O tempo do Advento “é um tempo para mudar nossas perspectivas… para nos deixar surpreender pela grandeza da misericórdia de Deus”, disse o Papa Francisco hoje, domingo Gaudete, o terceiro domingo do Advento.

É “um tempo em que, preparando o presépio do Menino Jesus, aprendemos de novo quem é o nosso Senhor, quem Ele é, um tempo para deixar para trás certas mentalidades e preconceitos sobre Deus e nossos irmãos e irmãs, um tempo em que, em vez de pensar em dons para nós mesmos, possamos dar palavras e gestos de consolação aos feridos, como Jesus fez com os cegos, surdos e coxos”.

O papa Francisco falou de uma janela com vista para a Praça de São Pedro, no Vaticano.

O terceiro domingo do Advento, quando o Natal já está mais perto do que o começo do Advento, então metade da espera já foi cumprida é chamado de Gaudete por causa do texto do introito da missa, tirado da epístola de são Paulo aos Filipenses (4,6): "Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!"

 Gaudete significa “’alegrai-vos” em latim.

Depois de sua reflexão e de rezar o Ângelus, o papa Francisco abençoou as estatuetas do Menino Jesus que as pessoas trouxeram ao Vaticano para pôr depois em seus presépios em casa.

O papa abençoa os “bambinelli”, como são chamados em italiano, todos os anos no Domingo Gaudete.

“E agora abençoo os ‘bambinelli’, isto é, as estatuetas do Menino Jesus que vocês, queridas crianças e jovens, trouxeram aqui e depois levarão para casa e colocarão no presépio”, disse Francisco.

«Convido-vos», prosseguiu, «a rezar diante do presépio para que o nascimento de Jesus traga um raio de paz às crianças do mundo inteiro, especialmente às que são obrigadas a viver os dias terríveis e sombrios da guerra, esta guerra na Ucrânia que destrói muitas vidas, muitas vidas de muitas crianças”.

Em sua mensagem, o papa Francisco refletiu sobre o Evangelho do terceiro domingo do Advento, que recorda quando João Batista estava na prisão e ouviu falar das boas obras que Jesus Cristo estava realizando.

São João Batista “imaginou um Messias severo que viria e faria justiça com poder castigando os pecadores”, explicou o papa. “Agora, ao contrário, Jesus tem palavras e gestos de compaixão para com todos”.

Tomado pela dúvida, João enviou seus seguidores para perguntar a Jesus se ele realmente era o Messias, ou se era apenas mais um profeta.

Pode nos surpreender saber que o homem que batizou Jesus e o chamou de Cordeiro de Deus experimentou essa incerteza, disse Francisco, observando que “até o maior crente passa pelo túnel da dúvida”.

“E isso não é uma coisa ruim. Pelo contrário, às vezes é essencial para o crescimento espiritual: ajuda- nos a entender que Deus é sempre maior do que imaginamos”, disse ele.

As “obras de Jesus são surpreendentes em comparação com nossos cálculos, suas ações são sempre diferentes, superam nossas necessidades e expectativas, e, portanto, nunca devemos parar de procurá-lo e nos converter à sua verdadeira face”.

O papa fez uma citação do teólogo jesuíta francês Henri de Lubac, que disse que Deus “precisa ser redescoberto em etapas... às vezes acreditando que o estamos perdendo”.

Assim fez João Batista, disse o papa: “Na dúvida, ele ainda o procura, questiona, ‘discute’ com ele e finalmente o reencontra”.

“Às vezes também nós nos encontramos na sua situação, numa prisão interior, incapazes de reconhecer a novidade do Senhor, que talvez mantenhamos cativo na presunção de que já sabemos tudo sobre Ele”, disse o papa. “Irmãos e irmãs, nunca sabemos tudo sobre Ele.”

“Que Nossa Senhora nos pegue pela mão, como mamãe, nestes dias de preparação para o Natal, e nos ajude a reconhecer na pequenez da criança a grandeza de Deus que vem”.

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