O arcebispo emérito de Salvador (BA), cardeal Geraldo Majella Agnelo, morreu ontem (26), aos 89 anos, em Londrina (PR), onde morava desde 2014. Seu velório começou hoje (27) e o sepultamento será amanhã (28), na cripta da catedral de Londrina. Em nota de pesar, o papa Francisco disse ter recebido com profunda dor a notícia da morte de dom Majella Agnelo.

O cardeal Geraldo Majella Agnelo sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em dezembro do ano passado, quando sua saúde se agravou. Ele estava em internamento domiciliar e, segundo a arquidiocese de Londrina, teve uma piora nos últimos dias.

O papa Francisco enviou uma nota de pesar ao arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, cardeal Sérgio da Rocha e assegurou sufrágios elevados a Deus “pelo eterno repouso do venerável prelado”.

“Minhas orações também de gratidão a Deus pelos longos anos de seu serviço dedicado à santa mãe Igreja, sempre guiado pelo zelo apostólico, nas várias missões que lhe foram confiadas como bispo de Toledo, arcebispo de Londrina, secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos e, por fim, arcebispo primaz do Brasil e presidente da Conferência episcopal”, disse Francisco.

Dom Geraldo Majella havia manifestado por meio de uma carta registrada em cartório em 2020 o desejo de ser sepultado em Londrina. “Sempre foi minha intenção ser sepultado no lugar onde tivesse residência, quando Deus me chamasse a si. Assim, expresso mais uma vez o meu desejo de ser sepultado em Londrina, com a anuência do Arcebispo desta Sede Metropolitana, quando chegar a minha hora de partir deste mundo”, diz a carta publicada ontem pela arquidiocese paranaense.

O velório de dom Geraldo Majella começou hoje às 8h com cortejo saindo da Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina em direção à catedral de Londrina. Às 10h, o arcebispo de Londrina, dom Geremias Steinmetz celebrou a primeira missa. A cada duas horas são celebradas missas até às 10h de amanhã, quando será celebrada a última celebração eucarística, seguida do sepultamento na cripta da catedral.

Condolências

A notícia da morte de dom Geraldo Majella Agnelo foi seguida por diversas manifestações de condolências.  “Deus o acolha em suas moradas eternas e faça brilhar para ele a luz eterna”, pediu em nota a arquidiocese de Londrina, ao comunicar a morte do cardeal.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) disse em nota assinada por sua presidência que o cardeal Geraldo Majella “foi destacado, nos lugares onde serviu como padre e bispo, por sua afabilidade e pela virtude de criar laços de amizade e comunhão entre as pessoas”.

“Sua vida foi marcada por um grande amor à Igreja e uma contínua dedicação às coisas da Igreja, a serviço da fé e ao testemunho da vida cristã. Dom Geraldo mostrou sempre grande zelo pela Liturgia, pela boa formação dos sacerdotes e do povo católico e pela irrestrita fidelidade ao Papa e à Igreja. Foi um intérprete da reta reforma litúrgica, desejada pelo Concílio Vaticano II”, disse.

O arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, cardeal Sérgio da Rocha, convidou todos a “permanecerem em oração, louvando a Deus pela longa vida e o fecundo ministério episcopal de Dom Geraldo”. “Fiel ao seu lema episcopal “Caritas cum Fide” (Caridade com Fé), ele marcou a história da Arquidiocese primacial do Brasil, bem como dos outros lugares onde viveu e serviu, com o seu testemunho de fé e de caridade, com sabedoria e amor à Igreja, promovendo a unidade, o diálogo, a fraternidade e a paz, sempre muito fraterno e respeitoso para com todos”, disse.

Na catedral e nas paróquias da arquidiocese de Salvador, “serão celebradas as missas, neste domingo, por dom Geraldo”. Também haverá uma missa de sétimo dia na sexta-feira, 1º de setembro, às 16h, na catedral basílica do Santíssimo Salvador.

Breve biografia

O cardeal Geraldo Majella Agnelo nasceu em 19 de outubro de 1933. Foi ordenado sacerdote em 29 de junho de 1957. Tinha apenas 23 anos.

Em 5 de maio de 1978, foi nomeado bispo de Toledo (PR) e recebeu a consagração episcopal em 6 de agosto do mesmo ano.

Em 4 de outubro de 1982, foi nomeado arcebispo de Londrina. Serviu na liturgia no Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), organismo do qual foi vice-presidente entre 1999 e 2003.

Em 1983, iniciou o Pastoral da Criança em Florestópolis (PR), que mais tarde se espalhou por todo o Brasil e outros países da América Latina. Presidiu a Comissão Episcopal para a Liturgia no Brasil entre 1983 e 1987

Em 16 de setembro de 1991, foi eleito secretário da Congregação – hoje Dicastério – para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos da Santa Sé.

Em 1995, João Paulo II também o nomeou membro do Comité Central para o Jubileu do Ano 2000.

Em 13 de janeiro de 1999, foi nomeado arcebispo de São Salvador da Bahia. Foi criado cardeal por João Paulo II no consistório de 21 de fevereiro de 2001, mesmo em que o agora papa Francisco foi criado cardeal.

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Entre 2003 e 2007 foi presidente da CNBB e, em 2007, também presidiu a V Conferência Geral dos Bispos Latino-Americanos e do Caribe, que aconteceu em Aparecida (SP).

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