Quatro padres católicos respondem a uma pergunta simples, mas importante para a vida de fé dos fiéis: Por que ir a um retiro espiritual?

Antonio Domenech Guillén, padre da diocese de Cuenca, Espanha, diz que “um retiro é sempre aconselhável, especialmente na Quaresma e na Páscoa, tempos fortes que nos ajudam a aproximar o coração do Senhor”.

“Precisamos sempre. Jesus diz no Evangelho que ‘os sãos não precisam de médico, mas os enfermos’ e se reconhecemos que estamos doentes, o Senhor nos cura todos os dias, e um bom caminho é retirarmo-nos para sermos curados, como aquele que vai ao hospital, ao médico”, disse o padre à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

“Se você dá o seu tempo a Deus, Ele o multiplica como todos os bens espirituais. Os bens materiais se dividem, se repartem. Se você divide a lenha com o vizinho, fica com a metade da lenha; se você divide a herança com os irmãos, tem menos herança”.

Segundo o padre, “tudo o que é espiritual: fé, esperança, amor, quanto mais você dá, mais você tem. E se dermos tempo ao Senhor, Ele o fará frutificar”.

Para o padre Guillermo Serra LC, palestrante e autor de livros espirituais, “um retiro é um momento de encontro pessoal prolongado, sem distrações, com Deus, e em Deus, consigo mesmo”.

“Vivemos uma vida muito rápida e às vezes superficial. São muitas as exigências e demandas externas que nos impedem de ouvir a voz de Deus e a nossa própria voz interior”, diz.

“Dedicar um tempo de retiro nos permite ouvir a voz de Deus e ver com mais clareza como Deus quer ser conhecido, amado e possuído”, diz o padre.

O silêncio e o "deserto"

O padre Serra também fala da importância do silêncio num retiro espiritual: “O silêncio é fundamental como condição de possibilidade deste encontro com o amor de nossa vida, o nosso Criador e Redentor”.

O retiro “nos enche de vida e nos devolve ao nosso mundo com paz e com um sentido de transcendência e uma abertura mais generosa aos outros”, acrescenta.

Para o padre Francisco Javier "Patxi" Bronchalo, da diocese de Getafe, Espanha, e autor de livros religiosos, a experiência do "deserto" é importante.

“Ir a um retiro é entrar naquele deserto com Deus e consigo mesmo, ver como é a vida à luz da Palavra de Deus. Quando vemos como a nossa vida está com os nossos olhos ou os dos demais, muitas vezes nos prejudicamos”, diz.

Em um retiro, por outro lado, “colocamos Deus em nossas vidas e assim amadurecemos na fé, aprofundando-a e vendo o que o Senhor nos diz nos acontecimentos concretos que vivemos”, conclui.

O padre Juan Solana LC, fundador e diretor do Centro Magdala, que costuma oferecer retiros virtuais na Terra Santa, comenta que “retirar-se significa afastar-se e não se afastar para evadir do mundo, escapar do mundo, ao contrário, o conceito de um retiro na vida cristã é se afastar do barulho do cotidiano, da rotina, para se dedicar com mais intensidade à oração e ao encontro com Deus”.

"É como quando você sobe uma montanha e vê todo o panorama completo, você vê de cima, vê com clareza, e quando você está descendo o vale, perde muitas coisas em perspectiva", disse o padre à ACI Prensa.

Além do encontro com Deus, diz, no retiro “também nos encontramos a nós mesmos, porque muitas vezes caminhamos conosco, sem nós”.

“Se você tiver a oportunidade, não duvide, vá a um retiro. É o momento, é o hoje de Jesus”, conclui o padre Domenech.