Os bispos da Colômbia recordaram que a vida é sagrada e inviolável, após a decisão da Corte Constitucional de omitir-se, rejeitando assim uma proposta para ampliar o aborto livre até a 16ª semana de gestação.

“A vida é inviolável, a vida é sagrada. Vamos respeitá-la, nunca acabemos com ela, pois não nos corresponde”, afirmou no dia 3 de março o presidente da Comissão Episcopal da Promoção e Defesa da Vida do Episcopado da Colômbia, Dom Juan Vicente Córdoba, em coletiva de imprensa.

“A vida é sagrada. A vida humana tem uma característica fundamental: trata-se de pessoas idênticas, com autonomia, com dignidade, com liberdade. E isso deve ser respeitado em qualquer lado”, ressaltou o também Bispo de Fontibón.

O Prelado recordou que “a Constituição da Colômbia, em seu artigo 11, diz que o direito à vida é inviolável e que não haverá pena de morte. É um direito fundamental. Não diz em tais meses ou circunstâncias, mas desde a concepção até a morte natural. É também a posição da Igreja Católica”.

"Não disponhamos da vida dos outros como se fôssemos deuses, e com humildade diante do Criador, como criaturas, respeitemos a vida e façamos que a vida seja para o sentido que tem: louvor a Deus e felicidade das pessoas”, incentivou.

Esta, continuou o Bispo, “é a posição da Igreja Católica, e um bom católico obedece ao magistério da Igreja que tem vinte séculos, desde Pedro e seu sucessor Francisco, desde os apóstolos e seus sucessores, os bispos, com Cristo à cabeça”.

Em 2 de março, a Corte Constitucional da Colômbia decidiu se omitir e não aprovar a proposta do juiz Alejandro Linares, que visava ampliar o aborto gratuito até a 16ª semana de gestação.

A proposta de Linares respondia às ações apresentadas pela doutora Natalia Bernal para proibir esta prática e defender os nascituros na Colômbia. Com esta decisão, a Corte também evitou se pronunciar sobre estas medidas legais.

Dessa maneira, o aborto se mantém como estabelece a sentença de 2006, que o despenalizou para casos de risco de morte da mãe, estupro e malformação fetal.

Também se mantém firme a sentença 096 de 2018, que não só ratificou a de 2006, como também colocou o aborto como um “direito humano” com a possibilidade de que seja praticado durante toda a gravidez.

Dom Córdoba disse aos jornalistas que, com esta decisão, “o que a Corte fez, poderíamos chamar de uma parada no caminho. Como quando você está correndo ou se exercitando, há um tempo para se acalmar, beber alguma coisa e respirar. Foi o que aconteceu. Esta é uma parada no caminho que não chegou ao cume, à meta”.

“Eu o interpreto e interpretamos na Igreja como uma parada no caminho porque a Corte quis parar. Isso nos permite conseguir ar freso e continuamos. O que continuamos? O que a Corte ainda não solucionou e corresponde a eles, ao Congresso. Isso é que a vida se respeita desde a concepção até a morte natural”.

O Prelado lamentou que as “sentenças anteriores” continuem vigentes e assinalou que não é questão de “dizer se estamos contentes ou não. Respiremos e sigamos adiante porque há umas sentenças que ainda continuam fazendo mal, como aquela que permite” realizar um aborto “com uma injeção ao coração” de um bebê por nascer de sete ou oito meses de gestação.

O Bispo se referiu ao caso de Juan Sebastián ou Juanse, como chamou ao seu bebê de quase 8 meses de gestação o seu pai, Juan Pablo Medina, o qual não conseguiu impedir sua namorada de fazer um aborto, um caso que comoveu toda a Colômbia entre janeiro e fevereiro de 2020.

O Bispo recordou que, com as sentenças sobre o aborto proferidas pela Corte Constitucional, “se a criança nasce com vida, deixam-na morrer; e se nasce sem vida, garantem sua aniquilação através de uma injeção letal”.

“Isso continua e não podemos estar de acordo, e elevamos nossa voz profética e de pastores, em nome daqueles que não têm voz!”, exclamou.

O Prelado também elogiou o trabalho dos leigos, sacerdotes e religiosos, que ajudam mulheres com gravidezes inesperadas e, assim, mostram o rosto de Cristo em meio a uma situação complicada.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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