Cerca de 10 mil brasileiros vão para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023. “Nós tivemos mais de 16 mil inscritos no total, mas que confirmaram a inscrição mediante pagamento são mais ou menos 8,5 mil”, disse à ACI Digital a responsável pela jornada no Brasil, irmã Valéria Andrade Leal, da congregação das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus. Segundo ela, também irão para Portugal “30 bispos e quase mil padres”.

Para a irmã Valéria, como esta será “uma jornada de língua portuguesa, com certeza, é um fator a mais para motivar os jovens a participar”. Antes de Lisboa, a outra JMJ de língua portuguesa foi a do Rio de Janeiro, em 2013.

“Como a jornada do Rio aconteceu há dez anos, muitos dos que são jovens agora, que estão entrando na juventude não tiveram a oportunidade de participar daquela vez. E a jornada do Rio despertou muito o interesse por esse evento, que ainda não era tão popular para os jovens brasileiros até meados de 2010”, disse a religiosa à ACI Digital.

Este é o caso de Paulo Augusto Carvalho Cruz, de 22 anos, vocacionado da Comunidade Shalom em Brasília (DF). Ele participará pela primeira vez da JMJ. “Eu sempre tive vontade de ir à jornada desde que aconteceu aqui no Brasil, mas eu era muito novo. Passou 2016, 2019 e, quando terminou a jornada no Panamá e saiu que a próxima seria em Portugal, eu logo disse: ‘nessa eu vou’”, contou.

Paulo Augusto Carvalho Cruz / Arquivo pessoal

Para conseguir bancar os custos da viagem, Paulo disse que se mobilizou bastante. “Eu fiz rifa. Na época da preparação, eu estava na faculdade, então vendi rifas da faculdade, no trabalho, na comunidade. Nós nos movimentamos de várias formas para conseguir o dinheiro”.

Segundo a irmã Valéria esse “grande empenho” dos jovens pôde ser observado em vários grupos. “Percebemos muita gente participando de grupos de jovens e se mobilizando em um movimento muito interessante e educativo também, porque é um movimento que gera comunidade, convivência. No final das contas, com o objetivo de angariar fundos juntos, eles estavam fazendo coisas juntos, estavam mais presentes na comunidade, estavam mais presentes nos momentos em que a comunidade se reunia para celebrar, para festejar, para rezar”, disse.

Para a religiosa, “em geral, a maioria dos jovens brasileiros que vai para a jornada está buscando algo a mais para suas vidas, um sentido a mais para suas vidas, um aprofundamento de sua espiritualidade, uma experiência de fé mais profunda e também esse sentimento de unidade, porque, afinal, participar de uma Jornada Mundial da Juventude, é tocar um pouquinho com as mãos essa universalidade da nossa Igreja”.

Cecília de Aguiar Benvinda, 21 anos, participou da JMJ Panamá 2019, onde teve “uma experiência muito real” dessa universalidade da Igreja. “E essa experiência de ser Igreja com os jovens foi o que me motivou a querer ir para Portugal. Por causa dessa experiência e de poder falar: ‘tem um local para o jovem na Igreja e tem um local onde todos, todo o mundo se encontra’”, disse a jovem que está no discipulado da Comunidade Shalom em Brasília (DF).

Cecília de Aguiar Benvinda na JMJ Panamá 2019 / Arquivo pessoal

Paulo Augusto está ansioso para viver tudo isso. “Eu acredito que será um divisor de águas, uma experiência marcante na minha vida, porque vou viver a universalidade da nossa fé, ter contato com jovens de outras culturas, outros países e tocar nesta realidade de Cristo que toca a vida de todo mundo, um Cristo que fala aos corações, independente do país, do idioma”.

Participante do Movimento de Vida Cristã (MVC) em São Paulo (SP), Marina Paiva Castilho, de 29 anos, também espera “ter um contato cada vez mais profundo, íntimo com Deus e Nossa Senhora” nesta que será sua primeira JMJ. “Minha expectativa é conhecer pessoas que falam a mesma língua que eu, e não estou falando de idioma, mas a língua católica, da fé. Para mim, isso é fantástico, porque vou ver jovens como eu vivenciando as mesmas coisas e vivendo o mesmo propósito”, disse.

Participação brasileira nas catequeses

A irmã Valéria Andrade contou à ACI Digital que os jovens brasileiros também terão uma participação especial nas catequeses da JMJ Lisboa 2023, que desta vez se chamam encontros Rise up. “Dez grupos de jovens brasileiros estarão conduzindo o momento das catequeses”, disse.

Segundo o site da JMJ Lisboa 2023, “Rise Up é o novo modelo de catequeses da Jornada Mundial da Juventude que desafia os jovens a refletir sobre temas lançados no pontificado do papa Francisco: ecologia integral, amizade social e misericórdia”. Acontecerão nas manhãs dos dias 2, 3 e 4 de agosto, em diferentes locais de Lisboa, separados por idioma.

“Tradicionalmente, nas outras jornadas, as catequeses eram dadas pelos bispos, que palestravam aos jovens. Com a reflexão do sínodo da juventude, essa reflexão de maior protagonismo da juventude, acontece que agora a proposta é que os jovens estejam mais atuantes neste momento. Então, os bispos terão falas reduzidas e haverá momentos de partilha da Palavra, de oração entre os jovens que estarão participando”, disse a irmã Valéria.

Segundo ela, os bispos farão “uma abertura e um fechamento, os jovens farão as partilhas de vida e da Palavra, em um estilo de lectio divina, a leitura orante da Palavra”. Cada manhã de catequese “será encerrada com a santa missa”.

Entre os dez grupos brasileiros que irão conduzir as catequeses, irmã Valéria contou que há “grupos de novas comunidades, de congregações, de setores diocesanos de juventude, de movimentos, de diferentes partes do país”. “Tentamos ver grupos que tivessem uma grande quantidade de jovens e que se dispusessem também a participar desta forma”, disse.

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Os jovens brasileiros também vão participar de um “momento da pastoral juvenil latino-americana “. Será no dia 2 de agosto, às 19h, no Parque Urbano da Quinta Granja. “Será uma missa em que todos os jovens da América Latina vão participar, depois vai ter um pequeno show, um momento para confraternização entre os jovens latino-americanos”, disse a irmã Valéria.

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