Um médico pró-vida encara a legalização do aborto na Argentina, explica a suas pacientes a dolorosa e cruel verdade dessa prática e garante que “não me importa se me denunciam ou me prendem”.

Em diálogo com a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, Jorge Alberto Maciel, obstetra e ginecologista pró-vida, disse que “pessoalmente não me importo se me denunciam ou me prendem se estou do lado correto da moral e da verdade”.

“Que legalizem o aborto e busquem promovê-lo a partir do Estado não significa que seja um crime e eu não sou um criminoso”, disse.

Em 30 de dezembro, após 12 horas de debate, o Senado da Argentina aprovou, com 38 votos a favor, 29 contra e 1 abstenção, o projeto de legalização do aborto promovido pelo presidente do país, Alberto Fernández.

O projeto havia sido aprovado no dia 11 de dezembro pela Câmara dos Deputados.

A nova lei do aborto na Argentina permitirá livremente esta prática até a 14ª semana de gravidez, e durante os nove meses de gravidez sob a justificativa de estupro ou "perigo à vida ou à saúde integral" da mãe.

A lei foi promulgada por Fernández em 14 de janeiro deste ano.

Dr. Maciel disse, em 14 de janeiro, em sua conta no Twitter que recebeu seu “primeiro pedido de aborto após a promulgação da lei. Como corresponde, tratei a paciente com o máximo respeito e forneci todas as informações pertinentes. Queriam que falemos para elas sobre o aborto? Pois lhe contei tudo nos mínimos detalhes”.

O médico disse à ACI Prensa que nessa ocasião “aproveitei para lhe explicar quais são os métodos de aborto e como cada um funciona, para que tenha uma ideia completa do que ela passaria”.

“Expliquei para ela os efeitos no corpo e no embrião, além das possíveis complicações físicas e psicológicas. Sempre me conduzi de maneira respeitosa e cortês”, expressou.

Para o médico argentino, “se trato uma paciente com respeito, falo com ela com a verdade, me dou o trabalho de lhe explicar tudo e, apesar disso, ela me denuncia e acabo sendo processado e/ou agredido na mídia, não tirará o fato de que eu agi corretamente. Prefiro morrer em pé do que viver ajoelhado".

Dr. Maciel destacou que “não dá para entender” quem diz que um bebê formado nas primeiras 14 semanas de gestação não é um ser humano, pois isso “carece de fundamento científico por obedecer mais às próprias fantasias baseadas em ideologias do que em conhecimentos médicos adquiridos”.

Além disso, indicou que “o principal desafio” para os médicos argentinos antes da legalização do aborto “será sair do casulo para defender a vida humana a fim de sair da comodidade do anonimato”.

“Para cada um de nós que se expõe publicamente na defesa da vida humana, pelo menos 20 preferem ficar em silêncio por comodidade ou por medo de sanções ou de algum tipo de problema”, lamentou.

O médico argentino também criticou que tenham priorizado legalizar o aborto frente a outros dramas que o país enfrenta, como a pandemia de Covid-19. “Era esperado de parte daqueles que compartilham ideologicamente a prática do aborto como um direito, o que é uma total falsidade, e que pretendem se juntar à esquerda mediante a sua legalização”, assinalou.

“Por outro lado, respondem aos interesses estrangeiros que promovem o aborto em troca de empréstimos”, disse, assinalando o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), “ou que proporcionem algum tempo de estímulos ao partido no poder dado os seus interesses econômicos por trás do aborto”, acrescentou, assinalando a empresa multinacional de aborto International Planned Parenthood Federation (IPPF).

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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