A Jornada Mundial da Juventude em Lisboa (Portugal) iniciou no sábado (5) a vigília com o papa. Em seu discurso, Francisco disse aos 1,5 milhões de peregrinos, segundo cálculos dos organizadores, que na vida só o amor de Jesus é gratuito, e que os jovens têm a missão de levar a alegria de Cristo aos outros, ajudando quem cai a se levantar.

A vigília começou por volta das 20h20 (16h20 em Brasília), quando o papa Francisco chegou ao parque Tejo de papamóvel, acompanhado por cerca de seis viaturas de segurança.

 

Depois de alguns minutos percorrendo o local repleto de bandeiras de vários países, o papa foi, em cadeira de rodas, ao palco principal, no centro do qual estava uma cruz branca. Ali recebeu saudações de vários peregrinos.

Um padre português e uma moçambicana, cuja aldeia foi várias vezes atacada por terroristas islâmicos, deram os seus testemunhos.

O padre Antônio Ribeiro de Matos, 33 anos, contou que “a pessoa de Jesus sempre esteve presente ao longo da minha vida, a começar pelos ensinamentos e testemunhos de fé que recebi da minha avó”.

Embora o Senhor fosse parte da sua vida, não era necessariamente Ele quem a dirigia ou a quem era confiada; algo que mudou de repente, numa tarde de agosto de 2011, quando sofreu um grave acidente de trânsito.

 

O que aconteceu o fez perceber que poderia ter morrido e que talvez sua vida "não teria valido a pena". Esse sentimento o questionou muito e o aproximou de Deus, o que o levou a entrar no seminário em 2012.

No entanto, ele deixou o seminário em 2017, mas continuou ligado à Igreja, por isso viajou para a JMJ Panamá em 2019, onde decidiu retornar ao seminário para ser ordenado em 2021 e "tentar levar aos outros a alegria de encontrar Cristo, de ser encontrado por Ele. Uma alegria que não é passageira, uma alegria que me é oferecida do céu”.

“Em nenhum momento perdemos a fé”

Marta Luis, moçambicana de 18 anos, disse que vivia no distrito de Muidumbe, na região do Planalto do Povo Maconde, onde perdeu o pai quando tinha apenas 7 anos.

 

Ela, sua mãe e suas irmãs seguiram em frente, mas não sabiam que tudo mudaria no dia 7 de abril de 2021, quando sua cidade foi atacada por terroristas muçulmanos que já haviam atacado alguns lugares próximos, fazendo com que fugissem para as montanhas.

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“Oramos muito pedindo a Deus que nos livre de todo mal, e que o Senhor nos dê forças para superar aquele momento de dificuldade. Não dormimos a noite toda, não paramos de rezar ave-marias e pais-nossos, pedindo ao Senhor que o pior não acontecesse na casa das pessoas”, disse ela.

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Em 31 de outubro do mesmo ano, na véspera da Solenidade de Todos os Santos, a cidade foi novamente atacada, mas desta vez os terroristas os seguiram enquanto fugiam para as montanhas, atirando contra eles, mas felizmente não foram atingidos.

Conseguiram chegar à província de Nampula, onde foram acolhidos. Apesar de tudo, disse a Marta Luis, “em nenhum momento perdemos a fé”.

A alegria é missionária

Em seu discurso aos jovens, quase totalmente improvisado, o papa Francisco citou a passagem da visita de Maria à sua prima Isabel, quando ela foi depressa para vê-la.

“Por que Maria se levanta e vai depressa para ver a sua prima? Claro, ela acabou de descobrir que a prima está grávida, mas ela também está. Por que, então, ela vai se ninguém lhe pediu? Maria faz um gesto não solicitado, não obrigatório. Maria vai porque ama, e "quem ama voa, corre e se alegra"”, disse o papa.

“A alegria é missionária, a alegria não é para si, é para levar alguma coisa”, disse Francisco. Ele exortou os peregrinos a compartilhar a alegria que estão vivendo na JMJ.

Francisco encorajou-os também a recordar todas as pessoas, como os pais, os avós e os catequistas, que foram "raízes de alegria", para que todos os jovens presentes sejam também "raízes de alegria" para os outros.

Ele pediu para crescer na alegria e caminhar apesar do cansaço; especialmente para se levantar-se quando caem, para que possam ajudar os outros a fazerem o mesmo.

“Nada na vida é de graça, tudo se paga. Só há uma coisa grátis: o amor de Jesus. Então, com esta gratuidade que temos, o amor de Jesus, e com vontade de caminhar, caminhemos na esperança, olhemos para as nossas raízes e sigamos adiante”, concluiu.

Adoração eucarística

Um dos momentos mais solenes da vigília foi a adoração eucarística, na qual os peregrinos rezaram com o papa Francisco, todos unidos diante de Jesus presente na hóstia consagrada.

 

Provavelmente um dos momentos mais marcantes da vigília foi o completo silêncio em que o milhão e meio de peregrinos permaneceram diante do Santíssimo Sacramento.

Ao final da adoração, foi rezada a seguinte oração:

Deus eterno e onipotente, que nos dais a graça de crer e proclamar que Jesus Cristo, nascido da Virgem Maria e morto na cruz por nós, está presente no Santíssimo Sacramento, fazei que encontremos nesta fonte divina o fruto da salvação eterna. Por Cristo nosso Senhor. Amém.

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