Na manhã de hoje (29), segundo dia da viagem apostólica em Budapeste, Hungria, o papa Francisco teve um encontro com pobres e refugiados na igreja de Santa Isabel da Hungria. Francisco exortou os fiéis a falar a “linguagem da caridade”.

Cerca de 1.600 pessoas, muitos voluntários e refugiados da Ucrânia, esperavam o papa desde o início da manhã nos arredores e dentro da igreja, que foi reconstruída após os graves danos sofridos durante a Segunda Guerra Mundial.

A maioria dos bancos dentro do templo foi ocupada por refugiados da Ucrânia. Alguns também eram provenientes da Venezuela e do Paquistão, que transmitiram à ACI Prensa a importância da visita do papa Francisco.

Pouco depois das 10h (horário local), o papa Francisco chegou de carro vindo do instituto católico dedicado ao Beato László Batthyány-Strattmann, onde teve um encontro privado com crianças cegas e deficientes.

O papa entrou na igreja em cadeira de rodas após ser recebido pelo presidente da Caritas Hungria, dom Antal Spányi.

Em seguida, ele ouviu os testemunhos de uma família greco-católica, uma família refugiada e um diácono e sua esposa.

"A verdadeira fé é aquela que te desinquieta"

No terceiro discurso da viagem apostólica, o papa Francisco afirmou que “a verdadeira fé” é “aquela que desinquieta, que arrisca, que faz sair ao encontro dos pobres e nos torna capazes de falar, com a vida, a linguagem da caridade”.

Francisco destacou que a “linguagem da caridade” é aquela falada por santa Isabel, "por quem este povo tem grande devoção e estima".

Ao recordar o sofrimento dos refugiados que contaram seu testemunho, o papa assegurou que o Senhor “quase nunca resolve os nossos problemas lá do alto, mas aproxima-Se com o abraço da sua ternura inspirando a compaixão de irmãos e irmãs que se apercebem e não ficam indiferentes”.

Mais tarde, exortou a viver “a compaixão para com todos, especialmente por quantos estão marcados pela pobreza, a doença e o sofrimento”.

“Precisamos de uma Igreja que fale fluentemente a linguagem da caridade, idioma universal que todos escutam e compreendem, mesmo os mais afastados, mesmo aqueles que não acreditam”.

O papa Francisco também agradeceu o trabalho da Igreja húngara e seu “empenho posto na caridade, um empenho capilar”.

"E obrigado pela forma como acolhestes – não só com generosidade, mas até com entusiasmo – tantos refugiados da Ucrânia", disse.

O papa Francisco disse que “na tribulação e no sofrimento, encontra-se coragem para continuar quando se recebeu o bálsamo do amor: é a força que ajuda a acreditar que nem tudo está perdido e que é possível um futuro diferente”.

“O amor que Jesus nos dá e nos manda viver ajuda assim a erradicar, da sociedade, das cidades e lugares onde vivemos, os males da indiferença e do egoísmo, e reacende a esperança duma humanidade nova, mais justa e fraterna, onde todos possam sentir-se em casa”, disse.

Lamentou ainda que “também aqui muitas pessoas estão literalmente privadas dum teto: muitas irmãs e irmãos marcados pela fragilidade – sozinhos, com várias limitações físicas e mentais, destruídos pelo veneno das drogas, saídos da prisão ou abandonados porque idosos – são afetados por formas graves de pobreza material, cultural e espiritual, e não têm um teto e uma casa para morar”.

Para o papa Francisco, também é importante prestar atenção à “dignidade ferida das pessoas”, não apenas às necessidades materiais.

“Isto vale para toda a Igreja: não basta dar o pão que alimenta o estômago, é preciso nutrir o coração das pessoas! A caridade não é mera assistência material e social, mas preocupa-se com a pessoa inteira e deseja reerguê-la com o amor de Jesus: um amor que ajuda a readquirir beleza e dignidade”, disse o papa.

Além disso, destacou que, para exercer a caridade, é preciso “ter a coragem de olhar nos olhos: assim se inicia um caminho com o necessitado que o fará compreender o quanto você precisa do olhar e da mão do Senhor”.

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O papa Francisco encorajou os presentes a “falar sempre a linguagem da caridade” e afirmou que “o Senhor faz florescer a alegria e perfuma a vossa existência com o amor que dais”.

Ao final do encontro, papa se dirigiu à igreja greco-católica "Proteção da Mãe de Deus", localizada a poucos metros da igreja de Santa Isabel da Hungria.

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