5 de dezembro de 2025 Doar
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Leão XIV recebe movimentos populares no Vaticano pela primeira vez

Padre Mattia Ferrari, capelão da ONG de resgate de migrantes Mediterranea, com o cardeal Michael Czerny. | Daniel Ibañez/EWTN

O papa Leão XIV receberá pela primeira vez cerca de 130 delegados de movimentos populares, acompanhados por representantes de Igrejas locais, em 23 de outubro.

Esses grupos vão ao Vaticano com um "mandato oficial" para que as Igrejas locais os acompanhem, disse o padre Mattia Ferrari, coordenador do Encontro Mundial dos Movimentos Populares (EMMP), em entrevista coletiva no Vaticano.

Os movimentos populares têm um comitê junto ao Dicastério do Desenvolvimento Humano Integral, por meio do qual se articulam com a Santa Sé. O comitê inclui Ayala Dias, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), do Brasil; Alejandro Gramajo, da União dos Trabalhadores da Economia Popular (UTEP), da Argentina; e Charo Castelló, da Irmandade dos Trabalhadores da Ação Católica da Espanha.

"As delegações que representam os movimentos populares de todo o mundo serão acompanhadas por delegações das igrejas locais, com mandato oficial”, disse o padre Ferrari na apresentação do V Encontro dos Movimentos Populares, de 21 a 24 de outubro, e da peregrinação jubilar, parte do Ano Santo, de 25 a 26 de outubro. “Assim, elas também estarão presentes na audiência com o papa Leão XIV, sinal da Igreja sinodal que constrói pontes e da Igreja missionária que alcança as periferias".

Ferrari disse que era "o sonho do papa Francisco que a Igreja os acompanhasse".

“É um sonho que ele nos confiou, e estamos felizes em confiá-lo ao papa Leão XIV”, enfatizou o padre. “É um sinal de uma Igreja sinodal que constrói pontes e de uma Igreja missionária que alcança as periferias, exatamente como o Santo Padre descreveu em seu primeiro discurso".

Os encontros com os movimentos populares foram iniciados pelo papa argentino em 2014. Os primeiros dez anos, disse o padre Ferrari, "tiveram como objetivo ajudar os movimentos populares a serem reconhecidos pelas instituições, pela sociedade e pela própria Igreja como sujeitos e protagonistas da história, ao lado de outros atores sociais".

Nos quatro encontros mundiais anteriores — em 2014, 2015, 2021 e no ano passado — Francisco falou sobre “a importância dos movimentos populares e o significado de sua relação com a Igreja”, e essas contribuições foram “recolhidas na encíclica Fratelli tutti”, disse o sacerdote.

O quinto encontro será "mais uma etapa de um processo iniciado em muitas partes do mundo, onde movimentos sociais formados por excluídos, que se organizam para lutar por moradia, trabalho, terra e comida, e para construir solidariedade e fraternidade, começaram a caminhar ao lado da Igreja", disse o padre italiano, que também é pároco da ONG Mediterranea Saving Humans, dedicada ao resgate de migrantes no mar Mediterrâneo.

O padre Ferrari enfatizou que, no contexto atual de crescente injustiça, os movimentos populares e a Igreja "representam a esperança de um outro mundo possível, baseado não no individualismo, mas na justiça, na solidariedade e na fraternidade".

"Hoje, os movimentos populares são especialmente chamados a promover relacionamentos entre si, com outros atores sociais e com as Igrejas locais", disse ele.

O coordenador do EMMP falou da importância do primeiro documento do papa Leão XIV, Dilexi te, que "nos lembra que o amor da Igreja pelos pobres continua a brilhar como um farol de esperança num mundo em chamas".

"É justamente por esse amor que os movimentos populares caminham com a Igreja", disse o padre Ferrari.

Também participou da entrevista coletiva no Vaticano o prefeito do Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Michael Czerny, que lamentou que, atualmente, entre 78% e 85% da população mundial viva com menos de US$ 20 dólares (cerca de R$ 108) por dia.

"Até agora, muitos esforços de desenvolvimento fracassaram, porque mesmo especialistas altamente qualificados parecem pensar que o desenvolvimento pode ocorrer sem a participação direta dos pobres”, disse o cardeal. “Se a grande maioria for impedida de se desenvolver adequadamente, nenhum dos principais problemas do planeta terá qualquer esperança de solução".

Czerny também destacou o papel das lideranças populares: “Elas sabem que solidariedade também significa combater as causas estruturais da pobreza e da desigualdade: a falta de emprego, terra e moradia; e a negação de direitos sociais e trabalhistas. A solidariedade, entendida em seu sentido mais profundo, é um modo de fazer história, e é isso que os movimentos populares estão fazendo”.

Para Czerny, a Igreja deve reconhecer os pobres não como objetos de caridade, mas como indivíduos capazes de contribuir para a sociedade: "Sua experiência de pobreza lhes permite reconhecer aspectos da realidade que os outros não conseguem ver; portanto, a sociedade e a Igreja precisam ouvi-los".

"É necessário revitalizar as estruturas governamentais locais, nacionais e internacionais com essa torrente de energia moral que vem da inclusão dos excluídos na construção de um destino comum", disse Czerny.

O encontro acontecerá de 21 a 24 de outubro em Roma, num grande espaço ocupado conhecido como "SpinTime". Enquanto a audiência com o papa Leão XIV ocorrerá na Aula Paulo VI, no Vaticano, em 23 de outubro, o papa também celebrará uma missa para esse evento em 26 de outubro.

 

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