O papa francisco recebe amanhã (4) 40 reitores de universidades católicas em audiência privada por ocasião dos 70 anos da Organização das Universidades Católicas da América Latina e do Caribe, ODUCAL.

“O objetivo deste encontro é aprofundar o desenvolvimento da educação superior católica nas diferentes regiões da América Latina, promovendo propostas educativas que unam qualidade e equidade e promovam o bem comum”, disse o presidente da ODUCAL, Rodolfo Gallo Cornejo, reitor da Universidade Católica de Salta, Argentina.

“A Universidade Católica tem a obrigação de ser essa ponte entre a ciência e a religião, entre a fé e a razão”, disse. Portanto, “o uso correto da técnica como no tema do respeito à dignidade da vida, faz parte das posturas que assumimos” e na sua aplicação “das verdades do Evangelho à vida de hoje”.

A Universidade Católica e a verdadeira liberdade

No domingo (30), o papa Francisco disse durante um encontro com universitários em Budapeste que existe uma falsa ideia de liberdade tanto no comunismo, em que haveria uma  “liberdade freada”, quanto no consumismo, em que reinaria a “liberdade desenfreada”.

O documento Ex Corde Ecclesiae de são João Paulo II indica o caminho a seguir: “A nossa época tem necessidade urgente desta forma de serviço abnegado que é proclamar o sentido da verdade”, disse o presidente da ODUCAL. “Em outras palavras, a Universidade Católica é a ‘usina’ que gera o pensamento em torno da ideia do Humanismo Cristão, cujo conceito de liberdade, a verdadeira liberdade, está longe desses postulados ideologizados de liberdade”.

Inteligência Artificial e tecnologia como uma 'nova religião'

O papa Francisco considera que o teólogo Romano Guardini (1885-1968) tinha “uma grande intuição cultural” sobre o conhecimento. Francisco diz que Guardini “não demoniza a tecnologia, a qual permite viver melhor, comunicar e ter muitas vantagens, mas alerta para o risco de ela se tornar reguladora, se não dominadora, da vida”.

Para Gallo Cornejo “a influência (atual e futura) da Inteligência Artificial em nossas vidas, a intuição de Guardini tem uma relevância inquestionável”.

"A este respeito, a Universidade Católica, seguindo o que a Igreja diz a este respeito, tem uma posição clara sobre o uso correto (isto é, ético) de qualquer técnica que ajude o Homem a viver melhor", disse. “As posições que 'condenam' o uso das técnicas ou, no outro extremo, que as 'exaltam' como uma 'nova religião' carecem fundamentalmente de realismo e rigor científico, razão pela qual nos situamos numa corrente que proclama que é possível uma civilização humana e solidária atualmente”.

A técnica e a dignidade

O objetivo das universidades católicas é trabalhar para um equilíbrio saudável entre a técnica e o respeito pela dignidade da vida humana.

“A melhor contribuição que as universidades católicas podem dar nestes temas é a de ser 'laboratórios' em escala que demonstrem, na prática, que os postulados em que se baseia o nosso pensamento não são 'utopias inatingíveis', mas, pelo contrário, são propostas realistas que devolvem ao homem toda a sua dignidade”, concluiu.

O programa em Roma

Além da audiência privada com o papa Francisco, os reitores têm um encontro na Universidade LUMSA, no qual analisarão a situação das universidades católicas da região.

Eles participarão das conferências do cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério da Cultura e Educação, e do monsenhor Guy-Réal Thivierge, secretário-geral da Fundação Gravissimum Eduactionis.

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