessado. Os casos mencionados na carta foram comunicados aos Ministérios Públicos competentes", diz o comunicado.

Como a investigação está em andamento, a Conferência Episcopal não pode dar mais detalhes sobre o processo.

Segundo a Conferência, esta investigação preliminar visa determinar se existem provas suficientes para iniciar um processo disciplinar criminal ou eclesiástico, e os resultados serão transmitidos ao Dicastério, que tomará as decisões sobre como proceder.

Em 2019, entrou em vigor uma lei eclesiástica sobre crimes sexuais contra menores de 18 anos e pessoas vulneráveis ​​cometidos por clérigos ou religiosos. É, portanto, obrigatório informar imediatamente ao bispo responsável sobre qualquer suspeita de encobrimento. Este, por sua vez, é obrigado a informar imediatamente as autoridades responsáveis ​​da Santa Sé.

Está também consagrado nesta lei que obstruir e influenciar investigações ou processos canônicos ou civis é um crime que deve ser denunciado e que, dependendo do resultado do processo penal canônico, também é punido.

Dom Bonnemain disse que, embora não esteja bem, aceitou a tarefa de liderar a investigação pelo bem das vítimas e da justiça. Mencionou que teria preferido recusar a tarefa de Roma, mas considera ser seu dever verificar as acusações.

A Associated Press entrevistou o padre Nicolas Betticher, padre da paróquia de Bruder Klaus, em Berna, que disse ter escrito a carta que lançou a investigação em maio. Ele disse que a sua motivação veio da insistência do papa Francisco para que o clero denunciasse ativamente as acusações de abuso caso tivessem conhecimento delas.

Ele também criticou as autoridades da Igreja pelos erros cometidos no passado ao lidar com tais acusações.

As autoridades católicas suíças aprovaram um estudo independente sobre os abusos cometidos pelas autoridades da Igreja no país em 2021, que será publicado hoje (12).