A mais recente manifestação da nova religião “woke” da Disney provoca outra pergunta: à medida que o “capitalismo woke” exerce sua autoridade sobre um número cada vez maior de empresas americanas em apoio às demandas progressistas, ainda é possível para os católicos e O recente ativismo político “woke” da Walt Disney Company desencadeou uma tempestade entre seus principais clientes: pais cujos filhos assistem e amam a Disney. Ao tomar partido contra os direitos dos pais na controvérsia nacional sobre a nova lei educacional da Flórida, a Walt Disney Company irritou muitos pais, levando-os a se perguntar se deveriam continuar a permitir filmes e programas de TV da Disney em suas casas.

outras pessoas de fé seguir suas convicções em seus locais de trabalho?

Na década passada, o colunista católico do jornal The New York Times Ross Douthat cunhou a expressão “capitalismo woke” para descrever a tendência crescente das corporações de prestigiar a agenda política progressista. Àquela altura, já estava claro que as carreiras dos católicos poderiam estar em jogo se trabalhassem para empresas “woke”. Isso foi demonstrado pela saída de Brendan Eich como CEO da empresa de tecnologia Mozilla em 2014, apor causa de ataques de ativistas “LGBT”. A transgressão de Eich foi doar seu próprio dinheiro ao longo de vários anos em apoio à Proposição 8 da Califórnia, projeto de 2008 que emendou a Constituição da Califórnia para definir o casamento como uma união entre um homem e uma mulher - uma ação em completo alinhamento com a fé católica de Eich, que define o casamento exatamente da mesma maneira.

 

Voltemos a 2022 e à oposição da Disney à nova lei da Flórida. Embora a lei tenha sido deliberadamente descaracterizada pelos progressistas como lei “Não diga gay”, o que ela realmente faz é proibir os professores de iniciar discussões impróprias para a idade sobre sexualidade nas salas de aula. Também exige que as escolas instituam procedimentos informando os pais sobre quaisquer modificações nos serviços que presta aos alunos, além de aconselhá-los sobre mudanças na “saúde mental, emocional, física ou bem-estar” de seus filhos.

A única razão pela qual o projeto gerou controvérsia é porque foi aprovado pelo governo da Flórida no contexto específico dos esforços de ativistas “LGBT” para inculcar nos alunos suas opiniões sobre assuntos controversos como atividade homossexual e procedimentos de “transição de gênero” para crianças. Obviamente, a legislação tornaria mais difícil que tal ativismo ocorresse sem o conhecimento dos pais, o que está de acordo com o ensinamento da Igreja de que os pais são os primeiros educadores de seus próprios filhos e que a família é a unidade fundamental da sociedade.

Aquio com que a lei não está de acordo é ideologia “woke”, um slogan originalmente associado a visões progressistas sobre raça, que, nos últimos anos, cresceu até abranger um espectro mais amplo de visões progressistas sobre pontos de conflito políticos e culturais contemporâneos. Como tal, além de condenar os EUA como uma entidade fundamentalmente racista, o “wokismo” condena as crenças religiosas tradicionais sobre a família e a sexualidade humana como sendo fundamentadas nos males do “patriarcado” e da “heteronormatividade”.

Embora essas ideias tenham dominado os campi universitários dos EUA por várias décadas, e também em grande medida os governos e a mídia, só mais recentemente começaram a surgir em salas de reuniões corporativas e salas de executivos. Parece uma combinação estranha, já que os progressistas sociais mais radicais estão geralmente entre os críticos mais veementes do capitalismo. Mas a crescente secularização da sociedade ocidental gerou uma classe de elite que não vê “necessidade de sistemas de crenças e religiões antiquados”, como observou o arcebispo de Los Angeles, dom José Gomez, em uma reflexão que fez no ano passado sobre o surgimento de ideologias seculares, e consequentemente, a mentalidade “woke” agora também domina grande parte do mundo corporativo.

Ainda assim, o grau em que essas crenças progressistas são sinceramente mantidas pelos líderes corporativos é discutível, como Douthat apontou em uma palestra em 2021. Enquanto alguns líderes empresariais podem concordar com a ideologia “woke” porque concordam plenamente com suas premissas, em muitos casos eles estão apoiando agendas sociais radicais por outras razões, como tentar desviar governos de esquerda de aumentar as taxas de impostos corporativos ou tentar aumentar a capacidade de suas empresas de recrutar gente formada nas universidades profundamente imbuída do progressismo.

Mas, acrescentou Douthat, quaisquer que sejam as razões que possam levar os executivos de uma determinada empresa ao capitalismo “woke”, em geral seu apoio é uma taxa que eles se sentem obrigados a pagar para continuar a fazer negócios na América contemporânea. É por isso que, neste momento, a Disney mantém sua posição contrária ao projeto de lei de direitos dos pais da Flórida, mesmo que isso possa resultar em danos irreparáveis ​​​​à marca Disney, historicamente baseada na adoção de valores familiares.

Em sua essência, o capitalismo “woke” rejeita muitos dos princípios cristãos que antes informavam as decisões dos líderes empresariais dos EUA e que fomentavam neles um impulso para tratar seus trabalhadores com justiça e servir a algo maior do que os resultados corporativos. Esse fundamento cristão agora foi substituído por um credo secular duro e implacável que, pela causa da justiça social, exige zelosamente que as corporações adotem agendas radicais como imperativos sagrados que nenhum americano pode impedir, incluindo seus próprios funcionários.

Esse credo “woke” corporativo cria uma situação quase impossível para os fiéis católicos que trabalharam duro ao longo de suas carreiras para alcançar sucesso nos negócios. Ou você compromete seus valores e segue em frente, ou corre o risco de sofrer o cancelamento corporativo. De fato, tornou-se quase impossível neste ambiente para um fiel católico ser o CEO de uma empresa.

O que também é tristemente irônico nessa situação é que o ensino social católico oferece a melhor estrutura possível para resolver problemas sociais. Embora os proponentes do despertar corporativo afirmem que ele tenta resolver sérios problemas sociais, ele fracassa em chegar às respostas corretas porque é prejudicado pela falta de uma dimensão sobrenatural.

“As teorias e ideologias críticas de hoje são profundamente ateístas”, observou o arcebispo Gomez em sua reflexão sobre as ideologias seculares. “Eles negam a alma, a dimensão espiritual e transcendente da natureza humana; ou pensam que é irrelevante para a felicidade humana.”

Como católicos, já temos a solução que a América corporativa precisa para alcançar verdadeiramente o sucesso autêntico e a felicidade humana duradoura: fé em Jesus Cristo. É particularmente apropriado lembrar disso agora, quando entramos no tempo pascal, o tempo litúrgico em que nos regozijamos na ressurreição salvadora de Nosso Senhor dentre os mortos. E é nossa missão proclamar essa verdade, com espírito de caridade, a todos que precisam ouvi-la proclamada novamente – estejam eles ocupando uma cadeira privilegiada em uma grande corporação ou situados em uma das periferias mais difíceis da vida.

Feliz Páscoa!

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