A diretora executiva da Rede Pró-vida Latam, Deisy Álvarez, prevê que com a recente decisão da Corte Constitucional colombiana que despenalizou o aborto até os seis meses de gravidez, as mulheres ficarão “mais desprotegidas” e seus “direitos mais vulneráveis”.

“A terrível decisão que a Corte Constitucional tomou de despenalizar o aborto até os seis meses de gravidez é bárbara. O aborto é horrível em qualquer semana de gestação, mas permitir abortos em estágios tão avançados afetará psicologicamente as mulheres”, disse Álvarez à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

Em 21 de fevereiro, a Corte Constitucional da Colômbia decidiu, por cinco votos a favor e quatro contra, que o aborto “só será punível quando for realizado após a vigésima quarta semana de gestação e, em todo caso, esse prazo não se aplicará aos três casos estabelecidos na sentença C. - 355 de 2006”.

Isso significa que o aborto não será crime punível até a 24ª semana de gravidez, e que continua vigente a decisão da Corte Constitucional de 2006 que descriminaliza a prática para casos de estupro, malformação do nascituro ou perigo para a vida da mãe, mesmo depois do prazo estabelecido.

A Rede Pró-vida Latam é uma organização que nasceu em 2009 por iniciativa de um grupo de jovens de Medellín, Colômbia, para proteger a vida, as mulheres e a família e promover a cultura da vida no país. Com o tempo, expandiu-se para o nível regional e hoje presta apoio a instituições e gestantes.

Álvarez afirma que com esta decisão “as mulheres ficarão mais desprotegidas”, pois “envia uma mensagem à sociedade colombiana, principalmente às novas gerações, de que se você acha que alguma coisa atrapalha seus sonhos e projetos de vida, mesmo que seja o seu próprio filho, você pode matar”.

“Nenhum aborto é seguro, por mais que seja feito com todos os protocolos de assepsia, sempre tem uma consequência física ou psicológica. Os direitos das mulheres serão mais vulneráveis ​​porque um direito não pode prevalecer sobre o outro”.

A líder pró-vida falou que os abortos na Colômbia “vão aumentar pois estão sendo permitidos praticamente em todas as circunstâncias”, já que dentro dos casos permitidos está o comprometimento mental da mulher e a partir disso todas as mulheres podem ter acesso a abortos livres”.

Álvarez disse que, em vez do aborto, a Colômbia deveria ter políticas públicas de prevenção: “Trabalhar pela educação sexual em valores” e “criar centros de escuta para que um profissional possa atender as mulheres e ajudá-las a vencer seus problemas e dificuldades”.

“É necessário trabalhar com as mulheres o tema da dignidade humana, promover a cultura da vida e investir recursos públicos na prevenção, para que os jovens tenham consciência de que as relações sexuais devem começar em uma estabilidade emocional, em uma família, no momento certo, quando seja possível assumir a vida de um filho”.

Álvarez disse que "as instituições que defendem a vida e fazem um trabalho integral com essas mulheres devem ter recursos reais para ajudá-las, e não para que o aborto seja a única opção".

“Como Rede Pró-vida Latam, damos opções para as mulheres. Nós lhe dizemos quais são as consequências se decide abortar, se decide dá-lo para adoção e quais são as consequências se decide ficar com ele. Dizemos como vamos apoiá-la e como sua vida pode mudar para melhor”, explicou ela.

Álverez contou que as mulheres que são acompanhadas pela rede pró-vida sentem uma “imensa gratidão”.

"Não tivemos um único caso, em mais de 10 anos, de uma mulher que tenha tido uma experiência ruim", disse.

Os grupos pró-vida ajudam “as mães a verem o lado positivo da maternidade, a verem o bebê como uma bênção inesperada e que graças a este bebê podem desenvolver muitas habilidades, ao contrário do que a sociedade fala”.

“O que uma mulher com uma gravidez inesperada precisa é de apoio da sociedade, de instituições, como faz a Rede Pró-vida Latam. As mulheres precisam saber que não estão sozinhas e que a ajuda se materializa em diversos aspectos, como alimentação, educação, moradia, remédios, profissionalização, obtenção de emprego e estabilidade econômica”, disse.

Sobre o futuro da Rede Pró-vida Latam na situação atual, disse que há "muito trabalho em todo o território colombiano".  “Nosso sonho é ser uma resposta latente para a mulher que está pensando em abortar. Precisamos gerar consciência de que o que está no útero de uma mulher é um ser humano e para isso vamos desenvolver toda a nossa linha de cuidado e prevenção (com formação e conscientização nas escolas, paróquias, movimentos e universidades)”, comentou.

Ela disse também que a Rede Pró-vida Latam busca “gerar conhecimento sobre o que realmente é o aborto e então as pessoas decidem se apoiam ou não”.

“Outro foco será a mobilização de alianças estratégicas com outras instituições pró-vida do país para aumentar os centros de atendimento a mães com gravidez em crise. Também precisamos de um centro pró-vida em frente a todos os centros de aborto”, disse ela.

“Hoje os centros de aborto vão se multiplicar na Colômbia, porque esse é o negócio. Mas, como comunidade pró-vida, devemos dar uma resposta imediata às mulheres necessitadas e resgatá-las”, concluiu.

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