A diocese de Barretos (SP) encerra nesta sexta-feira (16) o inquérito diocesano da causa de beatificação de padre André Bortolameotti, que morreu em 2010. O sacerdote ficou conhecido por seu trabalho pastoral e social, entre eles a construção de uma casa para acolher pessoas que iam a Barretos se tratar de câncer.

Padre André Bortolameotti nasceu em 22 de dezembro de 1919, na terra natal de santa Madre Paulina, Vigolo Vattaro, na Itália. Desde criança, expressava o desejo de ser padre. Em 1931, ingressou na Congregação de Jesus Sacerdote. Recebeu a ordenação sacerdotal em 29 de junho de 1943.

Veio para o Brasil em 1967, atuando inicialmente em São Paulo. No final de 1975, retornou para Roma, onde cursou Teologia Moral. Ainda permaneceu um tempo na Itália, até retornar definitivamente para o Brasil em 1984. Em dezembro daquele ano, assumiu a paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Barretos. Sua administração como pároco se estendeu até dezembro de 2001, quando passou o cargo para seu sucessor e, com humildade, tornou-se vigário.

O começo de sua atuação na paróquia não foi fácil. Os fiéis estranharam o forte sotaque italiano, às vezes incompreensível. Alguns chegaram a mudar de paróquia. Aos poucos, por sua dedicação, zelo, ardor espiritual, começou a conquistar os fiéis.

Padre André se dedicava muito aos sacramentos, principalmente à confissão. Em seus 67 anos de vida sacerdotal, dedicou milhares de horas ao atendimento das confissões. Também tinha uma atenção especial aos pobres e aos presidiários. Visitava a cadeia de Barretos, conversava com os presos, confessava e celebrava a missa a cada quinze dias. Quando os presos souberam da morte de padre Bortolameotti, disseram: “Morreu nosso bom pai”.

Uma das obras marcantes deixada pelo sacerdote é o alojamento Madre Paulina. A ideia surgiu na metade da década de 1990 da preocupação de padre Bortolameotti com os doentes que iam a Barretos para se tratar no Hospital do Câncer, hoje chamado Hospital do Amor.

Inicialmente, o alojamento contou com estrutura para acolher 48 pessoas. Eram pequenos apartamentos de dois leitos, com banheiro e guarda-roupa. O padre escolheu para o alojamento o nome “Madre Paulina”, a religiosa oriunda de sua cidade natal, que havia sido beatificada em 1991 e que começou sua obra cuidando de uma mulher com câncer.

Hoje, a casa tem capacidade para 350 pessoas, que recebem atendimento físico e espiritual.

Padre André Bortolameotti morreu aos 91 anos, em 28 de outubro de 2010. A data é dia de são Judas Tadeu, titular e padroeiro do Hospital do Câncer, ao qual o sacerdote tanto se dedicou.

O padre foi enterrado no santuário Nossa Senhora do Rosário, em Barretos. No ano passado, seus restos mortais foram exumados e colocados em uma urna de acrílico, que está em um espaço dentro do mesmo santuário.

Segundo a postuladora da fase diocesana da causa de padre Bortolameotti, Lucila Castro, “quando o padre André morreu, as pessoas já começaram a falar que ele era um santinho. Então, quando dom Milton (Kenan Júnior, bispo de Barretos desde dezembro de 2014) começou a ouvir os relatos, decidiu abrir o processo no final de 2016”.

Nesta fase diocesana, que será encerrada amanhã, foram recolhidas provas, “escritos, documentos, cartas” e “ouvidas pessoas que conviveram com padre André no Brasil e na Itália”. Durante a cerimônia de encerramento do inquérito diocesano, essa documentação será lacrada para, em seguida, ser enviada ao Dicastério para a Causa dos Santos, da Santa Sé.

Lucila Castro, que conheceu o padre André Bortolameotti, disse à ACI Digital que vê sua atuação como postuladora da fase diocesana desse processo não como um trabalho, “mas uma graça”, pois pôde conhecer “de maneira mais aprofundada também a figura do padre André”.

Segundo ela, durante o processo, foram ouvidos “muitos relatos de que padre André sempre estava disponível para ajudar, a qualquer hora que batessem em sua porta”. “Todas as pessoas com as quais conversamos e que conviveram com ele falam que ele era uma pessoa que se abandonava, deixava de olhar para si para ajudar o outro”, disse.

A postuladora afirmou que, ao olhar para a vida de padre Bortolameotti, “percebemos que a santidade é possível para nós também, somos chamados a ser santos. E a santidade é um caminho cotidiano, dia após dia, sim após sim”.

“Existem as dificuldades da vida e o padre André passou por várias dificuldades, mas Deus nos chama sempre a esse caminho da santidade. E, como o evangelho fala: o caminho de Jesus não é o mais fácil, às vezes é preciso entrar pela porta estreita, não pela porta larga. Então, esse é o ensinamento do padre André, que mesmo em meio às dificuldades, nós podemos dar o nosso ‘sim’ todos os dias”, disse.

Com o encerramento da fase diocesano, a causa de beatificação de padre André Bortolameotti segue para a Santa Sé, onde a documentação será analisada. “Ao se confirmar que ele viveu as virtudes de forma heroica, será declarado venerável”, disse Castro. Depois disso, é necessária a comprovação de um milagre pela intercessão dele para que seja declarado beato. Em seguida, é preciso outro milagre para se tornar santo.

Segundo Lucila Castro, a postulação já tem recebido relatos de graças alcançadas por pessoas que pediram a intercessão do padre André Bortolameotti. “Sempre pedimos para as pessoas rezarem e pedirem a intercessão dele. Temos muitos relatos de graças e estamos analisando, porque a Igreja é muito prudente nesses casos”, disse.

Relatos de graças alcançadas por intercessão de padre André Bortolameotti podem ser enviadas para postulacao@diocesedebarretos.com.br.

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