A Companhia de Jesus aplicou medidas cautelares ao padre jesuíta esloveno Marko Ivan Rupnik, de 68 anos, acusado de abuso sexual a mulheres. Rupnil é famoso por suas obras de arte espalhadas pelo mundo, que incluem os mosaicos das fachadas da basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), cuja primeira parte foi inaugurada em março último. Rupnik recebeu o título de doutor honoris causa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná em cerimônia do dia 30 de novembro último.

Uma fonte da diocese de Roma confirmou à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que “as acusações contra o padre Marko Rupnik existem”, mas também disse que “o Vicariato de Roma não fez nenhuma investigação sobre tais acusações, porque os supostos abusos não ocorreram em Roma, mas teriam ocorrido na Eslovênia”.

Pelo menos nove mulheres denunciaram Rupnik a dom Daniele Libanori, comissário da Comunidade Loyola, fundada na Eslovênia. Libanori ouviu as denúncias quando deu início a uma visita canônica que continua em curso.

Confirmação oficial

A Companhia de Jesus emitiu um comunicado oficial assinado pelo delegado, padre Johan Verschueren, confirmando que a então Congregação para a Doutrina da Fé (atualmente Dicastério para a Doutrina da Fé) "recebeu uma denúncia em 2021” contra o padre Marko Ivan Rupnik “pela forma como desempenhou o seu ministério” e acrescentou que “não houve menores envolvidos”.

O comunicado oficial dos jesuítas diz que o Dicastério para a Doutrina da Fé (DDF) "pediu que a Companhia de Jesus estabeleça uma investigação preliminar sobre este caso" para o qual os jesuítas "designaram de imediato um investigador externo para a investigação”.

Durante a investigação preliminar, um religioso dominicano escutou o testemunho de “várias pessoas”. E a Companhia de Jesus acrescentou que “o relatório final” dessa investigação preliminar “foi apresentado” ao Dicastério da Doutrina da Fé.

A nota oficial dos jesuítas diz que “depois de estudar o resultado desta investigação, o DDF considerou que os fatos em questão prescreveram, por isso arquivou o processo no início de outubro deste ano de 2022”.

Medidas cautelares vigentes

A Companhia de Jesus informou que "no curso da investigação preliminar, várias medidas cautelares foram tomadas contra o padre Rupnik: ele foi proibido de exercer o sacramento da confissão, direção espiritual e a realização de Exercícios Espirituais" e também "foi proibido de participar de atividades públicas sem a permissão de seu superior local".

“Estas medidas continuam vigentes hoje, como medidas administrativas, mesmo depois da resposta do Dicastério para a Doutrina da Fé”, diz o comunicado da Companhia de Jesus.

Depois, a Companhia de Jesus diz que “leva a sério qualquer denúncia contra um dos seus membros” e alertou que a sua missão “é também uma missão de reconciliação” para a qual “queremos acolher a todos abertamente”.

Por fim, uma fonte da diocese de Roma disse à ACI Prensa que o Vicariato "recebeu uma notificação do provincial jesuíta informando sobre as medidas cautelares e sugerindo que o padre Rupnik não se envolvesse em atividades pastorais e novos cargos".

A imprensa italiana também cobriu o assunto em andamento.

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