“Saibamos desligar o celular e viver presencialmente o que é estar perto de Jesus, porque Jesus é sempre presencial’, disse Guilherme Cadoiss. “Se nos esquecemos disso, perdemos o sentido da nossa missão”.

Cadoiss sabe do que está falando. Aos 32 anos, o criador do Santa Carona, canal católico no Youtube, se prepara para participar do primeiro festival de influencers católicos, que acontecerá no dia 4 de agosto dentro da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023.

O Santa Carona é, hoje, “uma escola de catequese” on-line, que “ensina doutrina católica básica para adultos”, diz Cardoiss. Tudo começou há cerca de dez anos, na JMJ Rio 2013. “Na época, o tema foi ‘Ide e evangelizai todas as nações’, e eu levei muito a sério isso”, diz o influenciador. “Fiquei com isso na cabeça: como eu, Guilherme, poderia evangelizar todas as nações? Jovem, pensamento literal”, disse Guilherme, que mora em Anápolis (GO).

Ele disse à ACI Digital que, naquela época, o Youtube estava em alta, “era a época dos youtubers”. Então, pensou em fazer algo nessa plataforma. “Mas, demorei muito para começar, uns seis meses, fui só planejando. Até que um dia, fui dar carona para um amigo meu, fomos conversando e ele resolveu gravar. Eu assisti a gravação e achei interessante. Começamos um programa no dia 27 de março de 2014, o Santa Carona, que era um programa de entrevistas dentro do carro”, recordou.

“Com o tempo, ficou difícil manter a gasolina, porque as entrevistas demoravam muito”, conta Cadoiss. “Então, decidimos fazer outro programa sem ser no carro”.

Embora o nome tenha ficado, atualmente, o Santa Carona se apresenta como uma escola de catequese on-line para adultos. “Nosso objetivo é ensinar aquilo que todo católico deveria saber para viver bem a sua fé”, destacou.

Guilherme Cadoiss disse que sempre foi catequista em sua paróquia e, por isso, tem o hábito de estudar frequentemente, embora não tenha formação em Teologia. Mas, o Santa Carona sempre contou “com o acompanhamento de um diretor espiritual” e é “bem rígido com o catecismo”.

Atualmente, segundo ele, o Santa Carona conta com cerca de 165 mil seguidores no Youtube, 86 mil no Instagram e alcança aproximadamente 800 mil pessoas por mês “nas duas redes juntas”. Os “caroneiros”, como é chamado o público do Santa Carona, estão espalhados por “mais de 15 países”.

Cadoiss é um dos brasileiros que estará no dia 4 de agosto no festival de influencers católicos, o Primeiro Encontro Mundial de Evangelizadores e Missionários Digitais. O evento acontecerá no espaço Cristonauta, “um espaço da jornada focado na evangelização digital, o que é um marco histórico, porque é a primeira vez que a jornada vai ter um espaço específico para isso”, disse.

O criador do Santa Carona ressaltou que, no Brasil, o termo influencer geralmente “não é muito bem visto”, por isso, costumam dizer “missionários digitais”. “Todo missionário é, de certa forma, um influenciador. A diferença é que, na realidade brasileira, nós vemos muito o influenciador como alguém que engana, alguém que tenta levar a hábitos de consumo irracionais. E, no nosso caso, não enxergamos assim. Não queremos enganar, muito pelo contrário, queremos esclarecer. Então, estamos aqui justamente para que as pessoas não sejam enganadas”, disse.

“O nosso objetivo é esclarecer a vida daquela pessoa. Então, não é bem a figura do influenciador, é mais um esclarecedor, para trazer a pessoa para aquilo que a Igreja realmente ensina”, disse e acrescentou: “Embora estejamos formando uma opinião, queremos de fato esclarecer para que a pessoa tenha uma opinião formada na Verdade. Essa é nossa maior preocupação”.

Para Cadoiss, nesse ambiente é importante o testemunho. “No nosso caso, o testemunho está sendo colocado a prova 24 horas por dia”, disse. “O influenciador vai aparecer todos os dias na sua timeline, todos os dias ele vai te ensinar uma coisa nova. Então, o testemunho fica mais latente, porque todos os dias, se a pessoa não vive aquilo direito, em um momento ou outro ela não vai conseguir sustentar aquilo”, afirmou.

Levar para o presencial o que já acontece no virtual

O Primeiro Encontro Mundial de Evangelizadores e Missionários Digitais é organizado pela Comissão Organizadora oficial com a colaboração do dicastério para a Comunicação da Santa Sé, do programa "Cristonautas", da Associação Católica de Propagandistas (ACDP) e do programa "A Igreja te escuta".

Para Guilherme Cadoiss, o festival de influencers católicos será uma oportunidade de levar para o presencial o que já vem acontecendo no virtual. Segundo ele, quando surgiu a ideia do festival mundial, o dicastério para as Comunicações da Santa Sé começou a fazer encontros on-line. “Já fizemos uns três ou quatro encontros on-line”, disse.

Cadoiss lembrou que, como a JMJ Lisboa 2023 “manifestou o desejo de trabalhar com os influenciadores digitais, o dicastério para as Comunicações da Santa Sé, na pessoa do monsenhor Lucio [Adrián Ruiz, secretário do dicastério], desejou criar um encontro mundial. Já existem encontros nacionais em alguns países. A ideia do monsenhor Lúcio era fazer o que já acontece nos países, mas para todos”.

“O objetivo é a troca de experiências entre os influenciadores, podermos ver presencialmente aquilo que já acontece on-line, fazer esse network entre influenciadores. Mas, o primeiro de tudo é trazer para o presencial aquela experiência de Jesus que temos na internet”, disse, ressaltando que é grande “a curiosidade” e “expectativa” em relação a este evento.

A programação contará com falas de alguns influencers e apresentações musicais intercaladas. O evento é aberto a todos. Mas, solicitam a inscrição para influencers, “porque eles vão ter um espaço reservado, vão receber um kit”.

Além disso, Cadoiss contou que neste festival, “todos os influenciadores também vão estar realizando no mesmo horário e mesmo local um encontro de seus seguidores. O Santa Carona vai realizar lá também o primeiro encontro mundial de caroneiros. Então, embora, sejam esperados uns 200, 300 influencers, esperamos na casa de 2 mil pessoas no total”, disse.

“A internet é um lugar onde evangelizamos”, disse Cadoiss, não apenas um meio de comunicação. Apesar disso, “viver Cristo é sempre presencial, Jesus é sempre presencial. Então, se nos esquecemos dessa presença real de Jesus Cristo, se levamos nossa fé para o mundo virtual para que ela fique somente virtual, ela perde o sentido. Eu vivi uma jornada sem internet e eu queria muito que a internet não estragasse a experiência de jornada dos jovens”.

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