No dia 25 de janeiro, a Igreja em Cuba celebrou uma missa em ação de graças pelos 50 anos de vida sacerdotal do cardeal Juan de la Caridad García Rodríguez, arcebispo de San Cristóbal de Habana, Cuba, e rezou para que continue animando as pessoas em “seu caminho para chegar ao céu”.

No início da missa, celebrada na catedral de Havana, em Cuba, e transmitida ao vivo pela página do Facebook da Pastoral Juvenil de Havana, um padre falou sobre o serviço do cardeal à Igreja em Cuba.

“Quantas missas ele celebrou, quantos doentes foram visitados por ele, quantas famílias consoladas, quantos jovens aconselhados, quantos pecados perdoados, por quantos mortos ele ofereceu missa. O bem que um sacerdote faz santificando só Deus sabe e também aqueles que são os seus beneficiários. A fé se transmite através da palavra e do testemunho”, disse.

“Agradecemos a Deus pelo dom do sacerdócio de sua Eminência Juan de la Caridad García Rodríguez, pedimos sua fidelidade até o fim. Damos graças a Jesus Cristo pelo bem que o sacerdócio representa para a Igreja e o mundo e pedimos abundantes vocações”, acrescentou.

Antes de iniciar a Eucaristia, o cardeal Juan de la Caridad, cujo lema é "Ide e anunciai o Evangelho", dirigiu algumas palavras aos fiéis presentes.

“Comemorei meu 26º aniversário de ordenação sacerdotal com o papa são João Paulo II, aqui em Havana, durante sua visita apostólica. Não posso dizer como ele, quando celebrou o Jubileu dos 50 anos: 'Não deixei de celebrar a missa durante estes 50 anos'", disse.

“Peço desculpas por não ter celebrado missa todos os dias destes 50 anos. Peço perdão pelas vezes em que os decepcionei, pelas vezes em que não cumpri plenamente a missão que Deus me confiou. Peço misericórdia ao Senhor e vocês também a peçam por mim agora no silêncio do coração”, acrescentou.

Em sua homilia, o cardeal García relembrou o início de sua vocação, mencionou alguns marcos de sua vida sacerdotal, agradeceu e pediu perdão aos fiéis e se confiou às suas orações.

O cardeal disse que sentiu seu chamado vocacional três vezes ao longo de sua vida, dos quais, um dos mais significativos e engraçados foi quando era criança.

“Primeiro, como coroinha na Igreja de São José, quando vesti a casula preta, escondido do padre. Olhei no espelho e disse: como estou bonito", brincou.

O seguinte chamado foi em uma época difícil, quando “não teve padre durante um mês em Camagüey, porque foram expulsos”. Neste tempo eram visitados por missionários e por um padre, o padre Cavero, que tinha que viajar para levar a sagrada comunhão aos fiéis da zona.

Ele contou que “um grupo de católicos se encarregou de distribuir [a comunhão] nas diferentes casas e eu estava nesse grupo e disse: 'Se eu fosse padre, não teria que trazer a comunhão'”.

Diante desta afirmação, “o padre Adolfo me perguntou depois se eu queria ser sacerdote. Eu disse a ele que queria ser um 'pelotero' [jogador de beisebol, o esporte mais popular em Cuba], e ele me disse: 'Há campos muito bons em El Cobre'”. Ao que o cardeal respondeu: "Vou para lá".

"Percebi que os seminários não eram para treinar 'jogadores de bola', embora nos três seminários houvesse campos muito bons", disse. Mais tarde, “em 25 de janeiro de 1972, na Igreja de Nossa Senhora da Candelária”, localizada na cidade de Morón, “dom Adolfo me ordenou padre”, acrescentou.

O padre lembrou que recém-ordenado foi designado para a paróquia de Morón para servir em três povoados e que, em um deles, chamado Velazco, a igreja estava destruída pelas pessoas que não sabiam o que estavam fazendo, e com um casal extraordinário conseguimos consertá-la”.

O cardeal também agradeceu a todas as pessoas que o ajudaram durante o seu ministério.

Entre eles, destacou o serviço e apoio dos missionários; o exemplo de fidelidade, dedicação e amor mútuo dos esposos; o grande apoio dos “jovens, que foram fiéis à fé apesar das ameaças para deixar a igreja”, e “aos noivos virgens que foram seguidores da Palavra de Deus e, como começaram muito bem, agora estão indo muito bem no casamento”.

Além disso, agradeceu às pessoas que “visitam os doentes, em especial às que visitam o Hospital Oncológico levando terços” e ajuda material; “aos diáconos, que pelo seu amor à Igreja e à família são uma luz para a minha vida”.

Agradeceu também aos membros do clero que levam a fé aos prisioneiros em Cuba. “Os padres e diáconos que estão encarregados da pastoral carcerária me ajudaram muito”, pois perseveram nas dificuldades.

A esse respeito, o cardeal recordou a história de seu pai, que foi preso injustamente e morreu de um infarto na prisão.

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"Meu pai foi um preso político e naquela época a família se uniu mais. Recebemos a ajuda da igreja, especialmente a ajuda espiritual”, disse ele. "Os gestos de ternura com os presos são, portanto, caminhos de paz e esperança", acrescentou.

Para concluir, lembrou-se dos fiéis defuntos. “Um padre que celebra a missa todos os dias não se esquece de seus defuntos, porque em cada missa há uma intercessão pelos defuntos”, disse.

“Agradecemos por esses 50 anos em que você se permitiu ser reflexo da paternidade misericordiosa de Deus para com muitos filhos e filhas. Senhor Jesus Cristo, Bom Pastor, aquele menino que queria ser 'jogador de beisebol' aceitou seu chamado para ser padre e depois bispo e cardeal, e ensina há 50 anos que Você é o caminho pelo qual ninguém nunca se perdeu", disse um membro do clero no final da missa.

“Pedimos Jesus que o sustente para que seja fiel ao seu chamado, e continue ajudando muitas almas na corrida para chegar ao céu”, concluiu.

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