Católicos afro-americanos nos Estados Unidos assinalam que, na luta contra o racismo no país, as pessoas de fé têm um papel importante para levar uma mensagem de paz e destacar o valor de cada pessoa como filhos de Deus.

Em 25 de maio, um grupo de policiais de Minneapolis prendeu e agrediu George Floyd, um afro-americano de 46 anos. Um dos policiais manteve o joelho no pescoço de Floyd por vários minutos, que perdeu a respiração e morreu.

Protestos contra sua morte ocorreram em várias cidades dos Estados Unidos, que deixaram feridos e falecidos, incluindo um policial e dois manifestantes.

A profissional de marketing e membro da paróquia de St. Athanasius, na Filadélfia, Sabrina Carter, disse à CatholicPhilly que este é apenas um dos muitos casos que ocorrem continuamente nos Estados Unidos.

O irmão mais novo de Sabrina, Donovan Carter, foi revistado pela polícia quando tinha doze anos enquanto ia comprar em uma loja. O jovem assinalou que, naquele momento, aprendeu que um encontro com a polícia poderia "se converter em um dos seus últimos segundos na terra".

O gerente operacional de um banco local e membro dos Cavaleiros de São Pedro Claver, Donald Carter, assinalou que é "frustrante" que a situação do racismo no país não tenha mudado e que seu filho Donovan tenha que passar pelos mesmos traumas que ele viveu na infância e durante seus 30 anos de carreira.

"Sempre esperamos que nossos filhos não tenham os mesmos medos que nós", disse.

Poucos dias antes da morte de Floyd, Ahmaud Arbery, morador da Geórgia, morreu baleado por um ex-policial e seu filho. Em 13 de março, a funcionária da EMT, de Kentucky, Breonna Taylor, foi assassinada em sua casa pela polícia, que realizava um mandato de busca e apreensão por posse de drogas. Nenhum produto foi encontrado em seu apartamento.

O membro da paróquia Our Lady of Mount Carmel, em Doylestown, John Wilson, em entrevista à CatholicPhilly, indicou que entende o trabalho da Polícia e seu trabalho difícil.

Wilson, que dirige um grupo de estudos bíblicos para homens, ressaltou que a honestidade e a disposição a escutar são essenciais para acabar com o racismo e curar as feridas, assim como o é a participação ativa de toda a Igreja.

"Não podemos ser observadores disso", disse Wilson. "O cristianismo não é um evento para os espectadores, e o trabalho deve ser feito por nós", acrescentou.

O pároco de São Martinho de Lima, no norte da Filadélfia, Pe. Stephen Thorne, indicou que a morte de Floyd e a indignação desencadeada mostram a necessidade de ver os outros como seres humanos, “com a dignidade dos filhos de Deus".

"Precisamos de uma renovação espiritual neste país", assinalou o sacerdote. “O racismo nos cegou. Precisamos de um novo Pentecostes, porque isso não somos nós”.

Pe. Thorne assinalou que é necessário começar com uma compreensão mais profunda das raízes do racismo: “esse tema é sobre a vida eterna; isto se trata sobre o Deus que eu sirvo”.

O pároco de St. Cyprian e administrador de St. Ignatius of Loyola, na Filadélfia, Mons. Federico Britto, destacou que na luta contra o racismo, que também afeta grupos de imigrantes nos Estados Unidos, é necessário ter os pés no chão e transformar as palavras em atos.

"A conclusão é que as pessoas estão pedindo justiça e para serem ouvidas", assinalou. "Se levarmos a sério a Palavra de Deus, deveríamos nos sentir desconfortáveis" com as desigualdades raciais, acrescentou.

Mons. Britto destacou que "há um longo caminho a percorrer" na luta contra o racismo, mas há uma grande razão de esperança.

Sabrina Carter acrescentou que, apesar da persistência do racismo nos Estados Unidos, "as pessoas podem mudar".

"Deus trabalha de maneiras misteriosas", disse. "Ele muda os corações das pessoas", afirmou.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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