Os bispos do Estado americano do Colorado publicaram uma carta aberta pedindo aos deputados estaduais católicos que votaram a favor de uma nova lei do aborto que se abstenham de receber a Sagrada Comunhão. Abaixo, a íntegra da carta:

 

Carta Aberta aos Políticos Católicos e aos Fiéis Sobre Receber Dignamente a Comunhão

 

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

A sessão legislativa de 2022 recentemente concluída foi difícil para muitos do Colorado que assistiram consternados seus legisladores estaduais fazer avançar pelas câmaras do Capitólio e para a mesa do governador Polis para sua sanção uma das legislações de aborto mais radicais do país.

Quando o HB22-1279, a Lei de Equidade de Saúde Reprodutiva (Reproductive Health Equity Act, RHEA), entrou no Legislativo, houve forte clamor contra ela. Milhares de pessoas escreveram para seus legisladores. Mais de 350 pessoas testemunharam contra a RHEA na Câmara e mais de 215 testemunharam contra ela no Senado nas primeiras horas da manhã. A RHEA permite o aborto desde a concepção até o nascimento e por qualquer motivo, incluindo raça, sexo ou deficiência da criança.

Segundo alguns dos legisladores que apoiam o RHEA, essa nova lei foi projetada para tornar nosso Estado um destino e “porto seguro” para abortos. Eles esperam que mães grávidas venham como uma inundação dos Estados vizinhos para fazer abortos se Roe x Wade for derrubada. Causa-nos profunda tristeza e angústia saber que alguns legisladores católicos votaram a favor.

Temos um forte desejo de discutir o impacto espiritual e cultural de leis como a RHEA com políticos de ambos os partidos que se dizem católicos e que representam pessoas em nosso Estado. Como seus pastores, queremos ter certeza de que eles entendam a doutrina da Igreja sobre a Sagrada Comunhão e a disposição espiritual adequada para recebê-la. Esforços já foram feitos para falar com vários desses parlamentares, mas, infelizmente, muito poucos deles aceitaram o convite para nos encontrar.

Durante a votação da Lei de Equidade em Saúde Reprodutiva, ficou claro por seus votos públicos que vários legisladores católicos apoiam o fim da vida de crianças não-nascidas e declaram que um “óvulo, embrião ou feto fertilizado” não tem “direitos independentes ou derivados” no Colorado. Esses bebês ainda não nascidos valem menos do que aqueles que tiveram o dom de nascer, segundo essa lógica moralmente falha. Ao mesmo tempo, gostaríamos de agradecer publicamente aos senadores estaduais Barbara Kirkmeyer, Kevin Priola e Jim Smallwood e ao deputado Andres Pico, legisladores católicos que votaram para proteger os nascituros e contra permitir que nosso Estado os privasse de seu direito à vida dado por Deus.

 

Votar a favor da RHEA é participar de uma ação gravemente pecaminosa porque facilita a morte de bebês inocentes que ainda não nasceram, e os políticos católicos que o fizeram muito provavelmente se colocaram fora da comunhão da Igreja.

Como dissemos com nossos colegas bispos dos EUA em nossa recente declaração "O mistério da Eucaristia na vida da Igreja": “Receber o Corpo e Sangue de Cristo em estado de pecado mortal representa uma contradição. A pessoa que, por sua própria ação, rompeu a comunhão com Cristo e sua Igreja, mas recebe o Santíssimo Sacramento, age de forma incoerente, reivindicando e rejeitando a comunhão ao mesmo tempo. É, portanto, um contra-sinal, uma mentira – expressa uma comunhão que de fato foi quebrada”.

Além disso, receber a Eucaristia em estado de pecado mortal é um sacrilégio porque é “uma falha em mostrar a reverência devida ao sagrado Corpo e Sangue de Cristo”.

Por fim, quando outros católicos veem figuras públicas recebendo Jesus nesse estado espiritual, sua determinação de ser fiel ao Evangelho pode ser enfraquecida. Um político católico ou figura pública liderando ou encorajando outros a fazer o mal é uma falha em respeitar as almas dos outros e é o que a Igreja define como “escândalo”.

Até que o arrependimento público ocorra e a absolvição sacramental seja recebida na Confissão, pedimos que os legisladores católicos que vivem ou adoram no Colorado e que votaram a favor da RHEA, se abstenham voluntariamente de receber a Sagrada Comunhão.

O ônus de sua decisão não recai sobre os ombros de sacerdotes, diáconos ou ministros extraordinários leigos da Eucaristia. Ele repousa sobre as consciências e almas daqueles políticos que escolheram apoiar esta lei maligna e injusta.

Rezamos para que esta carta e nosso pedido de abstenção de receber Jesus na Eucaristia estimule uma sincera reflexão e conversão nos corações daqueles que participaram para permitir que este grave ato de injustiça se tornasse lei. Este pedido não é feito de ânimo leve, mas como é nosso dever salvaguardar a fé e cuidar das almas de todos os fiéis – incluindo esses políticos – devemos fazê-lo.

Estamos sempre dispostos a conversar com qualquer político católico a quem isso se aplique, e queremos que saibam que oramos regularmente por todos os que ocupam cargos públicos”.

 

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A carta é assinada por dom Samuel J. Aquila, arcebispo de Denver, dom Stephen J. Berg, bispo de Pueblo, dom James R. Golka, bispo de Colorado Springs, dom Jorge H. Rodriguez, bispo-auxiliar de Denver.

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