“Será que Deus quer que entendamos que virar as costas para Ele e mudar a imagem do Sagrado Coração pela dos líderes da foice e do martelo foi o pior erro da nossa história?”, perguntou o padre cubano Alberto Reyes Pías num texto publicado nas redes sociais sobre a ditadura comunista que está no poder em Cuba desde 1959.

No texto "Tenho pensado... que a Deus não se pergunta o por quê?'", Reyes Pías, crítico da ditadura comunista que controla Cuba desde 1959, disse que “eu creio firmemente que Deus nos ama e sabe o que faz, e que nunca permitiria que sofrimentos inúteis chegassem a seus filhos, porque ninguém minimamente bom, faria outro ser humano sofrer por prazer”.

"No entanto, constato que Deus permite que um sofrimento profundo entre em nossas vidas, que nem sempre podemos evitar", disse ele.

Para Reyes Pías, "levantar o punho e dizer a Deus: 'por quê?' significaria admitir que não me ama, que se esqueceu de mim, que está me castigando ou maldizendo".

“Mas como isso é impensável em Deus, então só me resta admitir que, quando Deus permite um sofrimento, Ele o faz porque quer me dar alguma coisa, quer que eu entenda alguma coisa, quer que eu cresça, me renove, que seja uma pessoa melhor, que a minha vida seja diferente".

"E com esta perspectiva, só me resta perguntar a Deus: 'para quê?'".

"Para que permite que algo entre na minha vida que eu não pedi, que eu não gosto, que eu não quero...? Para que Deus permitiu que o comunismo chegasse à mais próspera das ilhas do Caribe? Para que Deus nos permitiu não apenas perder nossa liberdade, mas também que essa ditadura durasse mais de 63 anos, destruindo os sonhos de várias gerações?”, questionou.

“Para que permitiu que tantas pessoas valiosas fugissem e abandonassem suas terras, mesmo morrendo na tentativa? Para que Deus permitiu que nossa vida cotidiana se tornasse um calvário de precariedade, de angústia existencial, de necessidade angustiante? Para que Deus permite que toda vez que meu povo levante a voz dizendo: 'Basta!', a resposta seja uma repressão tão brutal e sadicamente sistemática que nos submerge na (falsa) sensação de que essa opressão é imóvel?”.

Reyes Pías questionou: "Será que ainda não entendemos o que Deus quer nos dizer ou nos dar?"

O padre Reyes Pías disse depois que "'não há pátria sem virtude, nem virtude com impiedade'". "Aqueles que nos governam não se importam com nossas vidas, nem com nossos sonhos, nem com nosso presente, nem com nosso futuro".

Recordando os milhares de mortos cubanos que ajudaram a revolução em Angola na década de 1970, e as recentes mortes no incêndio petroleiro em Matanzas, Reyes Pías disse que “aqueles que nos governaram e nos governam não se importam que nossos filhos morram, seja em Angola ou em Matanzas”.

"Os repetidos apelos para 'resistir e vencer', 'fazer mais com menos' ou converter-nos e reconverter-nos num 'povo guerreiro' não passam de placebos para nos inflamar com um futuro brilhante e fazer-nos esquecer a escravidão do presente".

"Quando se insiste em exercer o direito de voto, tudo está, na realidade, já decidido", disse, lamentando que "há anos culpamos um inimigo externo quando, na realidade, o inimigo está em casa".

“Calar-se para não buscar problemas, a única coisa que faz é normalizar e perpetuar nossa miséria”, denunciou, e alertou que “não falar publicamente é continuar esperando um dia 'algo acontecer', ou que alguém 'faça algo' quando a solução está nas nossas mãos".

“Quando nos tornamos dignos e depois de nos baterem, eles nos dão frango e xampu, eles estão nos tratando como animais de estimação que precisam ser acalmados para que fiquem calmos e obedeçam”, disse ele.

“Quando nos reprimem, não está acontecendo algo extraordinário, mas é simplesmente o que se espera, e não pode ser diferente, porque uma vez usurpado o lugar de Deus, o resto dos mortais é dispensável e desprezível”, disse.

“Será que ainda não entendemos?”

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