Oct 5, 2025 / 13:41 pm
O papa Leão XIV advertiu sobre o “estigma da discriminação” contra os imigrantes e pediu que se promova "uma nova cultura de fraternidade em torno do tema da migração, para além de estereótipos e preconceitos".
"Irmãos e irmãs, aqueles barcos que desejam avistar um porto seguro onde atracar e aqueles olhos cheios de angústia e esperança que procuram terra firme onde desembarcar não podem nem devem encontrar a frieza da indiferença ou o estigma da discriminação!", declarou o papa.
O papa expressou estas reflexões durante a missa de hoje (5), na Praça São Pedro, por ocasião do Jubileu do Mundo Missionário e do Jubileu dos Migrantes, dois momentos centrais do Ano Santo 2025, celebrados nos dias 4 e 5 de outubro.
Leão XIV falou sobre o "drama" dos imigrantes que fogem da "violência" e destacou "o sofrimento que os acompanha, o medo de não conseguirem, o risco de travessias perigosas ao longo das costas marítimas, o seu grito de dor e desespero".
“Penso em particular nos irmãos migrantes, que tiveram de abandonar a sua terra, muitas vezes deixando os seus entes queridos, atravessando noites de medo e solidão, vivendo na pele a discriminação e a violência”, disse.
Não refugiarmos no conforto do nosso individualismo
Durante a homilia, ele pediu aos católicos que não se refugiem no conforto do “individualismo”, mas que olhem “nos olhos” daqueles que “chegam de terras distantes e martirizadas” e lhes “abram os braços e o coração”, os acolham "como irmãos” e sejam "para eles uma presença de consolação e esperança”.
Depois parabenizou a ação dos “missionários, mas também os crentes e as pessoas de boa vontade que trabalham ao serviço dos migrantes” e disse: "o Espírito envia-nos para continuarmos a obra de Cristo nas periferias do mundo, por vezes marcadas pela guerra, pela injustiça e pelo sofrimento”.
E disse que o Jubileu do mundo Missionário e dos Migrantes "é uma bonita ocasião para reavivar em nós a consciência da vocação missionária, que nasce do desejo de levar a alegria e a consolação do Evangelho a todos, especialmente a quem está a viver uma história difícil e ferida".
"Perante estes cenários sombrios", continuou o papa, "ressurge o grito que tantas vezes na história se elevou a Deus: por que razão, Senhor, não intervindes? Por que razão pareceis ausente? Este grito de dor é uma forma de oração que permeia toda a Escritura".
Assim, citou as palavras proferidas pelo papa Bento XVI durante a sua histórica visita ao campo de concentração nazista de Auschwitz, em setembro de 2011, e destacou que "força do amor de Deus que abre caminhos de salvação".
A fé “transforma nossa existência” tornando-a “um instrumento de salvação”
“Existe uma vida, uma nova possibilidade de vida e salvação que provém da fé, porque ela não só nos ajuda a resistir ao mal, perseverando no bem, mas transforma a nossa existência de tal forma que a torna um instrumento da salvação que Deus ainda hoje quer realizar no mundo”, ressaltou.
A celebração reuniu milhares de fiéis de todo o mundo, entre eles missionários leigos e religiosos vindos de mais de 100 países, bem como comunidades de imigrantes residentes na Europa.
Na sua homilia, o papa quis unir as duas faces da Igreja em saída — a do missionário e a do migrante —, lembrando que ambos têm em comum a fé que caminha, que sai de si mesma.
Dirigindo-se especialmente aos participantes do Jubileu do mundo missionário e do Jubileu dos migrantes, Leão XIV expressou: “envio com carinho a minha bênção ao clero local das Igrejas particulares, aos missionários e missionárias, e àqueles que estão em discernimento vocacional”.
Em seguida, dirigiu-se aos migrantes dizendo: “Sede sempre bem-vindos!”. Leão XIV afirmou que a fé é uma “força da mansidão” que “não se impõe com os meios do poder e de forma extraordinária”.
E ressaltou que a salvação de Deus "se realiza quando nos comprometemos pessoalmente e nos interessamos, com a compaixão do Evangelho, pelo sofrimento do próximo”.
“É uma salvação que, silenciosa e aparentemente ineficaz, abre caminho através dos gestos e das palavras quotidianas, que se tornam como a pequena semente de que nos fala Jesus; é uma salvação que cresce lentamente quando nos tornamos “servos inúteis”, ou seja, quando nos colocamos ao serviço do Evangelho e dos irmãos sem procurar os nossos interesses, mas apenas para levar ao mundo o amor do Senhor”, frisou.
Nova era missionária na história da Igreja
"Com essa confiança", disse Leão XIV "somos chamados a renovar em nós o fogo da vocação missionária” e anunciou: "Hoje inaugura-se na história da Igreja uma nova era missionária"
Ele disse que "não se trata tanto de “partir” em missão, "mas sim de “ficar” para anunciar Cristo através do acolhimento, da compaixão e da solidariedade".
“Se durante muito tempo associámos a missão ao “partir”, ao ir para terras distantes que não conheciam o Evangelho ou se encontravam na pobreza, hoje as fronteiras da missão já não são geográficas, porque a pobreza, o sofrimento e o desejo de uma esperança maior vêm ao nosso encontro”, acrescentou.
“Tudo isso”, segundo o papa, “exige pelo menos dois grandes compromissos missionários: a cooperação missionária e a vocação missionária” e pediu primeiramente que se promova "uma renovada cooperação missionária entre as Igrejas" que suscite "um cristianismo mais aberto".
As melhores notícias católicas - direto na sua caixa de entrada
Inscreva-se para receber nosso boletim informativo gratuito ACI Digital.
“Nas comunidades de antiga tradição cristã, como as ocidentais, a presença de tantos irmãos e irmãs do sul do mundo deve ser encarada como uma oportunidade para um intercâmbio que renove o rosto da Igreja e suscite um cristianismo mais aberto, vivo e dinâmico”, disse.
"Ao mesmo tempo, cada missionário que parte para outras terras é chamado a habitar as culturas que encontra com respeito sagrado, direcionando ao bem tudo o que encontra de bom e nobre, e levando-lhes a profecia do Evangelho", destacou o papa.
Suscitar o desejo missionário, especialmente nos jovens
Leão XIV ainda recordou "a beleza e a importância das vocações missionárias” e — dirigindo-se particularmente à Igreja europeia — disse que "hoje há necessidade de um novo impulso missionário, de leigos, religiosos e presbíteros que ofereçam o seu serviço nas terras de missão, de novas propostas e experiências vocacionais capazes de suscitar este desejo, especialmente nos jovens".
O Jubileu do mundo missionário reuniu em Roma missionários leigos e religiosos vindos de mais de 100 países, acompanhados por representantes de congregações, organismos e instituições dedicadas à evangelização.
Também participaram padres fidei donum, que são sacerdotes diocesanos que foram enviados temporariamente por seus bispos para servir em outras dioceses mais necessitadas do mundo.O Jubileu dos migrantes, ocorrido no mesmo contexto, enfatizou a acolhida, a fraternidade e a esperança daqueles que tiveram que deixar sua terra natal.
Nossa missão é a verdade. Junte-se a nós!
Sua doação mensal ajudará nossa equipe a continuar relatando a verdade, com justiça, integridade e fidelidade a Jesus Cristo e sua Igreja.
Doar