O arcebispo emérito de Salvador (BA), cardeal Geraldo Majella Agnelo, deixou em apelo contra o aborto, em defesa da vida e da família tradicional em seu testamento espiritual. O texto foi escrito em 6 de agosto de 2016, festa da Transfiguração do Senhor, e divulgado ontem (28) pelo site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), depois do enterro do bispo.

Dom Geraldo Majella morreu aos 89 anos, no sábado (26), em Londrina (PR), onde morava desde 2014. Ele sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em dezembro do ano passado. Estava em internamento domiciliar e, segundo a arquidiocese de Londrina, teve uma piora nos últimos dias. Foi sepultado ontem na catedral de Londrina, conforme o desejo que tinha manifestado em uma carta registrada em cartório em 2020.

“Uma palavra às famílias, células visas da sociedade. Não se enganem com as novas modalidades familiares. As leis não se sobrepõem à legalidade. Nem toda lei é legal e moral”, disse dom Majella em seu testamento espiritual.

O arcebispo emérito afirmou que “leis de aborto, sejam por que motivo forem, não são legais”. “A vida é dom precioso do criador, só Ele tem a última palavra. A vida é dom precioso do criador, só Ele tem a última palavra. Não esqueçamos que o feto sacrificado é um assassinato terrível, ele não responde pela leviandade e desumanidade dos que o praticam”.

O cardeal pediu a Deus “que os governantes sejam iluminados, que exerçam uma política voltada para o bem do povo brasileiro. Sem corrupção e sem Injustiça social”. “Suplico respeito à vida, tanto dos nascituros quanto dos idosos”, destacou.

Deixou também uma mensagem aos jovens, aos quais exortou a “não perderem seus ideais de vida” e a não sucumbir “diante do desanimo, decepções e derrotas”. Pediu que “lutem pela paz e por um mundo renovado na confiança e na esperança”. Também os incentivou a se questionar: “Deus está me chamando para uma vocação específica?”. O cardeal incentivou os jovens a não terem medo “de dar seu SIM”.

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“Deus ama aqueles que dão com alegria, seja no serviço, seja na generosidade em se compadecer dos mais pobres e desprovidos dos bens materiais e espirituais. Não desperdicem suas vidas, dom de Deus com coisas passageiras, elas são como palhas que o vento leva e acaba no fogo”, disse.

Alertou também que “o consumismo é a grande tentação do mundo moderno, a insatisfação e a ganância são uma doença que seduz as pessoas”.

Dom Geraldo Majella desejou “a todas as pessoas de boa vontade que procurem fazer sempre o bem sem olhar a quem. Sejam pessoas do bem, semeadoras da paz, da bondade e do amor. Só assim poderemos ter um mundo mais humano e justo. Sejamos sempre um bom samaritano que se compadece do irmão que sofre no desconforto de qualquer dor e do esquecimento da sociedade desumanizada”.

No testamento espiritual, o cardeal Geraldo Majella Agnelo também fez memória de te sua vida e vocação, seus ministérios sacerdotal e episcopal. Recordou seu serviço na diocese de Toledo (PR), nas arquidioceses de Londrina (PR) e Salvador (BA), bem como a atuação na Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos da Santa Sé.

“Dou graças a Deus por tantos momentos bonitos e enriquecedores com que Ele me presenteou”, disse.

“Peço perdão aos que ofendi. Nunca guardei rancor de ninguém. Peço a benção e a proteção da Mãe Aparecida, a quem amei e reverenciei em toda a minha vida”, concluiu o cardeal, ao dar “a todos” sua “última bênção”.