O bispo auxiliar de Manágua, Nicarágua, dom Silvio Báez, respondeu aos mais recentes insultos e ataques do presidente nicaraguense Daniel Ortega e o chamou de "corrupto e criminoso".

“Quanta ignorância, quanta mentira e quanto cinismo! Um ditador dando aulas de democracia”, lamentou por meio de sua conta no Twitter o bispo que está exilado nos EUA.

Dom Báez disse que Ortega “exerce o poder de forma ilegítima, criticando a autoridade que Jesus concedeu à sua Igreja; um ateu, corrupto e criminoso, confessando-se inspirado por Cristo”.

Em ato celebrado na terça-feira (21) por ocasião dos 89 anos da morte do general Augusto C. Sandino, Ortega atacou a Igreja Católica.

Ortega disse que foi criado no catolicismo e que Cristo “vive nas cidades cristãs, não pelo exemplo que possam dar os padres, bispos, cardeais e papas, que são uma máfia”.

Depois de acusar a Igreja e a Santa Sé de “crimes”, Ortega questionou: “Que respeito posso ter pelos bispos que conheci aqui na Nicarágua, se eram somocistas? Eu era uma criança quando aconteceu o enterro de Somoza, onde iam os senhores bispos, enterrando Somoza como um príncipe, como um cardeal da Igreja, simplesmente porque Somoza era um capanga, que deu à Igreja todas as facilidades”.

“Ele era um servidor, um agente do imperialismo ianque, e assim o tratavam”, acrescentou o presidente da Nicarágua que está há 16 anos no poder, desde 10 de janeiro de 2007.

Anastasio Somoza foi presidente da Nicarágua de 1974 a 1979, ano em que foi deposto pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), grupo guerrilheiro de esquerda e hoje partido político ao qual Ortega pertence.

“Eu não acredito nos papas nem nos reis. Quem elege o papa? Quantos votos o papa consegue?”, continuou Daniel Ortega em seu discurso.

“Se vamos falar de democracia, o povo deveria eleger, antes de tudo, os padres do povo. O povo que decida se esse padre ou outro lhes parece bom. O povo deveria eleger os bispos. Quem conseguir mais apoio da população, bem, esse será o bispo”, continuou.

“O povo deve eleger os cardeais e deve haver uma votação entre o povo católico, em todos os lugares, para que o papa também seja eleito. Que decida o povo e não a máfia organizada lá no Vaticano”, disse Ortega.

A perseguição contra a Igreja na Nicarágua

Um dos últimos marcos na perseguição do governo de Daniel Ortega e sua esposa, Rosario Murillo, vice-presidente da Nicarágua, foi a recente condenação a 26 anos e 4 meses de prisão contra o bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez.

Álvarez se recusou a ser deportado junto com outros 222 presos políticos, que chegaram a Washington D.C. em 9 de fevereiro. O bispo teria sido preso em uma cela de segurança máxima na prisão nicaraguense conhecida como "Modelo".

Entre os deportados estavam alguns padres e seminaristas condenados a 10 anos de prisão.

Ortega também expulsou do país o núncio apostólico, representante diplomático do papa, dom Waldemar Stanisław Sommertag, e algumas congregações religiosas como as Missionárias da Caridade, fundadas pela santa Teresa de Calcutá.

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