“Os santos são os verdadeiros revolucionários”, disse o papa Francisco durante a oração do Ângelus hoje (1º), solenidade de Todos os Santos, da janela do Palácio Apostólico do Vaticano. No Brasil, a solenidade será celebrada no próximo domingo, 6 de novembro.

“O Evangelho de hoje desmente a versão estereotipada dos santos”, disse o papa. “As bem-aventuranças de Jesus, que são a carteira de identidade dos santos, mostram totalmente o contrário: falam de uma vida contracorrente, de uma vida revolucionária”.

Ao falar da bem-aventurança lida no Evangelho, o papa Francisco disse que isso não significa “estar em paz”, mas que Jesus se refere àqueles que “trabalham para construir a paz”.

“A paz tem que ser construída e, como qualquer construção, ela requer compromisso, colaboração, paciência”, disse o papa.

Francisco disse que “a Bíblia fala de “’semente da paz’, porque ela germina do solo da vida, da semente do nosso coração; cresce em silêncio, dia após dia, através de obras de justiça e obras de misericórdia, como nos mostram as testemunhas luminosas que hoje festejamos”.

“Somos levados a acreditar que a paz vem com a força e o poder: para Jesus é o oposto. Sua vida e a dos santos nos dizem que a semente da paz, para crescer e dar frutos, deve primeiro morrer. A paz não é alcançada conquistando ou derrotando alguém, nunca é violenta, nunca está armada”, disse o papa Francisco.

Desarmar o coração

Segundo o papa, para trabalhar pela paz é preciso, antes de tudo, “desarmar o coração”.

“Porque todos nós estamos equipados com pensamentos agressivos, um contra o outro, palavras afiadas, e pensamos em nos defender com os arames farpados da lamentação e com os muros de concreto da indiferença”, disse o papa.

“A semente da paz pede para desmilitarizar o campo do coração. Como? Abrindo-nos a Jesus, que é ‘a nossa paz’; permanecendo diante de sua cruz, que é a cátedra da paz; recebendo d’Ele, na confissão, o perdão e a paz. É aqui que começamos, porque ser agentes de paz, ser santos, não é capacidade nossa, são dons, é graça”.

O papa convidou os fiéis a se perguntarem: “Somos construtores de paz? Ali onde vivemos, estudamos e trabalhamos, levamos tensão, palavras que ferem, conversas que envenenam, polêmicas que dividem? Ou abrimos o caminho para a paz: perdoamos aqueles que nos ofenderam, cuidamos daqueles que estão à margem, curamos alguma injustiça ajudando aqueles que têm menos? Isso se chama construir a paz”.

Francisco concluiu dizendo que no mundo estas pessoas parecem “estar fora de lugar, porque não cedem à lógica do poder e do prevalecer”, mas “no céu serão os mais próximos de Deus, os mais semelhantes a Ele

Evangelho comentado pelo papa Francisco:

Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus (5,1-12):

Naquele tempo, vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los:

“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.

Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.

Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

Mais em

Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.

Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.

Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!

Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”.

Confira também: