Oct 6, 2025 / 10:02 am
O primeiro movimento de governo do papa Leão XIV é um tanto surpreendente. Mas também pode sinalizar um avanço para a sinodalidade em geral e para o Caminho Sinodal Alemão em particular.
O arcebispo Filippo Iannone, escolhido por Leão XIV para sucedê-lo como chefe do Dicastério para os Bispos, fez parte da equipe que — junto com os cardeais Pietro Parolin, Kurt Koch e Robert Prevost, agora papa Leão XIV — teve várias reuniões no Vaticano com a Conferência Episcoal Alemã para discutir o Caminho Sinodal Alemão.
Antes de analisar o contexto, cabe traçar um perfil de Iannone. Jurista renomado, metódico e coerente em seu pensamento, ele foi prefeito do Dicastério para os Textos Legislativos. Padre carmelita desde 1982, Iannone foi nomeado bispo auxiliar de Nápoles, Itália, em 2001, sob o cardeal Michele Giordano, então arcebispo de Nápoles. Na época, ele era o bispo mais jovem da Itália. Posteriormente, foi nomeado vigário-geral adjunto da diocese de Roma em 2012 pelo cardeal Agostino Vallini, então vigário-geral, que também havia servido em Nápoles.
Enquanto o cardeal Vallini trabalhou como auxiliar e vigário geral do cardeal Giordano em Nápoles de 1989 a 1999, também organizando a visita do papa são João Paulo II à cidade, Iannone ocupou cargos importantes na diocese: juiz e vice-vigário judicial no tribunal diocesano, vigário episcopal para a quarta zona pastoral e vigário-geral.
A colaboração e a amizade entre eles começaram naqueles anos. O cardeal Vallini depois foi nomeado bispo de Albano, enquanto Iannone tornou-se bispo auxiliar de Nápoles em 2001. Em 2009, Iannone tornou-se bispo de Sora-Aquino-Pontecorvo, onde ficou até 2012, quando o papa Bento XVI o nomeou vice-vigário de Roma.
O papa Francisco o nomeou secretário adjunto do Dicastério para Textos Legislativos em 2017 e o tornou prefeito do mesmo dicastério em 2018.
O arcebispo Iannone é doutrinariamente sólido e tem uma natureza reservada (alguns diriam tímida). Ele segue diretrizes à risca e não é do tipo que se precipita ou recua em suas decisões.
Leão XIV, portanto, optou por uma continuidade "suave" para o dicastério, confirmando o restante da equipe: o arcebispo brasileiro Ilson Montanari como secretário e o monsenhor Ivan Kovač como subsecretário. Essa foi uma escolha surpreendente, dados os rumores de que o arcebispo Montanari havia discutido as nomeações diretamente com o papa Francisco, ignorando o cardeal Prevost. Mas a escolha reflete o caráter do papa, dado a absorver divisões e crises.
Em última análise, mesmo que o secretário tivesse tomado liberdades sob o papa Francisco, não poderá fazer isso sob o arcebispo Iannone. Ao mesmo tempo, ninguém está recebendo um novo cargo episcopal para decidir de modo independente; não existe o chamado promoveatur ut amoveatur (promover para remover).
Mas, com a escolha do arcebispo Iannone, Leão XIV também sinalizou uma direção clara. Sobre a questão da sinodalidade, o papa falou longamente em entrevista para o livro Leão XIV: Cidadão do Mundo, Missionário do Século XXI, de Elise Ann Allen. Ele descreveu a sinodalidade como "uma atitude, uma abertura, uma disposição para compreender. Isso significa que cada membro da Igreja tem uma voz e um papel a desempenhar, por meio da oração, da reflexão e de um processo. Há muitas maneiras pelas quais isso poderia acontecer, mas só por meio do diálogo e do respeito mútuo".
Esse é um revés para o Caminho Sinodal Alemão, que, depois da eleição de Leão XIV, viu a saída de quatro bispos.
A escolha do arcebispo Iannone, no entanto, confirma a abordagem do papa Leão XIV. Nos encontros regulares da Santa Sé entre a Conferência Episcopal Alemã e os chefes dos dicastérios, de 2022 a 2024, o arcebispo Iannone fez parte de um dream team com os cardeais Parolin, Koch, Prevost e Arthur Roche. Ele foi reconhecido por seu equilíbrio e capacidade de administrar tensões. Num caso, o jornal L'Osservatore Romano publicou relatórios para esclarecer as posições da Santa Sé.
Naquela época, o arcebispo Iannone atuou como elo de ligação entre os vários dicastérios. Ele deu os materiais jurídicos necessários, auxiliou os cardeais Parolin e Koch a formularem melhor seus pontos de vista para o debate e conseguiu conciliar o desejo do papa Francisco de demonstrar abertura ao processo sinodal, ao mesmo tempo em que equilibrava a necessidade de salvaguardar a unidade.
A partir de 15 de outubro, quando começar a lidar com nomeações episcopais, o arcebispo Iannone será chamado a trazer essa abordagem de diálogo e firmeza, valendo-se tanto de sua experiência como bispo quanto de sua expertise como canonista. O dicastério está passando das mãos de um canonista para as de outro — o que já é um sinal importante.
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