LONDRES, 1 de jun de 2021 às 15:19
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, casou-se no sábado, 29 de maio, com Carrie Symonds, com quem tem um filho de 1 ano de idade chamado Wilfred na catedral católica de Westminster, embora seja divorciado duas vezes. As autoridades eclesiásticas afirmaram que “todas as medidas necessárias foram tomadas, tanto de direito eclesiástico como civil” para a realização da pequena cerimônia. Nem o primeiro casamento de Johnson, com Allegra Mostyn-Owen, nem o segundo, com Marina Wheeler, foram na Igreja Católica.
Um porta-voz da catedral de Westminster disse ao The Sunday Times que “os noivos são paroquianos da paróquia da catedral de Westminster e católicos batizados”. “Todas as medidas necessárias foram tomadas, tanto de direito eclesiástico como civil, e todas as formalidades foram cumpridas antes do casamento. Desejamos felicidades a todos”, acrescentou.
Congratulations Boris and Carrie!? pic.twitter.com/OI7961rX3T
— Liz Truss (@trussliz) May 30, 2021
A notícia da cerimônia gerou um debate entre os católicos sobre se o primeiro-ministro teria o direito de se casar na igreja-mãe dos católicos na Inglaterra e no País de Gales.
O padre Mark Drew, da arquidiocese de Liverpool, levantou a questão sobre a forma como os católicos que buscam um segundo casamento na Igreja perceberiam o casamento do primeiro-ministro. Através da sua conta no Twitter, ele disse: “Alguém pode me explicar como 'Boris' Johnson, que deixou a Igreja Católica enquanto estava em Eton e se divorciou duas vezes, pode se casar na catedral de Westminster, enquanto eu tenho que dizer aos católicos praticantes de boa-fé, que querem um segundo casamento na Igreja, que isso não é possível?".
Em declarações à CNA, a agência de língua inglesa do Grupo ACI, o padre Drew disse aceitar que o casamento de Johnson não é contrário à lei canônica. “Mas, em decisões desse tipo, a necessidade de evitar escândalos é fundamental na tradição católica. Em tais casos de destaque, em vez de ser mais complacente, a Igreja deveria definir ser mais exigente”, disse ele.
O sacerdote expressou a sua preocupação pelo tipo de imagem que a Igreja Católica está projetando. “Vejo tantos comentários de católicos sinceros que se sentem traídos. E também de outras pessoas, hostis à Igreja, que estão aproveitando alegremente mais essa oportunidade para criticá-la, com ou sem razão, considerando que há uma preferência pelo poder e pela riqueza”.
Johnson exerce o cargo de primeiro-ministro desde julho de 2019. Foi batizado como católico por ordem de sua mãe, Charlotte Johnson Wahl, mas confirmado pela Igreja da Inglaterra, a igreja-mãe da Comunhão Anglicana, enquanto estudava no prestigioso internato do Eton College.
O padre Gary Dench, sacerdote da catedral de Brentwood, em Essex, disse nas redes sociais que Johnson, apesar de sua confirmação anglicana, permaneceu católico.
Considerando que Symonds nunca havia se casado antes, o padre Dench disse: “Como tal, ela tem o direito geral de se casar e o direito de receber os sacramentos. Se o seu cônjuge (o primeiro-ministro) também não está proibido pela lei, apesar de ter tido relacionamentos prévios, então não é possível tentar arbitrariamente evitar isso”.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Ele acrescentou que as regras se aplicam “igualmente para todos os católicos, independentemente da riqueza ou da posição social”.
Os laços do casal com a catedral de Westminster, que fica perto da residência do primeiro-ministro, foram divulgados pela primeira vez no ano passado.
O filho do casal, Wilfred Johnson, foi batizado na catedral em 12 de setembro de 2020, em uma cerimônia privada.
Wilfred Lawrie Nicholas Johnson nasceu em 29 de abril de 2020. Ao anunciar o nascimento de seu filho no Instagram, Symonds disse que seu nome era Wilfred, honrando a memória do avô de Johnson, Lawrie por causa do seu próprio avô, e Nicholas em honra a Nick Price e Nick Hart, os médicos que salvaram a vida do primeiro-ministro depois que ele foi hospitalizado por coronavírus, no início daquele mês.
Johnson, de 56 anos, é o primeiro católico batizado a se tornar primeiro-ministro na Inglaterra. Tony Blair participou regularmente da missa na catedral de Westminster enquanto servia como primeiro-ministro, entre os anos de 1997 e 2007, mas só foi recebido na Igreja Católica depois que deixou o cargo.
Depois de séculos de perseguição, a Lei de Ajuda Católica Romana de 1829 permitiu que os católicos tivessem representação no parlamento britânico e pudessem ocupar cargos governamentais. Mas a lei dizia que nenhum católico poderia aconselhar a coroa sobre a nomeação de bispos da Igreja da Inglaterra. Como esta é uma das funções dos primeiros-ministros, a interpretação mais comum da lei era que um católico estava impedido de assumir o cargo. Os comentaristas dizem que, se o primeiro-ministro fosse um católico praticante, seria estabelecida uma forma alternativa de nomeações para a igreja.
Johnson disse que sua fé vai e vem, como o sinal da estação de rádio Magic FM em Chilterns, uma área rural a noroeste de Londres. Ele disse ao jornal Daily Telegraph, em 2015, que embora pensasse muito sobre religião, ele não frequentava a igreja regularmente. E acrescentou que seria “pretensioso” descrevê-lo como um “cristão sério e praticante”.
Confira também:
Ex-capelão anglicano da rainha da Inglaterra se tornará católico neste domingo https://t.co/mhIoZIDYDn
— ACI Digital (@acidigital) December 18, 2019


