Aug 13, 2025 / 12:34 pm
Os delegados do terceiro Congresso Católico Pan-Africano sobre Teologia, Sociedade e Vida Pastoral, que se reuniram na cidade de Abidjan, na Costa do Marfim, de 5 a 10 de agosto, pediram apoio aos missionários africanos que estão enfrentando dificuldades em suas missões, especialmente aqueles prejudicados pelos desafios da imigração.
Numa declaração no fim do congresso, os delegados disseram que divisões como etnia e racismo não devem atrapalhar o discipulado missionário na África e mesmo fora do continente.
Os delegados disseram que a autossuficiência é um imperativo para a Igreja na África, “não como isolamento de outras igrejas locais, mas como participação madura na comunhão universal da fé”. “Isso significa... apoiar os missionários africanos na desafiadora missão em algumas partes do mundo onde alguns missionários africanos enfrentam racismo e restrições de imigração”.
Os delegados disseram que a Igreja africana fez a transição para se tornar uma “Igreja dos Feixes”, dividindo pessoal dentro do continente, mesmo fora da África.
“Reconhecemos com gratidão o quão longe a Igreja africana percorreu: passando de uma Igreja missionária que recebia o Evangelho para uma Igreja dos Feixes, dividindo dons e enviando missionários para outras partes do mundo”, disseram eles, acrescentando: “Nós nos comprometemos a aprofundar essa transformação como discípulos missionários do Senhor para a África e o mundo”.
Eles disseram que a sinodalidade, conforme explorada no Sínodo da Sinodalidade, é o caminho da missão de evangelização e apelaram à “superação das divisões baseadas na etnia, no status ou na ideologia”.
O apelo dos delegados do congresso ocorre em meio à crescente frustração dos padres estrangeiros que foram forçados a deixar a África do Sul devido ao suposto vencimento de seus vistos.
Em alguns dos incidentes mais recentes, dois padres nascidos em Uganda foram forçados a abandonar seu ministério no país depois de, segundo relatos, se frustrarem em seus processos de renovação de visto.
O padre Stephen Syambi serviu na diocese de Klerksdorp, na África do Sul, antes de ser forçado a sair em 16 de julho, e o padre Jude Thaddeus serviu na diocese de De Aar antes de ser mandado embora em maio.
O presidente da Conferência Episcopal Católica da África Austral (SACBC, na sigla em inglês), cardeal Stephen Brislin, expressou sua solidariedade espiritual com os ministros estrangeiros da Igreja que foram forçados a deixar a África do Sul, dizendo-lhes para não perderem a esperança, mas para "tentarem resolver esta questão".
Organizado pela Rede Pan-Africana de Teologia e Pastoral Católica (PACTPAN, na sigla em inglês), o congresso de cinco dias em Abidjan reuniu teólogos, bispos, padres, diáconos, mulheres e homens consagrados, líderes leigos, jovens e comunicadores católicos que se envolveram com o tema “Caminhando juntos na esperança como Igreja, família de Deus na África”.
Os participantes da conferência exploraram a contribuição da África para a compreensão global da Igreja sobre o Sínodo da Sinodalidade, o avanço dos estudos teológicos africanos e o lugar das mulheres e dos jovens na Igreja na África.
Os participantes também discutiram questões urgentes que afetam as comunidades africanas, como tráfico de pessoas, perseguição religiosa e degradação ambiental. Eles enfatizaram a necessidade urgente da Igreja africana se tornar mais autossuficiente, gerando e administrando recursos de modo transparente.
Os delegados também ressaltaram a necessidade de apoiar o clero, os religiosos e os agentes pastorais material e espiritualmente.
Também é importante, disseram, a necessidade de investir em formação teológica, pesquisa e educação católica em todos os níveis e construir instituições sustentáveis de evangelização, assistência médica e serviço social.
Os delegados sugeriram ainda que um fundo missionário liderado por africanos fosse desenvolvido na África para apoiar o trabalho dos missionários africanos no resto do mundo.
Na sua declaração, os delegados descreveram a África como “uma dádiva para o mundo”, dizendo: “A África é rica em fé, cultura e valores”.
“A família africana continua sendo a Igreja doméstica e o alicerce moral da sociedade, preservando tradições de solidariedade, hospitalidade e cuidado mútuo. Afirmamos o papel insubstituível das mulheres, dos jovens e dos idosos como portadores desses valores e agentes de renovação na Igreja e na sociedade”, disseram.
No centro de suas deliberações estava o tema da esperança, que o papa Leão XIV explorou longamente em sua mensagem de solidariedade aos participantes do congresso.
Os participantes apresentaram a esperança não só como uma ideia, um sentimento ou uma aspiração. “A esperança é uma pessoa — Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado”, disseram em sua declaração final. “Ele é a âncora inabalável da nossa fé, o alicerce seguro dos nossos sonhos e a fonte de coragem para a nossa missão”.
“A esperança, fundamentada em Cristo, nos permite... permanecer firmes em meio às guerras, à instabilidade política e à violência que afligem muitas nações africanas, resistir ao desespero diante da pobreza, da corrupção e do colapso social e cuidar de nossa casa comum, mesmo quando as mudanças climáticas ameaçam os ecossistemas, os meios de subsistência e as gerações futuras”, disseram os participantes.
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A esperança, disseram eles, “ajuda o povo de Deus na África a curar as feridas do deslocamento, da migração forçada e da perda da dignidade humana no continente e a criar novas estruturas de amor e programas de reconciliação”.
“Nossa esperança não é um otimismo ingênuo”, disseram os participantes, acrescentando que a esperança, para os africanos, “é uma virtude teologal enraizada na ressurreição — confiar que Deus está sempre criando e recriando, ressuscitando a vida das cinzas e trazendo luz da escuridão”.
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