A advogada e pesquisadora Martha Patricia Molina denunciou ontem (8) que o governo nicaraguense está intimidando professores de escolas paroquiais, numa nova tentativa de pressionar a Igreja Católica no país.

Martha Molina é autora do relatório "Nicarágua, uma Igreja perseguida?", no qual compila os ataques que o regime de Daniel Ortega fez contra bispos, padres, religiosos e fiéis desde 2018.

 

Através de sua conta no Twitter, a advogada advertiu que "o sandinista Sergio Mercado", delegado departamental do Ministério da Educação, "reuniu professores de escolas paroquiais e os agrupou por distrito". O encontro com o distrito III aconteceu no Instituto Miguel de Cervantes

Segundo Molina, "o delegado apareceu com uma mala cheia de dinheiro e com a folha de pagamento em mãos".

"Ele pediu a todos os professores que mostrassem suas carteiras de identidade e lhes disse que a partir de agora eles iriam pagar diretamente, porque os padres estavam roubando o dinheiro dos salários. Também disse que estão lucrando com as transferências e não lhes entregavam o salário integral", escreveu ela.

A pesquisadora nicaraguense disse que os professores "não foram pagos com cheques, como de costume". Sergio Mercado lembrou a eles "que esse pagamento era graças ao bom governo e que lhes havia sido prometido um aumento salarial".

"Os professores dizem que receberam o mesmo salário, portanto não podem explicar qual foi o roubo dos padres. A reunião foi intimidadora e deu para sentir um ambiente instigando o confronto dos professores com os religiosos”, disse Martha Molina.

Essa denúncia ocorre quase duas semanas depois que o regime de Ortega acusou a igreja de lavagem de dinheiro e de esconder "centenas de milhares de dólares" em suas instalações. A imprensa local informou que o governo também ordenou congelar as contas das dioceses e paróquias.

Em entrevista à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em 29 de maio, Martha Molina disse que essas medidas confirmam a "guerra" que o governo declarou "contra toda a Igreja nicaraguense, e ainda mais com a opção de congelar as contas bancárias das diferentes dioceses do país, de paróquias e também de colégios paroquiais”.

"A ditadura faz uso do poder judiciário, do sistema de justiça nicaraguense, que não adere à Constituição ou às leis do país, mas só segue as ordens do casal presidencial nicaraguense", disse.

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