5 de dezembro de 2025 Doar
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Secularização agressiva é causa do aumento de ataques contra cristãos na Europa

Imagem referencial / Bandeira da União Europeia. | Christian Lue / Unsplash.

A violência contra os cristãos na Europa aumentou de modo alarmante nos últimos anos, segundo um relatório do Observatório sobre Intolerância e Discriminação contra os Cristãos na Europa (OIDAC Europa).

O relatório documentou 2.211 crimes de ódio anticristãos na Europa no ano passado, com 94 ataques incendiários contra igrejas, quase o dobro do número registrado em 2023. Além dos ataques físicos, o relatório mostra a crescente pressão legal e social sobre os cristãos.

Alessandro Calcagno, secretário-geral adjunto da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE) e assessor para assuntos jurídicos e liberdade religiosa na União Europeia (UE), analisou para a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, as causas, os riscos e os desafios dessa realidade para o continente europeu.

Secularização agressiva e proteção excessiva das minorias

Calcagno identifica a “secularização agressiva”, que busca expulsar a religião da esfera pública, como uma das principais causas do aumento da violência contra os cristãos. Ele diz que isso é agravado pelas crescentes tensões sociais e pelos vários processos de radicalização presentes na Europa.

Outro fator determinante é a tendência europeia de se concentrar na proteção das minorias, enquanto “as maiorias têm sido negligenciadas”. Essa negligência, diz ele, deve-se à abordagem pacífica das igrejas cristãs: “Elas muitas vezes acabaram se tornando um alvo legítimo, criando um contexto ideal para o surgimento de tais incidentes”.

Calcagno diz que as crises relacionadas ao abuso sexual dentro da Igreja também alimentaram um clima de hostilidade, mas enfatiza que elas “absolutamente não justificam nenhum dos episódios de violência”. Ele diz que a Igreja é uma das poucas instituições que “corajosamente assume posições firmes sobre questões eticamente sensíveis, atraindo o ressentimento do mainstream”.

Apesar da gravidade do fenômeno, a maioria dos ataques passa despercebida pela mídia. Isso acontece, diz ele, porque “a narrativa em muitos países é a de proteger as minorias, enquanto as maiorias são consideradas fortes por si só”. Assim, os ataques contra cristãos “não viram notícia ou não atendem às necessidades de certas agendas dominantes”.

Por fim, ele diz que até mesmo instituições importantes como o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos "emitiram decisões questionáveis" em casos de expressões abertamente ofensivas contra o sagrado — como despir-se numa igreja em protesto ou usar linguagem vulgar sobre textos cristãos — enquanto demonstram "uma defesa muito mais atenta de outras comunidades".

Ataques contra padres

O relatório da OIDAC mostra que cerca de metade dos padres em países como a Polônia e a Espanha sofreram ataques, embora a maioria não denuncie esses incidentes. Isso, sublinha Calcagno, “é um dos principais problemas nessa área, ligado à percepção de falta ou inadequação da proteção dos cristãos por parte das autoridades públicas”.

O secretário-adjunto da COMECE insta que esse fenômeno seja reconhecido “com menos relutância” pelas autoridades locais, criando incentivos e removendo obstáculos, inclusive os psicológicos.

Calcagno defende o aumento dos canais de denúncia, o desenvolvimento de iniciativas para sensibilizar para essas situações e estratégias para garantir uma recolha de dados robusta.

 

Iniciativas para conter a situação

O italiano fala sobre a necessidade de reconhecer que há "uma crescente disseminação da intolerância, discriminação, ódio, violência verbal e física e violações da liberdade religiosa que afetam os cristãos na União Europeia" e que é urgente "começar a levar o fenômeno a sério no âmbito das autoridades nacionais e da UE".

Sobre isso, ele diz que a COMECE há muito tempo apoia e promove a ideia de nomear um Coordenador para o ódio contra os cristãos na UE, medida que diz ser "fundamental", sobretudo porque "os dados sobre o fenômeno no que diz respeito aos cristãos são inequívocos".

O documento destaca a importância de facilitar o acesso aos fundos da União Europeia destinados à proteção das comunidades cristãs, e de promover “iniciativas para combater o analfabetismo religioso e garantir a plena integração do fenômeno da intolerância e da discriminação contra os cristãos nos planos nacionais — ou supranacionais — sobre crimes e discurso de ódio”.

O documento fala sobre a necessidade de adotar estratégias específicas para a proteção de locais de culto, que “vão além dos casos de terrorismo e incluam também o vandalismo, a violência, a profanação e qualquer outro tipo de ataque”.

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Por fim, Calcagno falou sobre as diretrizes “recentes e extremamente importantes” publicadas pela OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), intituladas Compreendendo os Crimes de Ódio Anticristãos e Atendendo às Necessidades de Segurança das Comunidades Cristãs. Ele espera que o documento “abra caminho para iniciativas semelhantes a nível da UE” e diz que “a sua implementação eficaz e urgente pode contribuir decisivamente para o combate a esse fenômeno”.

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