Os bispos da Colômbia anunciaram que continuarão com o compromisso de acompanhar as partes do processo de diálogo entre o Governo da Colômbia e a Comissão Nacional de Desemprego, no dia 16 de maio, e pediram esperança em meio à crise.

A greve nacional na Colômbia começou no dia 28 de abril e tem como objetivo rejeitar a reforma tributária promovida pelo presidente Iván Duque.

Os protestos se tornaram violentos e o presidente revogou a reforma.

Até o domingo foram 18 dias de mobilizações contra o governo Duque nos quais 42 pessoas já morreram, sendo 41 civis e um policial, segundo a Procuradoria geral da Colômbia. O Ministério da Defesa contabilizou cerca de 1,5 mil feridos, entre manifestantes e policiais.

Hoje “começará a mesa de negociação, na qual a Conferência Episcopal da Colômbia (CEC) e a Organização das Nações Unidas (ONU), continuarão com o compromisso de acompanhar as partes com o objetivo de facilitar o processo de diálogo”, afirma a declaração divulgada pelos bispos no passado 16 de maio.

“Fazemos um chamado a manter a esperança. Pois, como disse o Papa Francisco, apesar das sombras densas, ela é ousada, sabe olhar além do conforto pessoal e eleva o espírito aos ideais e às realidades mais altas e verdadeiras. A esperança nos leva a pedir o dom da reconciliação e sustenta nossa responsabilidade de ser artesãos da paz”, continua a mensagem.

Os bispos colombianos reiteraram “que o diálogo, no qual haja escuta, encontro e compromisso mútuo, é o ambiente adequado para atender às demandas legítimas de todos os cidadãos e para avançar em direção a reconciliação e a paz”.

“A violência, com suas múltiplas formas e expressões, não importa de onde venha, não resolve nada e produz sofrimento e morte”, disseram.

Os bispos também exortaram aos paroquianos para que, «nestes dias da novena de preparação para a próxima solenidade de Pentecostes, peçamos a ajuda do Espírito Santo para iluminar os diálogos e as negociações, para perseverar neles apesar dos obstáculos que certamente aparecerão no caminho, e para que sejam tomadas as decisões certas em vistas a arrancar as raízes da violência, alcançar o bem comum e promover o desenvolvimento integral da nossa nação”.

A greve foi convocada por diversas organizações de esquerda. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) da Colômbia, Francisco Maltés, declarou à revista Semana que “o povo nas ruas exige muito mais do que a retirada da reforma tributária”.

Uma das reivindicações dos líderes do protesto é a reforma da polícia e o desmantelamento do esquadrão antimotim (ESMAD, na sigla em espanhol).

Embora os protestos tenham diminuído e os que ocorreram nos últimos dias já tenham tido um tom mais pacífico, a cidade mais afetada pela violência continua sendo Cali, onde vândalos queimaram ônibus e saquearam lojas e mercados.

Uma das vias de acesso ao Porto de Buenaventura também foi bloqueada, gerando escassez na região.

Bogotá também possui algumas vias de acesso bloqueadas e estima-se que só a metade dos alimentos que abastecem a população estão chegando à cidade.

Na quinta-feira, 14 de maio, o Comitê da Greve Nacional, o Comitê da Greve do Vale do Cauca e alguns membros dos chamados “pontos de resistência” se reuniram em Cali para traçar uma “estratégia detalhada para estender os protestos por tempo indefinido, apesar da crise humanitária e da escassez em algumas regiões do país e dos polêmicos bloqueios”.

Na quinta-feira, dia 13, o governo enviou uma carta assinada pelo Alto Comissário para a Paz, Miguel Antonio Ceballos, e pelo Ministro do Trabalho, Ángel Custodio Cabrera, ao presidente da CUT, Francisco Maltés Tello, reiterando a intenção de começar uma mesa de diálogo com o Comitê de Greve.

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