No dia dos Santos Inocentes, o bispo de San Luis, Argentina, dom Gabriel Barba, disse que “milhões de inocentes estão privados do direito mais básico: a vida”.

"E, tristemente, um dia, a mentira se tornou lei em nossa Argentina. Pela primeira vez, uma lei aberta a matar. Ato triste para uma nação que não cuida mais de todos os seus filhos", disse ele em referência à legalização do aborto aprovado pelo Congresso em 30 de dezembro de 2020.

"A morte fez morada entre nós ... e não nos espantamos porque não os vemos, nem os sentimos, nem podem se expressar."

“Com dor escrevo estas palavras para não esquecer. Como memória dos invisíveis. Os santos inocentes que continuam a pagar com a vida o egoísmo da sociedade de hoje e o interesse dos bens materiais e do conforto, arrasando com a dignidade de sua pessoa.”

“Que a vida triunfe sobre a morte e que nossas leis, precisamente, sejam o que devem ser: proteção para o bem de todos e não instrumentos para velar por interesses mesquinhos. Continuamos dizendo, continuamos pensando, continuamos gritando: Toda vida vale”, disse.

O bispo encarregado da Comissão Episcopal para a Vida, os Leigos e a Família, da Argentina, dom Jorge Vázquez, repetiu as palavras do papa Francisco sobre defender os nascituros, os explorados e os escravizados de hoje.

Dom Vásquez celebrou a missa no dia 28 de dezembro na catedral de Nosso Senhor da Boa Viagem, da diocese de Morón, junto com o pároco, padre Martín Bernal, e outros padres.

Em sua homilia, dom Vázquez disse que “em meio às difíceis circunstâncias que temos que viver, queremos continuar anunciando a alegria do Natal porque Deus está conosco e nunca nos abandona”.

Dom Vásquez disse que “os Evangelhos não disfarçam a realidade, nem fazem um discurso bonito, nem constroem um refúgio fantasioso para ocultar as injustiças de seu tempo”.

“Anunciam o Natal envolto numa tragédia de dor. Apresentam-no com grande crueza: ‘Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos’ (Mt 2, 18). É o gemido das mães que choram a morte de seus filhos inocentes, como também é o caso hoje”, citou.

“Somos chamados a ouvir os gritos e os clamores dos inocentes de hoje e a torná-los nossos”, a ser como José e a “despertar para a realidade e levantar-nos”, afirmou dom Vásquez.

“Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar”, citou o Evangelho de Mateus 2, 13- 14

“Levantar-se implica assumir, guardar com coragem a vida do princípio ao fim. Escutar a voz de Deus que hoje nos move ao compromisso sem temor do Herodes da vez”, advertiu.

“Escutar, levantar-se, é para nós um caminho pastoral de cuidar da vida nascente e da infância, cuidando das diferentes situações vividas por crianças e grávidas em extrema vulnerabilidade; anunciar o valor incondicional da vida para despertar uma consciência de respeito de sua dignidade, de seu valor desde o ventre”.

“Levantar-se implica também assumir a exploração e escravidão de milhões de crianças devido ao trabalho infantil, à falta de acesso à educação, aos movimentos migratórios, etc.”

Assumir significa "acompanhar com ternura todas essas situações, gerando caminhos de reconciliação e de cura para encontrar a paz", descreve dom Vásquez.

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