Anne Lastman, especialista em acompanhamento e aconselhamento para mulheres que sofrem por terem feito aborto, lamentou a nomeação da economista etéia e pró-aborto Mariana Mazzucato como membro da Pontifícia Academia para a Vida.

Em uma carta aberta à Pontifícia Academia para a Vida, Lastman, fundadora de “Serviços de Informação e Aconselhamento para Vítimas de Trauma de Aborto” (VOA), disse que tomou conhecimento “com grande tristeza” da nomeação, no último dia 15, de “uma mulher pró ‘direitos’ ao aborto”.

"A nomeação de Mariana Mazzucato para esta importante posição dentro da Igreja Católica levanta muitas questões" e "me deixou com uma sensação de escândalo e horror", disse.

Lastman lamentou ainda ter "a sensação de que o chefe desta Academia, dom Paglia, não pode ser respeitado".

"Espero que o Santo Padre, a quem honrei como 'Pedro' e defendi de todas as ofensas, não tenha sido conivente na escolha de tal nomeação", disse.

Junto com Mariana Mazzucato o papa Francisco nomeou para a Pontifícia Academia para a Vida monsenhor Philippe Bordeyne, teólogo francês é crítico da Humanae vitae encíclica com a qual o papa são Paulo VI proibiu o uso de anticoncepcionais. Bordeyne também já se disse a favor de alguma forma de bênção para uniões homossexuais.

O médico católico José María Simón Castellvi, presidente emérito da Federação Internacional das Associações Médicas Católicas (FIAMC), criticou em 19 de outubro a repetida nomeação de "acadêmicos do aborto, defensores da eutanásia em algum grau ou detratores da Humanae vitae" como membros da Pontifícia Academia para a Vida. “Alguém convenceu o Santo Padre a isso", lamentou.

Em um comunicado publicado em seu site, sob o título "Declaração sobre recente nomeação para a Pontifícia Academia para a Vida", a FIAMC, que reúne médicos católicos de todo o mundo, disse que "infelizmente" a nova integrante nomeada pelo papa Francisco "expressou suas opiniões a favor do aborto provocado abertamente nas redes (sociais)".

A Pontifícia Academia para a Vida defendeu as nomeações de 15 de outubro, dizendo que é necessário incluir “mulheres e homens com experiência em várias disciplinas e de diferentes origens, para um diálogo interdisciplinar, intercultural e inter-religioso constante e frutífero”.

Em sua carta aberta, Anne Lastman afirmou que não estava falando “de uma perspectiva política", mas "da perspectiva de alguém que trabalhou como conselheira de luto pós-aborto por 26 anos".

Como “conselheira clínica especializada, totalmente qualificada”, Lastman disse que tratou “mais de 2 mil mulheres e inúmeros homens após o aborto, e cuja dor é indescritível”.

"Já vi as mesmas mulheres e, às vezes, homens começarem uma jornada autodestrutiva", disse. Alertou também que essa prática leva "ao abuso de substâncias, à depressão, à promiscuidade, à ansiedade, ao autodesprezo, às autolesões”.

“Já vi clientes que queriam ‘ir e estar com meu(s) bebê(s)’ (suicídios). Eu vi o dano que fizeram em seu corpo (cortar-mutilar) porque era um 'corpo odiado'", continuou.

"Sim, é isso que o aborto faz", enfatizou.

No caso dos homens, disse, já presenciou “tentativas de suicídio, comportamento agressivo, comportamento autodestrutivo”.

“Talvez nem todos respondam destrutivamente, mas são muitos para descartá-los, com idades variando de 13 a 87 anos (medo do fim da vida)”.

“Pela minha experiência, todos ao longo do tempo vão se arrepender, até os promotores do aborto”, disse.

A especialista reiterou que a nomeação de um membro "abertamente" pró-aborto "é muito perturbadora e muito dolorosa".

“Essa academia na qual nós, os pró-vida, buscamos apoio e orientação, e cujo ensino e voz devem ser respeitados e ouvidos, agora renegou seus próprios estatutos que declaram que os nomeados são escolhidos com base em sua ‘promoção do direito à a vida de cada pessoa humana’, e parece que a senhora Mazzucato não se enquadra nesta qualificação”.

"Embora ela possa ser qualificada em outras áreas, não está qualificada para falar sobre questões de vida e direito à vida", concluiu.

Mais em

Confira também: