Um grupo liderado pelo vereador Renato Freitas (PT) invadiu a Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Curitiba, na tarde de sábado, 5 de fevereiro. Os invasores, que carregavam bandeiras do PT e do PCB, gritavam palavras como “racistas” e “fascistas”.

Organizada pelo “Coletivo Núcleo Periférico, contra o racismo, a xenofobia e pela valorização da vida”, a invasão teve a participação de representantes do movimento negro e de “diversos imigrantes que residem em Curitiba e relataram violências racistas na cidade”, segundo nota de esclarecimento divulgada pela assessoria do político. A ação foi realizada “em memória e por justiça para Moïse Kabagambe e Durval Teófilo Filho”.

O imigrante congolês Moïse Mugenyi Kabagambe foi espancado até a morte por três homens no dia 24 de janeiro em um quiosque no Rio de Janeiro. Durval Teófilo Filho foi baleado na porta de casa em São Gonçalo ao ter sido confundido com um ladrão por um sargento da Marinha.

A arquidiocese de Curitiba divulgou uma nota oficial sobre o ocorrido na manhã de hoje, 7 de fevereiro. Assinado pelo arcebispo dom José Antonio Peruzzo, o texto considera os atos "invasivos, desrespeitosos e grotescos."

“A justiça e a paz nunca serão alcançadas com destemperos ou impulsividades desequilibradas,” diz o texto.

Segundo os invasores, a missa havia terminado quando da invasão. A nota da arquidiocese diz que o protesto ocorreu “no mesmo horário da celebração da Missa.” Um vídeo do momento da invasão viralizou na internet, mas é inconclusivo em relação ao momento da entrada dos manifestantes.

Segundo a nota do vereador Renato Freitas, o local do ato foi escolhido “pela relação histórica do local com a população negra curitibana.” Erguida em 1737, a igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito foi construída “por e para as pessoas escravizadas, uma vez que negros e negras não poderiam entrar em outras igrejas de nossa cidade”, diz a nota do vereador.

Os manifestantes deixaram a igreja sem incidentes.

“Nos surpreende perceber que exaltar o amor e a valorização da vida em uma igreja causa mais indignação que o assassinato brutal de dois seres humanos negros no Brasil”, diz a nota do vereador.

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