5 de dezembro de 2025 Doar
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Novas comunidades celebram protagonismo dos leigos em encontro em São Paulo

Encontro das novas comunidades do Regional Sul 1 da CNBB, na diocese de Santo Amaro (SP) | Roberto Zanin

“Os leigos conseguem chegar a terras distantes de missão para levar não apenas o que é o carisma da comunidade, mas o que a Igreja é, através da metodologia e do estilo de vida daquele carisma”, disse Lucimara Maziero, no encontro das novas comunidades do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O encontro, na diocese de Santo Amaro, em São Paulo (SP), foi realizado pelo braço brasileiro da Charis, associação pública de fiéis erigida pelo papa Francisco com o objetivo de coordenar e avivar os carismas de todas as comunidades da Renovação Carismática Católica (RCC).

De caráter pentecostal, a RCC surgiu em 1967, durante um retiro de estudantes na Universidade Duquesne, em Pittsburg, EUA. O movimento chegou ao Brasil em 1969, através do sacerdote jesuíta norte-americano Haroldo Hahm. A Renovação Carismática pressupõe que o fiel seja batizado no Espirito Santo. Segundo membros do movimento, trata-se de uma experiência espiritual transformadora, que reaviva a graça do Batismo e da Crisma, não sendo um novo sacramento. Tudo ocorre em grupos de oração. Com forte presença na mídia e a atuação de padres comunicadores, o movimento experimentou forte expansão nos últimos 30 anos. Estima-se que existam mais de 1.500 grupos de oração carismáticos católicos no país.

Esperança no mundo de hoje

Segundo Lucimar Maziero, coordenadora de novas comunidades da Regional Sudeste 1 da CNBB, o primeiro objetivo do encontro de Santo Amaro foi estar todos juntos para viver a comunhão, a espiritualidade, ter a escuta de Deus e fraternidade, no espírito do Jubileu da Esperança. “Cada comunidade, cada carisma, é uma profecia de esperança para o mundo de hoje”, disse à ACI Digital. “Queremos a partir daqui nos fortalecermos para seguirmos nosso trabalho de evangelização em nossas dioceses”.

Apesar da diversidade de carismas, as comunidades têm em comum o fato de serem fundadas e coordenadas por leigos, com o protagonismo exortado pelo Concílio Vaticano II (1962-1965). Ela é fundadora da Comunidade Presença, cujo carisma é ser e levar a presença de Deus no meio do povo. O objetivo é a restauração das pessoas visando a salvação das almas. “Levamos a todos a experiência de ter a presença misericordiosa de Deus”, disse Maziero.

A comunidade desenvolve projetos como Mulheres Restauradas, que através da espiritualidade possibilita o resgate da vocação da mulher e da feminilidade através do encontro pessoal com Cristo. Fundada há 29 anos em São José do Rio Pardo (SP), a comunidade está presente também na região Norte do Brasil, inclusive no Acre, na fronteira com o Peru, em Santa Rosa do Purus, que tem população predominantemente indígena.

“A região tem várias igrejas evangélicas, mas agora as duas igrejas católicas da cidade vivem lotadas, com grande presença de jovens”, conta Maziero.   Além do contato missionário pessoal, a comunidade atua nas redes sociais. Através do Projeto Amor Autêntico, transmite pela internet os conceitos da Teologia do Corpo, desenvolvida por são João Paulo II, que orienta a afetividade e a sexualidade de acordo com a vontade de Deus.

Reavivar a vocação

Durante o encontro, os participantes assistiram a palestras com orientações sobre como reavivar a vocação e o compromisso com o seguimento a Jesus Cristo, para, só assim, poder propor a conversão aos demais.

O bispo-auxiliar de Santo Amaro, dom Marcelo Antonio da Silva, disse que não basta uma adesão a Cristo que seja apenas intelectual ou emocional. “É preciso que haja uma conversão integral da pessoa”, disse. “Caso contrário ela será apenas uma admiradora de Jesus. Nos momentos cruciais em que deveremos dar testemunho, só o conhecimento do Evangelho não bastará. Será necessário o exemplo de uma vida transformada por Ele”.

Dom Marcelo acredita que as novas comunidades são importantes na Igreja porque mostram como Deus age em cada pessoa através de diversos carismas. “Elas revelam a face amorosa e caridosa de Cristo, que oferece salvação à pessoa humana, onde quer que ela esteja”.

Esse rosto divino aparece na disponibilidade de Cristo, que se esvaziou da Manjedoura até a Cruz, carisma da Comunidade Immanuel, da cidade de São Paulo. O fundador, missionário Fabiano Moura São Pedro, diz que, desde 2009, seu grupo evangeliza jovens e adultos. Atualmente, o foco está no projeto com 70 crianças de um assentamento no Grajaú, bairro do extremo sul de São Paulo. “Temos o oratório de São João Bosco, nos moldes idealizados por ele”, disse o missionário. “Devemos agir cada vez mais cedo na vida desses meninos e meninas, cada vez mais expostos aos riscos das ruas”.

Trabalho com jovens infratores

A Comunidade Alicerce, fundada em Pindamonhangaba (SP), em 2007, leva o evangelho a alunos de 10 a 17 anos de escolas estaduais, atuando na prevenção da criminalidade. Trabalha também com menores infratores. Para a missionária Bruna Cristina Ferreira, o trabalho com esses menores é desafiador, mas ela diz que Cristo já restaurou a vida de jovens que pareciam não ter mais como sair da criminalidade. “Eu me recordo de um jovem que estava preso na Fundação Casa por tráfico de drogas”, diz. “Começamos a falar com ele, a anunciar o Evangelho, propondo um novo recomeço. Quando saiu da prisão, ia à nossa casa estudar. Ele fez um curso técnico, começou a trabalhar a parou com o tráfico”.

A alegria reconciliadora do Amor de Cristo é o carisma da comunidade Unidos por Cristo, fundada há 20 anos em Várzea Paulista (SP), pelo microempresário Luiz Felipe Cuberos. Ele ressalta que essa alegria é o pano de fundo de todos os trabalhos que realizam. “Destaco o apostolado Gaudium Kids, formação dada às crianças sob três pilares: catequese, brincadeira e alimentação. Dessa forma, conseguimos também atender os casais e resgatamos a identidade cristã das famílias”, explica.

“São João Paulo II dizia que as novas comunidades representavam uma nova primavera na Igreja”, disse o padre Luís Fernando da Silva, secretário-executivo do Regional Sul 1 da CNBB. Ele relata que esses grupos têm atuado em várias frentes de evangelização: no anúncio, nos conselhos de pastoral e nos projetos de formação das dioceses. “A CNBB agradece as novas comunidades pelo grande trabalho que realizam, ao mesmo tempo que fazemos um apelo para que permaneçam em comunhão com seus bispos diocesanos. Esse encontro serve para renovar essa entrega”.  

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