“Os participantes da JMJ podem visitar lugares de culto como a mesquita, sinagoga, centro ismaili, o templo hindu e também algumas igrejas ligadas às questões inter-religiosas”, disse o diretor do departamento para relações ecumênicas e o diálogo inter-religioso do patriarcado de Lisboa, padre Peter Stiwell, ao programa Ecclesia, emitido pela TV RTP2. Segundo ele, esta iniciativa promove o diálogo entre crentes.

O padre Stiwell contou ainda que a Universidade de Lisboa vai plantar “seis árvores no Jardim Botânico Tropical, para recordar as seis grandes famílias religiosas, o taoísmo, o hinduísmo, o budismo, o judaísmo, o cristianismo e o islã”.

No “campo da unidade dos cristãos”, o padre Stiwell disse que o programa “é mais variado”. “Temos duas grandes comunidades que trabalham nesta área, Taizé e Chemin Neuf (Caminho Novo), ambas vindas da França. Uma de base protestante, mas que acolhe nos seus membros católicos, que é o caso de Taizé. Outra de base católica, mas que acolhe nos seus membros ortodoxos e protestantes, que é Chemin Neuf”.

A Comunidade Taizé é uma comunidade monástica cristã ecumênica com sede na cidade francesa de Taizé. Foi fundada em 1940 pelo teólogo suíço Roger Schutz, conhecido como irmão Roger, que foi seu prior até sua morte em 16 de agosto de 2005.

A Comunidade Chemin Neuf é uma fundação católica francesa de vocação ecumênica, iniciada em 1973 pelo sacerdote jesuíta Laurent Fabre. Sua espiritualidade se define como uma “interseção entre a vida da renovação carismática e o legado de Santo Inácio”.

Segundo o padre Stiwell, comunidade de Taizé vai “gerir todas as horas do dia, na Igreja de São Domingos” e a comunidade ‘Chemin Neuf’ vai estar “na Basílica da Estrela”.

A JMJ também contará com a participação da Igreja Lusitana, uma diocese extra-provincial da Comunhão Anglicana em Portugal. “Desde cedo ficou claro para nós que queríamos nos envolver, participar da Jornada, queríamos que nossos jovens tivessem essa oportunidade”, disse ao programa Ecclesia a coordenadora do Secretariado Juvenil da Igreja Lusitana, Mariana Sá Couto.

Segundo ela, o objetivo dos jovens da Igreja Lusitana é participar “dos eventos ecumênicos que vão acontecer, para também incentivarmos o movimento ecumênico dentro da Jornada”.

“Que possa haver uma Jornada Mundial da Juventude ecumênica entre todos é um sinal que queremos passar com a nossa participação”, disse.

Ela contou que a catedral de São Paulo, da Igreja Lusitana, vai acolher um grupo de jovens da própria igreja, “um grupo de jovens que vem da Igreja Anglicana da Espanha, com jovens também da Igreja Católica que vão se juntar a nós para passarmos a semana juntos”.

Disse também que querem que a catedral lusitana seja “local de acolhimento” e que fique aberta para ser visitada.

Ecologia e Bíblia

Também no contexto da JMJ Lisboa 2023, a Sociedade Bíblica Portuguesa (SBP) vai promover a exposição ‘Ekologia’, de 1º a 6 de agosto, no Cinema São Jorge, em Lisboa.

“Entendo a Bíblia, Palavra de Deus, como este patrimônio comum que nos une a todos”, disse Simão Fonseca, do setor de animação e cultura da SBP. Segundo ele, “procurando também dar-se a conhecer aquilo que tem sido uma das várias preocupações do papa Francisco com a questão de uma consciência ecológica e uma consciência bíblica também”, a SBP pensou em trabalhar a questão da ecologia, visto que “as alterações climáticas estão na ordem do dia”.

Segundo Fonseca, “também a Bíblia, enquanto textos milenares, já fala sobre esse assunto, põe questões, traz soluções também”.

“Nós, como Sociedade Bíblica, queríamos trazer também todos os peregrinos, os visitantes a refletirem sobre essas questões a partir da Sagrada Escritura”, afirmou.

Simão Fonseca disse que o título da exposição ‘Ekologia’ buscou “fazer a fusão de três conceitos: a questão da ecologia, enquanto Deus criou todas as coisas, toda esta Casa Comum, também o conceito eclesia, enquanto consciência coletiva, enquanto consciência cristã baseada nesta ideia ‘Deus criou’, e depois, naturalmente, fundar nossa consciência ética, baseada na Palavra de Deus, na Sagrada Escritura. Então, entendemos que Ekologia é o logos, a eclesia e a ecologia numa fusão de uma só mensagem”.

A questão ecológica tem sido uma das preocupações da JMJ Lisboa 2023. A Organização do evento lançou inclusive uma carta compromisso intitulada “Juntos por uma Jornada Mundial da Juventude mais sustentável”.

“Esta jornada assentará nos pilares das encíclicas do papa Francisco Laudato Si’ e Fratelli Tutti, e da exortação apostólica Christus Vivit, que nos convocam para o cuidado com a nossa Casa Comum”, diz o texto.

Além disso, assume como missão construir a jornada “tendo presentes os objetivos de sustentabilidade abraçados mundialmente, os Laudato Si’ Goals apresentados pelo Vaticano e a Agenda 2030 das Nações Unidas (ODS), seguindo as orientações da Santa Sé”.

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“Inspirados por estes valores, e considerando a interpelação do Santo Padre a que vivamos segundo os valores da fraternidade universal e do cuidado com a Casa Comum, comprometemo-nos, juntos, a: Fazer da sustentabilidade um objetivo central da concretização da JMJ Lisboa 2023”, diz a carta compromisso.

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