Padre Edwin Román Calderón, pároco da igreja de São Miguel Arcanjo, em Masaya (Nicarágua), foi detido e depois agredido fisicamente por membros da Polícia Nacional na noite do dia 13 de fevereiro.

O pároco estava dirigindo de Catarina para Masaya, quando foi detido por meia hora pela polícia.

"Eles me disseram: finalmente pegamos você" e começaram a revistá-lo, relatou ao jornal ‘El Nuevo Diario’, na quinta-feira. "Reclamei e comecei a tirar fotos, falei que ligaria para a imprensa, então, eles tentaram pegar meu celular e me agrediram no rosto", denunciou.

Este fato foi condenado pela Arquidiocese de Manágua em um comunicado transmitido nas redes sociais da Igreja na Nicarágua.

"Esta situação destaca a falta de um ambiente de paz e se soma a outros atos que não contribuem para um caminho de harmonia social. Diante desta e de outras expressões de intolerância, faz-se urgente retomar o respeito pelos direitos da pessoa humana na nossa pátria", assinalou a Arquidiocese, que denunciou a existência de uma repressão do governo no país, mas especialmente em Masaya.

Pe. Román advertiu à polícia que eles não precisam procurá-lo porque sabem que mora na Igreja de São Miguel e enfatizou que ele continuará "junto com o povo sofredor da Nicarágua".

"Ninguém vai me calar, mesmo que me digam que vão atirar na minha cabeça, vou continuar do lado da cidade de Masaya", afirmou o sacerdote.

A Associação Nicaraguense Pró Direitos Humanos (ANPDH) descreveu o ocorrido como "um ato de repressão e violação dos direitos humanos".

Esta agressão se soma à lista de ataques e ameaças recebidas pelo pároco por parte de pessoas ligadas ao presidente da Nicarágua, Daniel Ortega.

Em 9 de setembro, Pe. Román foi agredido pelo Delegado Ramón Avellan, vice-diretor da Polícia Nacional, junto com vários policiais e afiliados à Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), partido Ortega.

Naquele dia, o sacerdote celebrava a Missa quando esta foi interrompida pelo volume alto da música do partido do governo. Pe. Román saiu para pedir que abaixassem o volume, mas foi empurrado pelo delegado Avellán e insultado pelos partidários do governo.

Outro evento ocorreu em 9 de julho, em Diriamba, onde junto com outros religiosos foi atacado por grupos sandinistas.

Pe. Román fez um posto médico na casa paroquial da Paróquia de São Miguel, onde cuida de dezenas de feridos por causa dos confrontos entre as forças policiais e os opositores do atual governo.

Também atuou como mediador junto com ativistas da Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPDH) na libertação de prisioneiros.

Por esta razão, é considerado uma figura proeminente na cidade de Masaya.

Como resultado desses eventos, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) solicitou que se “respeite a vida e a integridade” do sacerdote.

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