Apesar das medidas cautelares impostas pela Companhia de Jesus ao padre Marko Rupnik, acusado de ter abusado de ao menos nove religiosas e ter sido excomungado por confessar uma cúmplice, ele continua participando de atos públicos.

O Pontifício Ateneu Regina Apostolorum publicou ontem (14) em sua página oficial do Facebook (excluída hoje, 15 de dezembro), uma mensagem informando que o padre Rupnik foi moderador da apresentação de uma tese na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, confiada aos jesuítas.

O comunicado oficial da Companhia de Jesus publicado em 2 de dezembro estabelece que o padre Rupnik está proibido de “exercer atividades públicas sem a permissão de seu superior local”.

O padre jesuíta Johan Verschueren disse hoje (15) à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que as medidas impostas ao padre “são literalmente aquelas que foram comunicadas no comunicado de 2 de dezembro”.

“O ponto fraco delas é a interpretação do superior local. Por isso as últimas aparições públicas do padre Rupnik foram de acordo com as medidas. O superior Local as permitiu”, disse Verschueren, conselheiro geral e delegado para as Casas e Obras Interinspetoriais da Companhia de Jesus em Roma. “Estamos conscientes desse problema e estamos sinceramente incomodados com isso”.

“É óbvio que temos que ajustar o ponto fraco das medidas tal e como foram colocadas no decreto anterior, estamos trabalhando nisso”, disse.

O provincial dos jesuítas na Eslovênia é o padre Miran Žvanut, que em declaração de 6 de dezembro disse que as informações publicadas sobre o caso Rupnik são falsas.

Ele também disse que, como o padre Marko Ivan Rupnik vive fora da Eslovênia há mais de 20 anos, como provincial ele não está “diretamente envolvido nessa investigação”.

Até o momento, a Companhia de Jesus não confirmou à ACI Prensa se o padre Rupnik depende do padre Miran Žvanut ou se, pelo contrário, está sob a supervisão de outra autoridade em Roma.

Desde que o Dicastério para a Doutrina da Fé encarregou a Companhia de Jesus de uma investigação preliminar sobre as acusações contra o padre Rupnik, os jesuítas teriam tomado medidas cautelares contra o padre e artista.

Essas restrições incluíam a "proibição do exercício do sacramento da confissão, da direção espiritual e do acompanhamento dos Exercícios Espirituais", assim como a proibição de participar de atividades públicas.

Além do evento publicado pelo Pontifício Ateneo Regina Apostolorum, o Santuário da Santa Casa de Loreto, Itália, programou que o padre Marko Rupnik pregue Exercícios Espirituais de 13 a 17 de fevereiro de 2023. Este programa ainda não foi alterado.

Rupnik continuou publicando mensagens através do canal de seu Centro Alleti no YouTube. A mais recente delas é de 8 de dezembro.