O arcebispo de Buenos Aires, cardeal Mario Poli, e seus bispos auxiliares criticaram a blasfêmia perpetrada em uma exposição de arte na capital argentina. A feira de arte contemporânea ArteBA 2021, realizada entre os dias 3 e 7 de novembro, teve obras que utilizaram símbolos religiosos, como as cruzes. Outra exposição de arte em Buenos Aires teve como título “Buscando a Crista”.

Em uma das performances, um homem se pendurou em um rosário gigante preso ao teto fez  gestos eróticos e se masturbou.  A exposição recebeu duras críticas do público e por isso uma multidão de leigos rezou, no dia 8 de novembro, o santo rosário por três horas contínuas em frente ao Centro Cultural Recoleta, que abrigava a exposição.

O Partido Ciudadanos denunciou à justiça o chefe de governo, Horacio Rodríguez Larreta, e o ministro de Cultura da cidade, Enrique Avogadro, pela responsabilidade na promoção e pelo “ultraje de objetos e símbolos religiosos”. 

Os bispos de Buenos Aires afirmaram que “a mãe, em todas as culturas e em cada um de nós, ocupa um lugar único. Ainda mais, se é a Mãe do céu, a Virgem Mãe a quem o povo argentino tem um carinho e uma veneração muito especial. Quando a Mãe de Deus e os objetos sagrados são associados a símbolos que nada têm a ver com o que representam para tantos de nós, é natural que surjam a dor, a raiva, a perplexidade e a rejeição”.

No caso da exposição ArteBA 2021, “nos dói que uma feira de reconhecida trajetória, que através da arte busca enriquecer nossa cultura portenha, desta vez tenha incluído uma expressão que não constrói a amizade social tão necessária em nossa pátria", disseram.

“Como pastores, queremos nos associar a tantos filhos e filhas da Virgem Maria, ao ver que as imagens e sentimentos religiosos tão profundos e compartilhados ao longo de todo o nosso solo argentino não foram respeitados”.

Que o Senhor “os ajude a construir juntos, na liberdade, no respeito e no diálogo, uma pátria de irmãos e que a Virgem Maria nos leve pela mão”, concluíram.

Ataques repetidos à fé

Em outubro, a exposição “Amar, Lutar, Viver”, no Centro Cultural da Recoleta, usou imagens da Virgem Maria.

Também em outubro, na apresentação de Theodora do compositor Georg Händel (1685-1759) no teatro Colón foram projetados no palco textos da teóloga feminista argentina Marcella Althaus-Reid, ofensivas do mistério da Anunciação e da Encarnação do Verbo.

Em 2018, na Feira de Arte Contemporânea Argentina, Enrique Avogadro comeu um bolo em forma do Corpo de Cristo, e em 2019 endossou a exposição de uma 'Virgem Aborteira', no Centro Cultural da Memória Aroldo Conti.

O Consórcio de Médicos Católicos de Buenos Aires lamentou em comunicado que "já há algum tempo, são frequentes as manifestações - amparadas pelo Ministério da Cultura de Buenos Aires - que são francamente ofensivas a todos nós que professamos a fé católica".

Essas demonstrações "de mau gosto e que estão longe de ser consideradas demonstrações de arte, foram realizadas sob os auspícios de um órgão do Estado", disse a corporação.

“Além de ser grosseiro, por ser um fato que se repete e sistematiza, não se pode deixar de pensar que por trás dessas apresentações há uma intenção”.

O Consórcio de Médicos Católicos acusa o governo de tentar, com as ofensas, "atrair o voto dos jovens" nas próximas eleições parlamentares de 14 de novembro.

“Eles estão errados em tudo, também estão errados na avaliação que fazem da juventude. Subestimam os jovens ao acreditar que podem enganá-los mimetizando a sua postura com a de uma ‘pseudocultura’, que esqueceu o respeito pelas crenças do outro”.

“Os jovens, como qualquer outra pessoa, também têm expectativas genuínas de crescimento pessoal, valores e crenças”, afirmou.

“Nenhuma religião deveria ser ridicularizada, mas que a própria Secretaria de Cultura da CABA o fomente, é uma demonstração do baixo que caiu a forma de fazer política”.

“Como cristãos, somos pessoas de paz, mas por favor não argumentem o pretexto da liberdade de expressão: existem normas básicas de respeito e convivência e nestas ocasiões todas foram omitidas”, concluiu o Consórcio de Médicos Católicos.

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