Sep 11, 2025 / 12:20 pm
O arcebispo de Porto Alegre (RS), cardeal Jaime Spengler, disse que o Brasil vive um “momento novo” em sua “história que requer de todos os entes da sociedade responsabilidade e, ao mesmo tempo”, acrescentou, “senso de pertença à nação”. O arcebispo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), se referia ao “julgamento junto ao Supremo Tribunal de algumas pessoas envolvidas naqueles tristes acontecimentos do 8 de janeiro” de 2023, em entrevista a Vatican News, serviço de informação da Santa Sé.
Está em andamento na primeira turma do STF nos últimos dias o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outras sete pessoas acusadas de tentar um golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder depois da derrota nas eleições presidenciais de 2022.
Além do ex-presidente, estão sendo julgados: o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid; o ex-ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno; o ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira; o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres; o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem; e o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier.
Eles são acusados pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Até o momento, três ministros votaram. O relator Alexandre de Moraes e o ministro Flávio Dino votaram pela condenação dos oito réus por todos os delitos de que são acusados. O ministro Luiz Fux votou pela absolvição de Bolsonaro, Almir Garnier, Alexandre Ramagem, Paulo Sérgio Nogueiro, Augusto Heleno e Anderson Torres e pela condenação de Mauro Cid e Walter Braga Netto por atentar contra o Estado Democrático de Direito.
O julgamento será retomado hoje (11) à tarde, com o voto da ministra Cármen Lúcia. Falta ainda o voto do presidente da primeira turma do STF, o ministro Cristiano Zanin.
Momento exige estadistas
O cardeal Jaime Spengler disse a Vatican News que este é um momento que trará “uma indicação para o futuro, não só da sociedade, eu diria, como tal, mas pensando também na nação”.
Para o também presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), há “sim, muitos homens e mulheres que se dedicam à atividade política”, mas, “o momento exige estadistas”.
Dom Jaime considerou que, nesse contexto, a Igreja tem o papel de “ser testemunha crível e exemplar do Evangelho, buscando serenar ânimos e promover, talvez, um trabalho de reconciliação no seio da sociedade”.
“Precisamos, talvez, cultivar um pouco daquilo que foi a experiência das duas sessões do sínodo [da sinodalidade], em Roma, em 2023 e 2024”, disse, ao destacar “a capacidade e a disposição de sentar-nos ao redor de uma mesa, numa linguagem figurada, olhar-nos nos olhos, escutar-nos uns aos outros e buscar, talvez, pontos de consenso a fim de cooperar para que possamos viver de forma integrada e integradora no respeito pelas diferenças”.
Visita ao Vaticano
O cardeal Jaime Spengler está no Vaticano para cumprir uma agenda do CELAM de “visita protocolar a alguns dos dicastérios da cúria romana e também ao Santo Padre”, disse a Vatican News.
Nessas visitas, vão apresentar o trabalho que realizam e o “contexto do continente latino-americano em favor das 22 conferências que compõem o CELAM”. Dessas conferências, disse o presidente da CNBB, algumas “possuem uma presença forte no território”, como “Brasil, México, Colômbia, Argentina”, mas outras “são menores”. “E o CELAM busca desenvolver um trabalho que venha ao encontro das necessidades das diversas conferências e, consequentemente, das igrejas locais”.
Dom Jaime contou que o CELAM está “dialogando” com o Dicastério para o Clero e o Dicastério para a Cultura e Educação “uma indicação para um trabalho com uma maior articulação em favor, sobretudo, do clero e da vida consagrada, sem esquecer os leigos”. “Pode ser uma espécie de plataforma por meio da qual os dicastérios da cúria também possam nos ajudar a promover a formação, como dizia, do clero, consagrados e leigos no continente”, disse.
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