Hoje, Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, o papa Francisco convidou a aprender a compartilhar o tempo com os idosos, a cuidar deles com amor, a ser grato por tudo o que fizeram por nós.

“Irmãos e irmãs, os avós e os idosos são pão que nutre a nossa vida. Sejamos agradecidos pelos seus olhos atentos, que se aperceberam de nós, pelos seus joelhos que nos deram colo, pelas suas mãos que nos acompanharam e levantaram, pelos jogos que fizeram conosco e pelas carícias com que nos consolaram”, disse o papa na homilia preparada para a missa que celebrou na Basílica de São Pedro, no Vaticano, da qual participaram mais de 2 mil fiéis.

A Eucaristia foi concelebrada pelo presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, dom Rino Fisichella, pelo prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, cardeal Kevin Farrell, e pelo vigário do papa para a diocese de Roma, cardeal Angelo De Donatis.

Na homilia preparada pelo papa Francisco e pronunciada, em seu nome, por dom Fisichella, o papa comentou a passagem do Evangelho de São João que narra o episódio da multiplicação dos pães.

Nesse sentido, o pontífice escreveu que “os avós e os idosos não são sobras de vida, desperdícios para jogar fora. Mas são aqueles preciosos pedaços de pão deixados na mesa da nossa vida, que ainda nos podem nutrir com uma fragrância que perdemos, ‘a fragrância da memória’”.

“Não percamos a memória de que os idosos são portadores, porque somos filhos daquela história e, sem raízes, murcharemos. Guardaram-nos no caminho do nosso crescimento, agora cabe a nós guardar a vida deles, aliviar as suas dificuldades, atender às suas necessidades, criar as condições que lhes permitam ver facilitadas as suas tarefas diárias e não se sintam sozinhos", disse o papa.

Por isso, convidou a perguntar-se: “Visitei os avós? Os idosos da minha família ou do meu bairro? Prestei-lhes atenção? Dediquei-lhes algum tempo?”. E afirmou: “Guardemo-los, para que nada se perca: nada da sua vida e dos seus sonhos. Cabe a nós, hoje, prevenir o lamento de amanhã por não termos dedicado suficiente atenção a quem nos amou e nos deu a vida”.

“Por favor, não nos esqueçamos deles. Aliemo-nos com eles. Aprendamos a parar, a reconhecê-los, a ouvi-los. Nunca os descartemos. Guardemo-los amorosamente. E aprendamos a partilhar tempo com eles. Sairemos melhores. E juntos, jovens e idosos, saciar-nos-emos à mesa da partilha, abençoada por Deus”, disse.

 

Além disso, Francisco se deteve no relato e nos personagens que o evangelista São João narra no capítulo 6, no qual Jesus encontra um jovem, que não tem nome, e que ofereceu tudo o que tinha – cinco pães de cevada e dois peixes – e o milagre da multiplicação dos pães graças ao qual uma multidão de pessoas comeu.

Nesse sentido, o papa disse que neste dia dedicado aos avós e aos idosos, deteve-se em três momentos: “Jesus vê a fome da multidão; Jesus partilha o pão; Jesus recomenda a recolher os pedaços que sobraram. Três momentos que se resumem em três verbos: ver, partilhar e guardar”.

Em primeiro lugar, o papa destacou “o olhar de Jesus; um olhar não indiferente nem apressado, mas que sente as agulhadas da fome que atribulam a humanidade cansada”, porque “preocupa-se conosco, cuida de nós, quer saciar a nossa fome de vida, amor e felicidade”.

“Este é também o olhar que os avós e os idosos tiveram sobre a nossa vida. Foi o modo como cuidaram de nós, desde a nossa infância. Depois de uma vida feita muitas vezes de sacrifícios, não se mostraram indiferentes a nosso respeito nem apressados sem nos ligar; mas tiveram olhos atentos, cheios de ternura”, afirmou.

Em seguida, o papa convidou a questionar “e nós, que olhar temos para com os avós e os idosos? Quando foi a última vez que fizemos companhia ou telefonamos a um idoso para o certificar da nossa proximidade e deixar-nos abençoar pelas suas palavras?”. E afirmou: “Sofro quando vejo uma sociedade que corre, apressada e indiferente, ocupada com tantas coisas e incapaz de parar para dar um olhar, uma saudação, uma carícia”.

“Tenho medo de uma sociedade onde todos formamos uma multidão anônima e já não somos capazes de erguer os olhos e reconhecer-nos. Os avós, que alimentaram a nossa vida, hoje têm fome de nós: da nossa atenção, da nossa ternura; de sentir-nos perto deles. Ergamos o olhar para eles, como Jesus faz conosco”, disse.

Em segundo lugar, o pontífice se deteve na generosidade do jovem "que partilha o que tem" e que está "no centro deste prodígio que beneficiou tantos adultos – cerca de cinco mil pessoas”.

Diante disso, o papa voltou a convidar a fazer "uma nova aliança entre jovens e idosos, necessidade de partilhar o tesouro comum da vida, sonhar juntos, superar os conflitos entre as gerações para preparar o futuro de todos", porque "esta aliança de vida, sonhos e futuro, corremos o risco de morrer de fome, porque aumentam os laços desfeitos, as solidões, os egoísmos e as forças desagregadoras”.

“O Evangelho nos exorta a partilhar o que somos e temos: só assim poderemos ser saciados. Muitas vezes recordei o que o profeta Joel diz a este respeito (cf. Jl 3,1): Jovens e idosos juntos. Os jovens, profetas do futuro que não esquecem a história donde provêm; os idosos, sonhadores sempre incansáveis que transmitem experiência aos jovens, sem lhes bloquear o caminho. Jovens e idosos, o tesouro da tradição e o frescor do Espírito. Jovens e idosos juntos. Na sociedade e na Igreja: juntos”, disse o papa.

Por fim, Francisco falou sobre a importância de que “o Evangelho observa que sobraram muitos pedaços de pão” e que Jesus pediu para recolher “os pedaços que sobraram, para que nada se perca”. O papa disse que “assim é o coração de Deus: não apenas nos dá mais do que precisamos, mas preocupa-se também que nada se perca, nem um pedaço sequer”.

Trata-se de um convite profético de Jesus, que nos lembra que “os avós e os idosos não são sobras de vida, desperdícios para jogar fora. Mas são aqueles preciosos pedaços de pão deixados na mesa da nossa vida”.

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“Agora cabe a nós guardar a vida deles, aliviar as suas dificuldades, atender às suas necessidades, criar as condições que lhes permitam ver facilitadas as suas tarefas diárias e não se sintam sozinhos”, concluiu o papa na homilia.

Ao final da missa, o cardeal Farrell e dom Fisichella se colocaram diante de um quadro de Nossa Senhora junto com um grupo de idosos, incluindo duas mulheres africanas em trajes típicos, e todos, junto com a assembleia presente, cantaram um canção à Virgem Maria.

O papa Francisco instituiu este Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, a ser celebrado todos os anos no quarto domingo de julho, próximo à festa de São Joaquim e Sant’Ana, os avós de Jesus.

O tema deste primeiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos foi "Eu estou contigo todos os dias". Para a ocasião, o papa Francisco escreveu uma mensagem, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida também preparou uma oração e a Penitenciária Apostólica concedeu indulgência plenária àqueles que visitarem um idoso neste dia e cumprirem as condições estabelecidas pela Igreja Católica.

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