O Departamento de Estado dos EUA revogou os vistos de 100 funcionários do governo na Nicarágua e pediu a libertação "imediata" de dom Rolando Álvarez, preso desde fevereiro deste ano.

Pela rede social X, o secretário de Estado Anthony Blinken disse no sábado (19) que o governo “tomou medidas para impor restrições de visto a 100 funcionários nicaraguenses que restringem os direitos humanos dos nicaraguenses e prejudicam a democracia”.

“Pedimos ao regime que liberte incondicional e imediatamente dom Álvarez e todos os detidos injustamente”, continua.

O presidente da Nicarágua é Daniel Ortega, ex-líder guerrilheiro de esquerda, que soma 30 anos no poder na Nicarágua.

 

Num comunicado divulgado horas depois, o Departamento de Estado diz que essas medidas foram tomadas como "responsabilização pelos incessantes ataques do regime Ortega-Murillo às liberdades civis". Murillo é Rosario Murillo, mulher de Ortega e vice-presidente do país.

O comunicado também diz que os 100 funcionários com vistos cassados ​​trabalham nos municípios do país centro-americano e participaram da repressão "às organizações da sociedade civil" e do fechamento de espaços cívicos como a Universidade Centro-Americana.

Eles são culpados por serem cúmplices na “injusta detenção de pessoas corajosas que apoiam uma sociedade civil livre, incluindo o bispo Rolando Álvarez”.

“Continuaremos trabalhando com a comunidade internacional para promover a responsabilização daqueles que ameaçam a democracia na Nicarágua e continuamos comprometidos em promover as liberdades fundamentais do povo nicaraguense e o respeito por seus direitos humanos”, acrescenta o Departamento de Estado.

No início de agosto de 2022, a perseguição do governo a dom Álvarez, crítico das violações de direitos humanos na Nicarágua, piorou. Como resultado, o líder religioso ficou preso em sua casa episcopal por 14 dias.

Em 19 de agosto do mesmo ano, policiais cercaram a casa episcopal e o transferiram para Manágua. Lá, ele ficou em prisão domiciliar até 10 de fevereiro, quando foi condenado a 26 anos de prisão por "traição à pátria" e seus direitos de cidadania foram anulados permanentemente.

No início de julho, soube-se que as negociações entre a Igreja e o governo para libertar e deportar dom Álvarez haviam fracassado.

O congressista republicano dos EUA, Chris Smith, pediu que o presidente nicaraguense Daniel Ortega presente "provas" à comunidade internacional de que dom Rolando Álvarez está vivo e que permita que a Cruz Vermelha examine o seu estado de saúde.

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